“Nunca
vivemos tempos em que a dificuldade em amar o próximo se fez tão presente…
E é
nessa dificuldade que poderemos encontrar a raiz de tantos dos nossos problemas…
Vivemos
numa sociedade marcada pelo conflito de termos de ser alguma coisa…
O Homem
passou hoje a expressar-se pelas suas posses…
As
quais são os elementos definidores da sua própria identidade…
O
que reflete na busca por uma certa conformidade…
Mas
que ceifa a pluralidade de existências e segrega o que é diferente…
Um
bom exemplo disto são as cidades onde vivemos…
Os
nichos considerados seguros são aqueles onde todos se parecem…
E
onde os estranhos são evitados através de sistemas de segurança, muros, vedações…
Hoje
ensinamos os nossos filhos a evitar a todo custo estar na presença de estranhos…
E a
desconfiar de tudo e de todos…
Mas,
reflitamos um pouco…
Se amar
outra pessoa não é amar o que projetamos nela…
Mas
antes a sua humanidade e individualidade…
Não
será difícil compreender que o amor pode continuar a ser um desafio…
A
busca pela felicidade individual transforma-nos em tribunais individuais…
E,
na disputa pela sentença a ser proferida, não raro…
O
que se vê é sair vencedor aquele que se recusa a ouvir o outro…
Facilmente,
pois, livramo-nos dos compromissos…
E de
tudo aquilo que nos pareça ser um incómodo para nós…
Ainda
que tão agarrados a nós mesmos, paradoxalmente…
O que
se percebe é que cada vez mais a solidão é companhia (e problema) constante…
É
que os muros que construímos ao nosso redor, físicos ou emocionais…
Têm
mesmo esse condão de isolar e criar dois mundos em cada um dos seus dois lados:
- O
de dentro e o de fora!
De
facto, como alguém disse:
- «Amar
(verdadeiramente) é um ato revolucionário!»
E só
ama quem tem coragem o bastante para lidar com esse desafio…
Porque
sabe que, por mais que nem tudo sejam flores…
Esse
amor consistente é que nos impulsiona a querermos ser melhores…
Seja
como pessoa ou sociedade…
Pois,
então, vamos ser corajosos e amar profunda e verdadeiramente?
Mesmo
aqueles que não conhecemos…”
(In "O amor... Sempre o amor...")
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