A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

31 outubro 2022

SÓ SE VIVE UMA VEZ...

 

                                                          (Fotografia da Internet)


“E assim mais um dia se passou...

O sol poente...

Esse foi igualmente pródigo nas despedidas...

Derramando sobre mim os seus mais belos horizontes...

Afinal a simples grandeza da vida...

Olhando para trás...

Poderia apenas dizer...

«Ah! Quanto amei!»

E todos os dias foram cheios...

Sim, é verdade...

Bebi muitos cálices de dor...

Mas... Souberam-me, também, a néctar...

Tenho sido, também, um viajante solitário...

Quantos dias sem uma única companhia...

Quantas noites sem uma luz...

Mas tive sempre o consolo da minha ‘Mãe-Terra’...

Que com maravilhas sem fim sempre me aconchegou...

E... Devo também mencionar...

Em mais este dia que termina...

Os meus pares que tanto me fizeram Ser...

Ainda que meus semelhantes...

Quantas vezes me jazi derrotado perante eles...

No medo...

E na vergonha...

Mas justiça seja feita...

Foi com eles que muito aprendi...

E foram eles que me abriram as portas das celas em que me enclausurei...

Por isso...

Creio que hoje também posso afirmar...

Que ganhei o direito de ter nascido Homem!

Qual néctar divino que tem alimentado a Terra através dos tempos...

Mas hoje...

Depois de mais um dia...

Depois de tantas coisas que deixei para trás...

De tantos afetos...

Tantos amores...

Hoje...

Apetece-me... Simplesmente...

Apagar a luz do meu candeeiro...

Esquecer toda e qualquer recordação...

E adormecer num momento imortal...

Em busca do maior tesouro de sonhos sem fim...”


(In "Hipersent...")

O ÚNICO LIVRO QUE EU LEVARIA PARA LER NUMA ILHA DESERTA…

 

                                                                       (Fotografia da Internet)


“Não sei se algum de vós já terá reparado nisso…

Mas o Dicionário é um dos livros mais poéticos que existe…

Se não mesmo o mais poético dos livros….

É que o Dicionário tem dentro de si o Universo completo…

E claro, inclui o universo lexical humano…

Logo que uma noção humana toma forma de palavra, vai habitar o Dicionário…

E todas as palavras se vão arrumando, não pela ordem de chegada…

Mas por ordem alfabética, ou não fosse uma lista de ‘noções’ importantes…

O Dicionário é, pois, um livro muito democrático…

Ali, o que governa é a autoridade das letras…

E depois…

O Dicionário responde a todas as curiosidades…

O Dicionário explica a alma dos vocábulos…

A sua hereditariedade e as suas mutações...

E as surpresas de palavras que nunca se tinham visto nem ouvido...

Tudo isto poderemos encontrar num simples dicionário…

A questão intrigante para mim é:

Porque não ensinam as crianças a ler o Dicionário?

Afinal, ele contém todos os géneros literários…

Pois cada palavra tem o seu halo e o seu destino…

Umas vão para as aventuras, outras para as viagens, outras para as novelas…

Outras para a poesia, umas para a história, outras para o teatro…

E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só…

Conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre claridades…

É construir mundos tendo como laboratório o Dicionário…

Onde jazem, catalogados, todos os necessários elementos...

Todos conhecem a pergunta famosa universalmente repetida:

«Que livro escolherias para levar contigo, se tivesses de partir para uma ilha deserta?»

Os que nunca tiveram tempo para fazer grandes leituras…

Pensariam, talvez, em levar obras de muitos volumes…

É certo que numa ilha deserta é preciso encher o tempo…

Mas, eu levaria o Dicionário para a ilha deserta!

E aí, o tempo passaria docemente…

Enquanto eu passeasse por entre nomes conhecidos e desconhecidos…

Nomes, pensamentos e sementes…

E com eles cultivaria o silêncio, privilégio dos deuses...

E ventura suprema dos homens…”


(In "Crónicas Mundanas...")

30 outubro 2022

VELHA... OU ANCIÃ?

 

                                                                 (Fotografia de Luís Borges)


“Velha… É quem perdeu a jovialidade…

Anciã… É quem, como eu…

Tem o privilégio de viver uma longa vida!

Velha… É quem passou a vida a dormir…

Anciã… É quando a passámos a sonhar!

Velha… É quem deixou de ensinar…

Anciã… Por sempre estar disposta a aprender!

Velha… É aquela que só tem saudade…

Anciã… Pois continuo a fazer planos!

Se fosse velha… A minha vida acabaria a cada noite que termina…

Mas como sou Anciã…

A minha vida renova-se a cada dia que começa!

Amigos… Quando envelhecerem…

Vivam uma vida longa…

Mas, por favor… Nunca fiquem velhos!”


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")


P.S. Em homenagem póstuma... Descansa em paz, Alma Anciã...

O AMOR TAMBÉM TEM FIM…

 

                                                                                                                (Fotografia da Internet)


“Foi naquela tarde que te vi pela última vez…

E pela última vez, também, os nossos olhos se encontraram…

Olhos tristes que não queriam dizer-se adeus…

Antevendo o final de um grande amor…

Amor que ficou selado com um eterno adeus…

Não, nem sequer nos abraçámos…

E lágrimas, também não…

Apenas nos afastámos, quais moribundos deambulando na vida…

A agonia respirava-se até no próprio ar…

E a amargura fluía com o suor do calor da tarde…

O céu, pálido, testemunhou a nossa despedida…

E a dor chorou em silêncio… 

Enquanto as nossas almas se desfaziam em pedaços…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

HOJE AMANHECI IRADO… E TRISTE TAMBÉM…

 

                                                                    (Fotografia Internet)


“Mais uma manhã em que acordo cheio de ira...

Não, confesso! O mundo não me agrada!

A maioria das pessoas estão mortas e não sabem…

E aquelas que estão vivas, sim as que sobrevivem…

Fazem-no com falsidade, com egoísmo…

O amor nos dias de hoje é uma utopia…

E, em vez de dar, exige!

Quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam…

Ou que eles gostariam que fossemos…

Vivemos um mundo de mentira…

Mas não… Não pensem que desisti…

Tento viver, adaptando-me ao sistema…

Ainda que nada que eu faça me agrade…

E tudo o que eu fiz com amor e por amor se tenha estraçalhado…

Ah! Nem o amor se safou!

Não, não tenho ódio de ninguém...

A ira é o que me consome…

Mas, parece que não sou só eu…

É que aqui é noite escura às dez horas da manhã….

E a escuridão transformou-se em chuva que mais parece um dilúvio…

Deus também parece estar irado…

Pois, que venha outro dilúvio…

Mas desta vez sem arca, ou que nela não entre o humano…

Uma vez que não sabemos fazer um mundo onde viver…

Ou que aconteça, de novo, Sodoma e Gomorra…

Talvez seja mesmo a melhor solução…

Sim, eu comecei por dizer que amanheci irado…

Mas, não é apenas ira, não…

É tristeza também…”


(In "Crónicas Mundanas...)

29 outubro 2022

CONTEMPLAR-TE!

 

                                                                                                          (Fotografia de Luís Borges)


“Teimo em viver fora do mundo...

Apenas te tendo a ti para te saudar...

Tomaste posse da minha vida...

E da minha morte!

Ah! Que venha mais um nascer do Sol...

Mais um pôr do sol...

Que eu estarei aqui a contemplar-te!

Com um único e exclusivo olhar...

És para mim como um segundo céu...

Estás na plenitude...

Eu... Eu permaneço na tua inquietude...

Talvez...

Talvez num outro horizonte distante...

Um dia possamos voltar a nos reencontrar...”


(In "Uma vida... E um par de botas...")

O TEU SORRISO É O SOL DO MEU DIA...

 



“Como adoro que compartilhes os teus sorrisos comigo…

Pois, eu sei a importância de cada um deles…

É que o teu sorriso ilumina a minha alma, é o sol do meu dia…

E isso, é tudo o que eu preciso para a minha alegria…

Sabes… Sempre que sorris, eu sorrio também…

Tudo nele é bonito, tudo nele é verdade…

E com ele eu acredito na felicidade…

Para mim é hora de virar a página…

E com tão belo sorriso… O teu…

Sei que poderei recompor o meu coração…

E ensiná-lo a bater novamente….

Ao ritmo do teu sorriso…

E quem sabe, do teu coração…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

O QUE VOU SONHAR ESTA NOITE?

 

                                                                                    (Fotografia da Internet)


“Eu gosto de preparar os meus sonhos como os artistas…

Com se fosse uma tela, uma composição…

Com a matéria sutil da noite e da minha alma…

Eu sempre tento todas as noites construir essas pequenas obras-primas…

Ainda que durem apenas o instante em que vão sendo sonhadas…

E que pena logo se apagarem sem outro vestígio na minha memória…

Como quem faz uma viagem, eu sonho sem ruído nem companhia…

Por mares, montanhas e até pelos astros…

Onde moram desde sempre heróis e deuses de todas as mitologias…

Ah! Quantos lugares, eu descubro nas minhas excursões!

Lugares recordados ou apenas imaginados…

Campos orientais atravessados por nuvens de pavões…

Desertos amarelos de pó, amarelos de sol, onde os camelos vagueiam sem rumo…

Avenidas cor-de-rosa, por onde cavalinhos emplumados conduzem coches policromos…

Sim, são tudo lugares inventados, feitos ao meu gosto…

Ah! Como eu adoro sonhar…

Sonhar com a vida, com aqueles que amo…

Ora, deixem-me cá pensar…

O que vou sonhar esta noite?”


(In "Crónicas Mundanas...")

28 outubro 2022

O COMBOIO DA VIDA...

 

                                                                 (Fotografia da Internet)


“Vislumbrei no crepúsculo da consciência...

O meu corpo a desbravar uma nuvem de fumo negro...

Vislumbrei...

Como me tenho deslocado à deriva...

Até de mim mesmo...

Vislumbrei aldeias...

Postes nas margens...

Os sons do anoitecer...

A vida foi, afinal, tornando-se mais densa...

E como mais uma sombra...

O meu corpo fundiu-se com a noite sem fim...

Os meus olhos são hoje apenas escuridão...

Resta-me, pois…

Continuar nesta minha errância sem destino...

Continuar nesta senda misteriosa a que chamam viver...

Será a mesma senda que me trouxe até aqui?

Com ténues contornos que não são mais que realidades ilusórias...

Ou meros vislumbres...

Ah! Que chegue rápido uma nova estação para mim...

Ou, um simples apeadeiro...

E que me leve para dentro da noite infinita...

Para lá dos limites da terra...

Para que eu me funda definitivamente...

Com o desconhecido...”


(In "Hipersent...")

O AMOR É SIMPLICIDADE!

 

                                                                              (Fotografia da Internet)


“Muitas vezes, nos relacionamentos...

Queremos encaixar o outro naquilo que idealizamos…

Queremos que o outro seja uma cópia exata dos nossos anseios e desejos…

E deixamos que a magia de algo novo passe por nós…

Um dos segredos de um relacionamento feliz é não exigir que o outro mude…

É aceitar as diferenças e aprender a lidar com isso…

Às vezes, sufocamos um relacionamento com tantas cobranças…

Deixamos de valorizar o modo como o outro nos ama…

Por querermos que esse alguém nos ame exatamente como nós amamos…

Esquecemos que o amor não é uma teoria singular…

Não, não há uma definição única para amar…

Amor é algo tão particular, que cada um ama ao seu modo…

E exterioriza o que sente de forma diferente…

Não é algo a ser comparado e, quando agimos dessa forma…

Anulamos o amor que está nas entrelinhas…

Descartando aquilo que é nobre e sincero…

Precisamos aprender a linguagem do amor do outro…

Entender que ele nos ama à sua maneira…

E, quando a gente entende isso, o amor torna-se mais leve…

Porque descobrimos que o novo é belo e não assustador como parece…

O amor é uma aprendizagem constante, é uma escolha diária…

O amor é simplicidade…

Precisamos saber reconhecer o novo, valorizando a pessoa que amamos…

Mas, note-se… Um bom relacionamento não é apenas sustentado por amor…

Mas o modo como escolhemos relacionar-nos sustenta o amor…

Contorna as dificuldades e suporta as tempestades…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

INSÓNIA... OU SOLIDÃO?

                                                                                                                          ('Post' da Internet)


“E a escuridão continua escura…

Os olhos… Esses sempre bem abertos…

E as horas que não passam…

Não, não se pensa… Sente-se…

Sente-se uma coisa que só tem um nome:

- Solidão…

Passa-se um tempo…

Olha-se o relógio, quem sabe já é manhã…

Continuo sentindo… Sentindo o quê?

O nada…

Mas quantas vezes a insónia é algo bom…

De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara… Solidão…

E sem ruídos...

Só mesmo a solidão…

Sem ninguém, que me interrompa o nada…

Um nada… Num tempo imóvel…

O momento sublime… É o romper do sol…

Ah! O sol é meu… A terra é minha…

E sinto-me feliz por nada… E por tudo…

Incluindo a minha solidão…”


(In "Crónicas Mundanas...")

27 outubro 2022

O SIMPLES ENCANTAMENTO... DO INSTANTE...

 

                                                                                        ('Post' da Internet)


“Pássaros...

Palavras...

Que chegam...

Que vão...

Não se sabe de onde...

Não tem rumo...

Nem pouso...

Vivem apenas no instante...

Buscando encontrar aquilo que foi e já não é...

Mostram-nos, afinal...

Que não é o tempo que para...

Somos nós que paramos no tempo...

Fiquemos, pois...

Neste instante...

E tentemos (pelo menos) perceber o vazio do tempo...” 


(In "Hipersent...")

TEMPO DE DELICADEZA…

 

                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


“Dizem os textos sagrados que tudo tem o seu tempo…

E que há tempo para todo o propósito debaixo do céu…

Pois, o amor também tem os seus tempos…

E ele muda como mudam as estações…

A primavera, por exemplo, é o tempo da pressa…

As plantas, que por meses haviam hibernado sob o frio…

Repentinamente despertam do seu sono…

Rompem da noite para o dia e exibem, sem o menor pudor, as suas flores…

Até parece uma beleza apressada….

É que a primavera é curta…

Antes que venha o verão, é preciso espalhar o sémen com urgência…

Para garantir a continuidade da vida…

Por isso se exibem assim, com a sua nudez colorida e perfumada…

Para atrair os parceiros do amor…

Ah! Não éramos nós também assim quando fomos jovens?

Quando a sexualidade despertou com todo o seu furor…

Era só isso que importava: o coito…

Passado o êxtase, ia-se o interesse…

Depois, chega o verão, o tempo em que a fúria reprodutiva já se esgotou…

Tempo maduro… Tempo da rotina sexual a ser cumprida…

Vai-se o encantamento, os olhos e as mãos cansam-se da mesmice…

E vem a saudade da juventude que já passou…

Cumprido o ato, vem o silêncio…

Eis que chega o outono, a estação de uma nova redescoberta…

Agora é um tempo sem urgência, sem obrigação…

A natureza está tranquila…

Na adolescência qualquer mulher servia…

Porque o sexo era comandado pelas pressões vulcânicas das hormonas…

Agora, o sexo deixou de ser movido pela bioquímica que circula no sangue…

E passa a ser movido pela beleza…

O amor torna-se uma experiência estética…

O outono é, pois, um tempo de tranquilidade…

É bom estar juntos, de mãos dadas, sem fazer nada…

O outono é o tempo do amor feliz…

Tempo de delicadeza…

Não, não é um tempo de adormecer, muito menos morrer…

Porque há muito amor ainda por viver…

É um tempo, também, de relembrar…

Lembrar das coisas que derrubámos, das palavras que não ouvimos…

E dá uma vontade de fazer o tempo voltar para poder refazer o que foi desfeito…

Para recolher todo o sentimento e colocá-lo no corpo outra vez…

Há, pois, que renascer…

Sim, voltar a viver…

Reaprender as palavras que o amor sabe dizer…

Palavras que são reinventadas neste tempo da delicadeza…

O outono da vida é um tempo misterioso…

Em que é preciso amar cuidadosamente com o olhar…

Com os ouvidos, com a mão que tateia para não ferir…

É que ainda há tempo…

Para reencontrar o amor…

E passar o resto da vida navegando no rio da delicadeza…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

A FELICIDADE SÓ FAZ SENTIDO QUANDO É PARTILHADA…

 

                                                                                (Fotografia da Internet)


“Muitos me questionam porque me isolo tanto…

Não, nada tem a ver com quaisquer mecanismos neuróticos de evitação de contato…

O isolamento é mais para mim como uma polaridade da confluência...

Não se trata necessariamente de um afastamento físico…

É, sobretudo, um afastamento emocional…

Pois, muitas vezes preciso dessa distância do outro…

E depois… Simplesmente sinto-me bem sozinho… Comigo mesmo…

Sim, concordo, isso pode tornar-se num mecanismo neurótico…

Quando evitamos o contato como uma defesa ou uma solução para não sofrer…

Mas eu não sofro da ilusão de que me basto sozinho…

E claro que sinto a falta do contato com o outro…

Mas, como eu disse…

Faz-me sentir bem manter, por vezes, uma certa distância emocional…

E até criar um certo mistério sobre mim…

Admito que entrar em contato com o que me é diferente tem sido desconfortável…

Porém, tem sido também bastante transformador…

Percebi a tempo que algumas barreiras que construí para me proteger…

Me aprisionaram dentro da minha pequenez…

Por isso, hoje afirmo categoricamente:

A felicidade só faz sentido quando é compartilhada!”


(In "Crónicas Mundanas...")

26 outubro 2022

É HORA DE SEMEAR O MEU PÓ...

 

                                                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


"Ah! Perdoem-me, caros Amigos...

Mas pretendo morrer longe de vós...

E encontrar sepultura nestas belas montanhas...

Salpicado apenas pelo pó...

E pelo sol...

Sabem... Estou cansado de jogar este jogo de fracassos da vida...

Estou demasiado encadeado por tanta lágrima e sorrisos...

Ah! É hora de semear o meu pó...

E fazer florescer novos poemas...

E flores...

Para que amanhã...

Ao menos vós, meus caros amigos...

Ao menos possam ser vós a colher um novo amanhecer...

E sorrirem..."


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")

PORQUE PAREI DE BRINCAR?

 

                                                                                                                (Fotografia da Internet)


“Como eu era feliz enquanto criança que brincava…

Brincar era o momento mais sagrado da minha vida…

Foi a brincar que eu ampliei os conhecimentos sobre mim mesmo…

E mesmo sobre os outros e sobre o mundo que estava ao meu redor…

Desenvolvi múltiplas linguagens, explorei e manipulei objetos…

Foi a brincar que aprendi a organizar os meus pensamentos…

Descobri que o mundo, a vida, tem regras…

Preparei-me, afinal, para um mundo socializado…

Pois, foi a brincar que aprendi a compartilhar…

E a respeitar o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo…

Sem visar recompensas nem temer castigos...

Apenas desafiando os meus limites e as minhas possibilidades…

Ah! E a magia dos brinquedos?

Como eles estimularam a minha imaginação infantil…

Foi através deles que descobri, experimentei, reinventei…

E enquanto desenvolvia a minha imaginação…

Promovi as minhas habilidades também…

Foi a brincar que encontrei o sentido para a minha vida…

Ah! Que saudades eu tenho de brincar…

Não, não parei de brincar porque envelheci…

Estou a envelhecer porque parei de brincar!”


(In "Crónicas Mundanas...")