A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

08 novembro 2022

TODOS SOMOS FLORES!

 

                                                                                                           (Fotografia de Luís Borges)


“Se amas uma flor…

Não a recolhas…

Porque se o fizeres esta morrerá e deixará de ser o que amas...

Então, se amas uma flor…

Deixa-a simplesmente ser...

Pois... No amor... Com amor...

Nada se possui...

Mas antes...

Simplesmente apreciamos...

E cuidamos...” 


(In "Uma vida... E um par de botas...")

E QUANDO O AMOR ACABA?

 

                                                                                 (Fotografia da Internet)


“Como é triste, como dói, quando um grande amor acaba…

E… Será que é mesmo o fim?

Como termos a certeza de que a relação terminou… Definitivamente?

Há quem diga que o que é real não tem fim…

Que o amor quando é verdadeiro é para a toda a vida…

Mas na prática não parece que seja bem assim...

O afeto até pode ser para a vida inteira…

Mas a vontade de estar junto, de somar, de construir, não!

O amor pode ser eterno, mas para dividir a vida, as alegrias, as dores…

É preciso sentir prazer na partilha e gostar profundamente da companhia do outro…

É, pois, natural quando uma das partes muda o seu jeito de pensar...

Sentir e agir no mundo…

Que a compatibilidade ceda lugar à incompatibilidade…

E com isso, o prazer de estar junto esmorece…

Mas, nenhuma incompatibilidade é capaz de anular o amor que sentimos…

Nenhuma mudança, evolução ou crescimento de uma das partes…

É capaz de apagar a importância que certas pessoas tiveram e têm nas nossas vidas…

Às vezes acontece apaixonar-nos por um outro alguém…

E essa paixão roubar-nos de nós mesmos e de todos os que nos cercam…

Ou quem sabe, uma mudança de cidade, ou apenas um tropeço na calçada…

Se tudo pode acontecer a qualquer momento…

Se nunca somos os mesmos quando acordamos pela manhã…

Se um homem não se banha na água de um rio duas vezes…

Porque teimamos em não aceitar que o amor também se transforma…

E que assim também as relações amorosas às vezes terminam…

Pois… Talvez seja mesmo possível amar uma pessoa, mas não gostar mais dela…

E isso deixa qualquer um desorientado…

Traz uma sensação incomoda de traição…

Mas continuar a fingir que se ama é pior que fingir um orgasmo…

Então, o melhor talvez seja mesmo levantar a cabeça…

Manter a mente quieta, o coração tranquilo…

E cada um seguir o seu caminho…

Esvaziando o coração para que um novo amor possa entrar…

Não para ocupar o lugar do outro…

Mas para nos voltar a fazer a acreditar no amor…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

07 novembro 2022

METAMORFOSE NATURAL...

 

                                                                      ('Post' da Internet)


“Já não tenho mais abrigo…

Um simples porto ou, apenas uma morada…

Um lugar onde possa repousar o meu Ser adulterado…

Quanto eu conheci…

Quanto compreendi…

Muito… Apenas vi…

E agora estou sozinho…

Resta-me envolver-me no casulo natural…

Fazer-me crisálida e aguardar a metamorfose natural…

Pois, ela acaba sempre por chegar…

Ser gotícula de água, perfume de flor…

Ou, simplesmente, pó da terra que o vento leva…

Nem denso o suficiente para permanecer na terra…

Nem tampouco leve o bastante para subir aos céus…

E, simplesmente, pairar, rodopiar no ar…

Flutuar levemente sobre todas as coisas…

Sobre todos os conceitos, teorias ou ideologias…

Pois, a realidade com que me doutrinaram…

Não é mais do que um passatempo de sala de espera…

Do novo mundo que clama por mim…”


(In "Hipersent...")

HÁ MULHERES QUE NÃO SÃO PARA QUALQUER HOMEM!

 

                                                           (Fotografia da Internet)


“Rapazes, querem um conselho de quem já muito viveu?

Nunca pensem que um dia vão dominar a vossa mulher!

Até o podem conseguir por algum tempo…

Mas vai chegar um dia em que ela irá acordar e sentir falta de si própria…

E vai perceber o quão infeliz ela foi…

Por vezes, nós homens, somos tão egoístas…

Que nunca nos perguntamos se aquela mulher estava feliz ao nosso lado…

Estávamos mais preocupados em apresentá-la ao meio social, como um troféu…

E, de tão incompetentes, nunca a fizemos sentir-se mulher…

Na verdade, nunca acedemos à alma daquela mulher…

Limitámo-nos a tocar a pele dela…

Com toques de homem analfabeto no que trata de ser mulher…

Confessemos, rapazes…

Sempre tivemos medo de mulheres intensas!

Não é para todo o homem ter uma mulher inteira ao seu lado…

Por isso, a maioria asfixia a essência das mulheres…

Mas, para esses, saibam que as mulheres já assinaram a sua carta de alforria…

E ao contrário do que muitos pensam, ela não foi embora por causa de outro homem…

Ela foi embora porque estava muito infeliz…

Ela nunca encontrou em vós os abraços que ela sonhava…

Nem os beijos, nem a cumplicidade… Nada!

Por isso, ela foi embora…

Pois volto a perguntar:

Querem outro conselho, rapazes?

Se essa mulher em que estais interessados…

 É muito intensa e cheia de vida, ela não combina convosco…

Procurem outra mulher…

Sim, uma mais ‘tranquilinha’…

E já agora…

Sugerimos, também, que procurem adicionalmente uma psicoterapia…

Para que possam entender a origem dessa necessidade:

A de anular a essência de uma mulher…

Para poderem sentir-se mais seguros ao lado dela…”


(In "Crónicas Mundanas...")

06 novembro 2022

AMAR… UM ATO REVOLUCIONÁRIO!

 

                                                                                (Fotografia da Internet)


“Nunca vivemos tempos em que a dificuldade em amar o próximo se fez tão presente…

E é nessa dificuldade que poderemos encontrar a raiz de tantos dos nossos problemas…

Vivemos numa sociedade marcada pelo conflito de termos de ser alguma coisa…

O Homem passou hoje a expressar-se pelas suas posses…

As quais são os elementos definidores da sua própria identidade…

O que reflete na busca por uma certa conformidade…

Mas que ceifa a pluralidade de existências e segrega o que é diferente…

Um bom exemplo disto são as cidades onde vivemos…

Os nichos considerados seguros são aqueles onde todos se parecem…

E onde os estranhos são evitados através de sistemas de segurança, muros, vedações…

Hoje ensinamos os nossos filhos a evitar a todo custo estar na presença de estranhos…

E a desconfiar de tudo e de todos…

Mas, reflitamos um pouco…

Se amar outra pessoa não é amar o que projetamos nela…

Mas antes a sua humanidade e individualidade…

Não será difícil compreender que o amor pode continuar a ser um desafio…

A busca pela felicidade individual transforma-nos em tribunais individuais…

E, na disputa pela sentença a ser proferida, não raro…

O que se vê é sair vencedor aquele que se recusa a ouvir o outro…

Facilmente, pois, livramo-nos dos compromissos…

E de tudo aquilo que nos pareça ser um incómodo para nós…

Ainda que tão agarrados a nós mesmos, paradoxalmente…

O que se percebe é que cada vez mais a solidão é companhia (e problema) constante…

É que os muros que construímos ao nosso redor, físicos ou emocionais…

Têm mesmo esse condão de isolar e criar dois mundos em cada um dos seus dois lados:

- O de dentro e o de fora!

De facto, como alguém disse:

- «Amar (verdadeiramente) é um ato revolucionário!»

E só ama quem tem coragem o bastante para lidar com esse desafio…

Porque sabe que, por mais que nem tudo sejam flores…

Esse amor consistente é que nos impulsiona a querermos ser melhores…

Seja como pessoa ou sociedade…

Pois, então, vamos ser corajosos e amar profunda e verdadeiramente?

Mesmo aqueles que não conhecemos…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

VAMOS CONVERSAR?

 

                                                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


“Antigamente, era mais fácil conversar…

Não havia telemóveis, nem computadores...

Apenas telefones com fios, mas até os telefonemas eram caros…

Talvez por isso, esforçávamo-nos por encontrar as pessoas de quem sentíamos saudade…

Até na escola havia mais conversa…

Pois, não existiam tecnologias…

Era só mesmo o poder da fala e, assim, aprendíamos (também) a escutar…

Não, de modo algum, somos contra o progresso…

Relevamos apenas o facto de que hoje, o contato com os outros…

Tornou-se predominantemente virtual, frio, distante e até mecânico…

Já não há mais olhos nos olhos…

Mas sim trocas incessantes e insípidas de abreviaturas e ‘emojis’…

As pessoas desaprenderam a ouvir o outro…

A escutar sem interromper, sem cortar o espaço da fala alheia…

E, se não escutamos, também não conseguimos lidar com o que vem na contramão…

Hoje todos se sentem ofendidos, caso discordem das suas opiniões…

É preciso conversar e, para tanto, é necessário, sobretudo, saber ouvir…

Escutar o que o outro tem a dizer…

Tentar entender razões que não são nossas…

Aceitar outras visões do mundo…

Pois, só assim, poderemos, de facto, interagir…

 Não há aprendizagem sem troca, sem partilha…

Temos de conversar mais, conversar sobre tudo…

Porque voz calada é como pedra, que constrói muros…

E os muros dividem, isolam e entristecem…

O humano só evolui na interação com o outro, com o mundo lá fora…

E isso requer conversação…

Percebendo que nem sempre estamos certos…

Mas… Ainda assim, está tudo bem!”


(In "Crónicas Mundanas...")

05 novembro 2022

MEMÓRIA DE TI...

 

                                                                               (Fotografia da Internet)


“Teimo em viver fora do mundo...

Apenas te tendo a ti para te saudar...

Pois tu... Tomaste posse da minha vida...

E da minha morte!

Mais um nascer do sol...

Mais um por do sol...

Minh'alma contempla-te!

Com um único e exclusivo olhar...

És como um céu...

És como um mar...

Estás na plenitude...

Eu... Eu permaneço na inquietude...

Talvez...

Talvez no horizonte distante...

Um dia possamos voltar a nos reencontrar...”


(In "Amar... O amor...")

COM AMOR E UMA PITADA DE LOUCURA… DIVERTIMO-NOS NO JOGO DA VIDA…

 

                                                                                                                 (Fotografia da Internet)


“Os Sentimentos Humanos certo dia reuniram-se todos para brincar…

O ‘Tédio’, esse, começou logo por bocejar três vezes…

Porque a ‘Indecisão’ não chegava a nenhuma conclusão…

Aí, a ‘Desconfiança’ tomou o controle…

Que vale é que estava lá a ‘Loucura’…

E logo propôs que brincassem às escondidas…

A ‘Curiosidade’ quis logo saber todos os detalhes do jogo…

E a ‘Intriga’ começou a cochichar com os outros…

Pois, entendia que certamente alguém ali iria enganar…

Ah! Mas o ‘Entusiasmo’ saltou de contentamento…

E convenceu a ‘Dúvida’ e a ‘Apatia’, ainda sentadas num canto, a entrarem no jogo…

A ‘Verdade’ achou que isso de esconder não era correto…

E claro, a ‘Arrogância’ fez cara de desdém…

Pois a ideia não tinha sido dela…

E o ‘Medo’ preferiu não se arriscar…

E, como sempre, perder a oportunidade de ser feliz…

Mas o jogo lá começou…

O ‘Otimismo’ escondeu-se no arco-íris…

E a ‘Inveja’ ocultou-se junto à ‘Hipocrisia’…

Sorrindo fingidamente que estava a odiar tudo aquilo…

A ‘Preguiça’… Ó, essa foi a última a esconder-se…

A ‘Generosidade’ quase não conseguia se esconder porque era grande…

E queria abrigar mais meio mundo…

A ‘Culpa’ ficou paralisada, pois já estava mais do que escondida em si mesma…

A ‘Sensualidade’ meia se escondeu…

Escolheu um lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia…

O ‘Egoísmo’ achou um lugar perfeito onde não cabia mais ninguém…

A ‘Mentira’ disse para a ‘Inocência’ que ia se esconder no meio da mata…

Onde coitada da inocente acabou por se perder…

A ‘Paixão’, como não poderia deixar de ser…

Meteu-se na cratera de um vulcão…

O ‘Esquecimento’… Já nem sabia o que estava ali a fazer…

Foi, então, que a ‘Loucura’ começou a procurar…

E, um a um, lá foi achando todos…

Até que ao remexer num arbusto frondoso ouviu um gemido…

Era o ‘Amor’, com os olhos feridos pelos espinhos…

Mas a ‘Loucura’ tomo-o pelo braço e seguiu com ele…

Espalhando a beleza pelo mundo…

Desde então, o ‘Amor’ é cego e a ‘Loucura’ acompanha-o para todo o lado…

Juntos fazem a vida valer a pena…”


(In "Crónicas Mundanas...")

01 novembro 2022

O SIMPLES ENCANTAMENTO... DO INSTANTE...

 

                                                                                                            (Fotografia de Luís Borges)


“Pétalas... Palavras...

Que flutuam... Que vão...

Não se sabe de onde...

Sem rumo... Nem pouso...

Vivem apenas no instante...

Buscando encontrar aquilo que foi e já não é...

Mostram-nos, afinal...

Que não é o tempo que pára...

Somos nós que paramos no tempo...

Fiquemos, pois... Neste instante...

E tentemos (pelo menos) perceber o vazio do tempo…”


(In "Uma vida... E um par de botas...")

AMO AS PALAVRAS…

 

                                                                         (Fotografia da Internet)


“Sempre tive uma grande paixão pelas palavras…

E elas sempre me aceitaram tal como sou…

Sempre me confortaram, traduziram aquilo que não sei expressar…

E sim, muitas vezes me contradisseram…

E quando elas nada me dizem, fico no vazio…

Deixando-me na mais completa agonia, sem chão, sem rumo…

É com as palavras, pois, que eu me confronto, tentando me entender…

E quantas vezes me alimento delas, me encanto e me reinvento…

Ah! As palavras são uma companhia fabulosa!

Apresentam-me outros mundos, outras pessoas, outras maneiras de ver…

E, sobretudo, outros modos de sentir e pensar a vida…

Ampliam, pois, os meus horizontes…

Mas todos nós dependemos muito de palavras…

Palavras que tragam alegria, aconchego, consolo para a alma…

Carinho, esperança, fé, beleza, paz e amor…

Tranquilidade, sonho, bondade e verdade…

E mais uma infinidade de sentimentos e atitudes…

Que nos façam lembrar a nossa verdadeira essência…

Como eu amo as palavras…

E com elas poder compreender melhor quem eu sou, porque sou…

Saiba eu agora fazê-las coincidir com os meus atos…

Para que, de facto, elas tenham significado…

E, assim, ganharem razão de serem e existirem…”


(In "Crónicas Mundanas...")

31 outubro 2022

SÓ SE VIVE UMA VEZ...

 

                                                          (Fotografia da Internet)


“E assim mais um dia se passou...

O sol poente...

Esse foi igualmente pródigo nas despedidas...

Derramando sobre mim os seus mais belos horizontes...

Afinal a simples grandeza da vida...

Olhando para trás...

Poderia apenas dizer...

«Ah! Quanto amei!»

E todos os dias foram cheios...

Sim, é verdade...

Bebi muitos cálices de dor...

Mas... Souberam-me, também, a néctar...

Tenho sido, também, um viajante solitário...

Quantos dias sem uma única companhia...

Quantas noites sem uma luz...

Mas tive sempre o consolo da minha ‘Mãe-Terra’...

Que com maravilhas sem fim sempre me aconchegou...

E... Devo também mencionar...

Em mais este dia que termina...

Os meus pares que tanto me fizeram Ser...

Ainda que meus semelhantes...

Quantas vezes me jazi derrotado perante eles...

No medo...

E na vergonha...

Mas justiça seja feita...

Foi com eles que muito aprendi...

E foram eles que me abriram as portas das celas em que me enclausurei...

Por isso...

Creio que hoje também posso afirmar...

Que ganhei o direito de ter nascido Homem!

Qual néctar divino que tem alimentado a Terra através dos tempos...

Mas hoje...

Depois de mais um dia...

Depois de tantas coisas que deixei para trás...

De tantos afetos...

Tantos amores...

Hoje...

Apetece-me... Simplesmente...

Apagar a luz do meu candeeiro...

Esquecer toda e qualquer recordação...

E adormecer num momento imortal...

Em busca do maior tesouro de sonhos sem fim...”


(In "Hipersent...")

O ÚNICO LIVRO QUE EU LEVARIA PARA LER NUMA ILHA DESERTA…

 

                                                                       (Fotografia da Internet)


“Não sei se algum de vós já terá reparado nisso…

Mas o Dicionário é um dos livros mais poéticos que existe…

Se não mesmo o mais poético dos livros….

É que o Dicionário tem dentro de si o Universo completo…

E claro, inclui o universo lexical humano…

Logo que uma noção humana toma forma de palavra, vai habitar o Dicionário…

E todas as palavras se vão arrumando, não pela ordem de chegada…

Mas por ordem alfabética, ou não fosse uma lista de ‘noções’ importantes…

O Dicionário é, pois, um livro muito democrático…

Ali, o que governa é a autoridade das letras…

E depois…

O Dicionário responde a todas as curiosidades…

O Dicionário explica a alma dos vocábulos…

A sua hereditariedade e as suas mutações...

E as surpresas de palavras que nunca se tinham visto nem ouvido...

Tudo isto poderemos encontrar num simples dicionário…

A questão intrigante para mim é:

Porque não ensinam as crianças a ler o Dicionário?

Afinal, ele contém todos os géneros literários…

Pois cada palavra tem o seu halo e o seu destino…

Umas vão para as aventuras, outras para as viagens, outras para as novelas…

Outras para a poesia, umas para a história, outras para o teatro…

E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só…

Conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre claridades…

É construir mundos tendo como laboratório o Dicionário…

Onde jazem, catalogados, todos os necessários elementos...

Todos conhecem a pergunta famosa universalmente repetida:

«Que livro escolherias para levar contigo, se tivesses de partir para uma ilha deserta?»

Os que nunca tiveram tempo para fazer grandes leituras…

Pensariam, talvez, em levar obras de muitos volumes…

É certo que numa ilha deserta é preciso encher o tempo…

Mas, eu levaria o Dicionário para a ilha deserta!

E aí, o tempo passaria docemente…

Enquanto eu passeasse por entre nomes conhecidos e desconhecidos…

Nomes, pensamentos e sementes…

E com eles cultivaria o silêncio, privilégio dos deuses...

E ventura suprema dos homens…”


(In "Crónicas Mundanas...")

30 outubro 2022

VELHA... OU ANCIÃ?

 

                                                                 (Fotografia de Luís Borges)


“Velha… É quem perdeu a jovialidade…

Anciã… É quem, como eu…

Tem o privilégio de viver uma longa vida!

Velha… É quem passou a vida a dormir…

Anciã… É quando a passámos a sonhar!

Velha… É quem deixou de ensinar…

Anciã… Por sempre estar disposta a aprender!

Velha… É aquela que só tem saudade…

Anciã… Pois continuo a fazer planos!

Se fosse velha… A minha vida acabaria a cada noite que termina…

Mas como sou Anciã…

A minha vida renova-se a cada dia que começa!

Amigos… Quando envelhecerem…

Vivam uma vida longa…

Mas, por favor… Nunca fiquem velhos!”


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")


P.S. Em homenagem póstuma... Descansa em paz, Alma Anciã...

O AMOR TAMBÉM TEM FIM…

 

                                                                                                                (Fotografia da Internet)


“Foi naquela tarde que te vi pela última vez…

E pela última vez, também, os nossos olhos se encontraram…

Olhos tristes que não queriam dizer-se adeus…

Antevendo o final de um grande amor…

Amor que ficou selado com um eterno adeus…

Não, nem sequer nos abraçámos…

E lágrimas, também não…

Apenas nos afastámos, quais moribundos deambulando na vida…

A agonia respirava-se até no próprio ar…

E a amargura fluía com o suor do calor da tarde…

O céu, pálido, testemunhou a nossa despedida…

E a dor chorou em silêncio… 

Enquanto as nossas almas se desfaziam em pedaços…”


(In "O amor... Sempre o amor...")