A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

06 novembro 2022

VAMOS CONVERSAR?

 

                                                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


“Antigamente, era mais fácil conversar…

Não havia telemóveis, nem computadores...

Apenas telefones com fios, mas até os telefonemas eram caros…

Talvez por isso, esforçávamo-nos por encontrar as pessoas de quem sentíamos saudade…

Até na escola havia mais conversa…

Pois, não existiam tecnologias…

Era só mesmo o poder da fala e, assim, aprendíamos (também) a escutar…

Não, de modo algum, somos contra o progresso…

Relevamos apenas o facto de que hoje, o contato com os outros…

Tornou-se predominantemente virtual, frio, distante e até mecânico…

Já não há mais olhos nos olhos…

Mas sim trocas incessantes e insípidas de abreviaturas e ‘emojis’…

As pessoas desaprenderam a ouvir o outro…

A escutar sem interromper, sem cortar o espaço da fala alheia…

E, se não escutamos, também não conseguimos lidar com o que vem na contramão…

Hoje todos se sentem ofendidos, caso discordem das suas opiniões…

É preciso conversar e, para tanto, é necessário, sobretudo, saber ouvir…

Escutar o que o outro tem a dizer…

Tentar entender razões que não são nossas…

Aceitar outras visões do mundo…

Pois, só assim, poderemos, de facto, interagir…

 Não há aprendizagem sem troca, sem partilha…

Temos de conversar mais, conversar sobre tudo…

Porque voz calada é como pedra, que constrói muros…

E os muros dividem, isolam e entristecem…

O humano só evolui na interação com o outro, com o mundo lá fora…

E isso requer conversação…

Percebendo que nem sempre estamos certos…

Mas… Ainda assim, está tudo bem!”


(In "Crónicas Mundanas...")

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