“Antigamente,
era mais fácil conversar…
Não havia
telemóveis, nem computadores...
Apenas
telefones com fios, mas até os telefonemas eram caros…
Talvez
por isso, esforçávamo-nos por encontrar as pessoas de quem sentíamos saudade…
Até
na escola havia mais conversa…
Pois,
não existiam tecnologias…
Era
só mesmo o poder da fala e, assim, aprendíamos (também) a escutar…
Não,
de modo algum, somos contra o progresso…
Relevamos
apenas o facto de que hoje, o contato com os outros…
Tornou-se
predominantemente virtual, frio, distante e até mecânico…
Já
não há mais olhos nos olhos…
Mas
sim trocas incessantes e insípidas de abreviaturas e ‘emojis’…
As
pessoas desaprenderam a ouvir o outro…
A
escutar sem interromper, sem cortar o espaço da fala alheia…
E,
se não escutamos, também não conseguimos lidar com o que vem na contramão…
Hoje
todos se sentem ofendidos, caso discordem das suas opiniões…
É
preciso conversar e, para tanto, é necessário, sobretudo, saber ouvir…
Escutar
o que o outro tem a dizer…
Tentar
entender razões que não são nossas…
Aceitar
outras visões do mundo…
Pois,
só assim, poderemos, de facto, interagir…
Não há aprendizagem sem troca, sem partilha…
Temos
de conversar mais, conversar sobre tudo…
Porque
voz calada é como pedra, que constrói muros…
E os
muros dividem, isolam e entristecem…
O
humano só evolui na interação com o outro, com o mundo lá fora…
E
isso requer conversação…
Percebendo
que nem sempre estamos certos…
Mas…
Ainda assim, está tudo bem!”
(In "Crónicas Mundanas...")
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