“E assim mais um
dia se passou...
O sol poente...
Esse foi
igualmente pródigo nas despedidas...
Derramando sobre
mim os seus mais belos horizontes...
Afinal a simples
grandeza da vida...
Olhando para
trás...
Poderia apenas
dizer...
«Ah! Quanto
amei!»
E todos os dias
foram cheios...
Sim, é
verdade...
Bebi muitos cálices
de dor...
Mas...
Souberam-me, também, a néctar...
Tenho sido,
também, um viajante solitário...
Quantos dias sem
uma única companhia...
Quantas noites
sem uma luz...
Mas tive sempre
o consolo da minha ‘Mãe-Terra’...
Que com
maravilhas sem fim sempre me aconchegou...
E... Devo também
mencionar...
Em mais este dia
que termina...
Os meus pares
que tanto me fizeram Ser...
Ainda que meus
semelhantes...
Quantas vezes me
jazi derrotado perante eles...
No medo...
E na vergonha...
Mas justiça seja
feita...
Foi com eles que
muito aprendi...
E foram eles que
me abriram as portas das celas em que me enclausurei...
Por isso...
Creio que hoje
também posso afirmar...
Que ganhei o
direito de ter nascido Homem!
Qual néctar divino
que tem alimentado a Terra através dos tempos...
Mas hoje...
Depois de mais
um dia...
Depois de tantas
coisas que deixei para trás...
De tantos afetos...
Tantos amores...
Hoje...
Apetece-me...
Simplesmente...
Apagar a luz do
meu candeeiro...
Esquecer toda e
qualquer recordação...
E adormecer num
momento imortal...
Em busca do
maior tesouro de sonhos sem fim...”
(In "Hipersent...")