A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

17 outubro 2022

ELA É A MAIS SAGRADA DE TODAS AS COISAS...

 

                                                     ('Post' da Internet)


“«…Quando te vi amei-te já muito antes…

E tornei a achar-te quando te encontrei»…

Este é um dos mais belos poemas pessoanos que lemos…

E talvez a mais sábia declaração de amor que conhecemos…

Pois não reflete apenas um sentimento…

São palavras que marcam o lugar indecifrável onde o amor brota...

E só as profere quem amou para sempre…

Desde o primeiro momento em que viu a sua amada…

Mas como descrever este mistério do súbito encantamento?

Sim, é como um feitiço em que o apaixonado fica possuído por uma imagem…

É que não existem antecedentes que tivessem preparado aquele momento…

Tudo acontece pelo simples olhar…

Será que é nos olhos que o amor começa?

Só temos aquilo que os olhos oferecem: uma imagem…

Mas… Uma imagem não pode ser tocada, falta-lhe matéria…

Será mesmo verdade que amamos com os olhos?

Ou será a beleza que produz o encantamento?

Ou antes a razão cerebral, que julga o que vê?

Não sabemos… Amamos sem saber porquê…

Mas alguma razão deve haver…

O coração tem as suas razões, muito embora a razão as desconheça…

Ah! Esse é o mistério!

Percebo agora ao que se referia Fernando Pessoa quando dizia:

«Tornei a achar-te quando te encontrei»…

As razões do encantamento encontram-se nesse tempo anterior…

É lá que vive a nossa amada adormecida…

Antes que a vejamos naquele momento encantado presente…

Já a amávamos…

Talvez até a amássemos sempre, num tempo anterior ao agora…

Tempo do qual já nos esquecemos…

Esta é, pois, a mais sublime experiência do amor…

Que existe dentro dessa bolha encantada, fechada em si mesma…

E que subitamente nos extrai do presente…

É uma emoção em estado bruto, irresistível…

Que se apossa da alma, a domina e se basta…

A bolha de amor é feita de dois olhares que se contemplam, encantados…

E se fecham em si mesmos…

É como se o sagrado se materializasse naquela imagem…

A imagem que nos encantou…

A ser assim…

O sagrado é aquilo que amamos acima de todas as coisas…

E ela… A nossa amada…

Aquela que amamos acima de todas as coisas…

Ela é, afinal, a mais sagrada de todas as coisas!”


(Inédito)

LAVAR A ALMA...

 

                                                                    ('Post' da Internet)


“Que bom que é, de vez em quando lavar a alma…

E iniciar uma fase de mudança que já não podia mais ser evitada…

Expulsar os sentimentos velhos que estavam acrisolados no coração…

Olhar nos olhos de uma dor, de uma história mal resolvida…

Separar o que vai para o lixo, o que será reciclado e o que realmente fica…

Para mim, lavar a alma significa ter a coragem de se desapegar de sentimentos…

Que às vezes até são fortes e intensos, mas estão há demasiado tempo estagnados…

Causando mais angústias do que alegrias…

Trazendo mais problemas do que soluções…

Criando desconforto, frustração…

Atolando o nosso coração, impedindo a entrada do novo…

Sim, para lavar a alma talvez precisemos de um ombro amigo…

Ou porque não, apenas uma conversa franca connosco mesmos…

Ah! Nunca é tarde para recomeçarmos…

Pode ser que lavar a alma exija alguma paciência…

Pois, não é de um dia para o outro que o nosso corpo se desimpregna…

Daquilo que o nosso pensamento considerava tão forte e essencial…

Pode ser até que tenhamos crises e recaídas…

E que precisemos perdoar-nos muitas vezes…

Pode ser que para lavar a alma precisemos ouvir mais a nossa intuição…

E esquecer as verdades do mundo…

Mas, não tenho dúvidas que uma bela lavagem da alma…

Desvela-nos realidades mais bonitas…

E quando, finalmente, estivermos com a alma limpinha em folha…

Que ninguém tenha medo de se sujar…

Não! Há que abrir-se para o que a vida oferece…

Entrar na dança de novo….

E voltar a inventar o amor!”


(Inédito)

16 outubro 2022

O FIM DA JORNADA...

 

                                                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


“Quando finalmente se fizer silêncio...

E as luzes da cidade se extinguirem...

Quando o pano cair, finalmente, sob o palco da vida...

A urbe humana deixar-nos-á, então, indiferentes...

E ficarão, apenas, as recordações primordiais...

Os odores das estações...

Os tons do entardecer...

O canto das aves...

O murmúrio dos bosques...

E do mar...

Ah! O uivo dos lobos...

Mas, também, todas estas recordações...

Dormirão sob um crepúsculo solitário...

Ociosamente como um manto de oferendas...

De sonhos multicolores...”


(In "Hipersent...")

PERMANECER... OU SAIR DA CAVERNA?

 

                                                                                                                 (Fotografia da Internet)


“Permanecer ou sair da caverna?

Eis uma questão transversal à humanidade…

É melhor desfrutar de uma realidade fantasiosa, mas confortável…

Ou vivenciar a verdade com toda a sua dureza?

É verdade… Viver como sujeito consciente tem elevados custos a todos os níveis…

Talvez por isso, já no próprio mito da caverna platoniano…

Os homens preferiam contentar-se com as sombras…

Ao invés de enfrentarem o lado de fora… A realidade!

Afinal, por mais falsa que as sombras sejam…

Elas estão sob a proteção constante das paredes rochosas da caverna…

O que significa que ao decidir sair, não há retorno…

Pois as rochas, que o olhar do escravo entende como de proteção…

Para os que despertam, representam uma prisão…

O desconhecido magnetiza o Homem através medo….

Por isso, muitos de nós, na maior parte das vezes, preferimos permanecer onde estamos…

Escolhemos continuar no velho, face ao benefício do conhecido e da permanência…

 Do que enfrentar o temido novo, o qual ainda não conhecemos…

E não sabemos o que nos poderá trazer…

Ou seja…

Ainda que a situação que vivenciamos seja adversa…

Tendemos ao comodismo pelo medo do que ainda não conhecemos…

E, portanto, pode ser pior do que o já vivenciado…

Mas, a gravidade da questão…

É que este comodismo ou complacência...

Não se restringe apenas ao medo do desconhecido…

Mas também à própria falta de vontade em esforçar-nos...

Para que a condição seja modificada…

O que é que esta atitude perniciosa nos levou?

Vivemos hoje numa era de servidão voluntária!

E como referiu Baudrillard:

«A servidão voluntária transformou-se no admirável mundo novo»…

Lugar em que a técnica e a ciência consegue suprir todas as necessidades humanas…

Sim, é um facto…

As revoluções técnicas e científicas que aconteceram...

Trouxeram-nos importantes conquistas…

Descobertas e aperfeiçoamentos que tornaram a nossa vida melhor em muitos aspetos…

Contudo, a história mostra-nos que entre a real capacidade dessas revoluções…

E o que dela se extrai há um grande abismo…

A nossa realidade de hoje aproxima-se, assim...

Muito mais das grandes distopias do século XX…

Do que à de um éden de terceira dimensão…

E, como se isso não bastasse…

Ainda que esta realidade esteja mais do que clara…

Em vez de a questionarmos, ela fortalece-se cada vez mais…

O Homem parece que prefere ser administrado…

E saber que as suas necessidades básicas são satisfeitas…

Tornou-se, afinal, num animal consumista…

Importa é sentir-se confortável e ser bem atendido…

Desde que o consumo (suporte da satisfação e do controle)...

Esteja sempre ao alcance das mãos…

Aliás, nem convém que ele saia do lugar para entrar na roda da felicidade do consumo…

E como estamos perante uma sociedade de controle…

Não é preciso dizer...

Que existe uma dura repressão para todos os que fogem à ordem imposta…

Os quais são vistos como ‘inadequados’ como dizia Huxley…

E aqui atente-se…

Como todo o bom sistema que evolui…

A repressão não ocorre de modo explícito ou através de chicote…

Mas antes, de maneira ‘invisível’, a partir da ‘liberdade’ que gozamos…

É que a repressão mais perfeita é aquela que não precisa acontecer…

Pois é assumida pelo próprio indivíduo em si mesmo...

Diante de tantas condições favoráveis à escravidão...

E dissociadas, portanto, da liberdade…

Torna-se fácil compreender o porquê da maior parte de nós...

Preferir continuar na caverna…

E tomar o ilusório como real…

Da mesma maneira que se compreende o motivo de sermos agentes repressivos…

Contra os que fogem do sistema, sejam os outros, sejamos nós mesmos…

O que implica dizer que glorificamos a mentira…

E tomamos por impostores os que se dedicam à verdade…

Afinal, como disse Orwell:

«Quanto mais a sociedade se distancia da verdade...

Mais ela odeia aqueles que a revelam»…

Posto isso, ao aceitarmos o modo como a sociedade se organiza e todos os seus ditames…

Automaticamente decidimos permanecer na caverna…

E contribuir para a manutenção de um sistema de organização política e social…

O qual por trás da alegria e satisfação...

Esconde a exploração, a desigualdade e a ignorância…

Mas, apesar de não haver condições próprias…

Para que haja um despertar do indivíduo da sua situação de ignorância…

É cada vez mais premente que se entenda que o modo hierárquico da sociedade…

Não se modificará de cima para baixo…

É antes necessário a cada um de nós, dentro das suas oportunidades…

Tentar encontrar pontos de luz que nos ajudem a encontrar a saída da ignorância…

E, por conseguinte, da nossa condição cada vez mais escravizante…

Se o desconhecido magnetiza pelo medo…

É apenas o conhecimento e a liberdade que nos permitirão enfrentá-lo…

Sabendo que todo aquele que desperta…

Sempre apontará para as correntes daqueles que permanecem presos…

Mas… Ainda assim, tenhamos também em mente…

Que muitos, por mais oportunidades que recebam…

Irão sempre preferir permanecer na sua ignorância, na caverna…

Ou seja, no oposto da liberdade…

Pois é sempre mais cómodo assumir o lugar de espetador…

Assim sendo, levantar do sofá, ser um lutador…

Não será um ato a observar pelo Homem de hoje…

Pois como disse Nietzsche:

«Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade…

Porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas»…

A liberdade esfuma-se, pois, a passos largos…

O medo da verdade parece estar a vencer…

A ignorância ganha força…

 O Homem continua na caverna…”


(Inédito)

AMAR... POR VEZES NÃO CHEGA...

 

                                                                         (Fotografia da Internet)


“Eu falo por mim…

No amar, eu tentei muito!

Respeitei sempre as diferenças, tolerei as distâncias, amei…

Mas hoje guardo palavras não ditas, sonhos não realizados…

Trechos de uma vida que não se concretizou…

Ah! Como é doloroso amar tanto e depois ter de recuar…

Será que, apesar de ser a pessoa certa, amei na hora errada?

Pois… Parece que às vezes, amar não é o bastante…

Ter química, atração, desejo e sintonia não satisfaz plenamente…

Às vezes é preciso mais…

É preciso maturidade para uma união…

Confiança, respeito, tolerância e perdão para uma real conexão…

Não adianta ter saudades se não existe maturidade…

Sinceramente, sempre me achei um amante diferente…

E fiz tantos planos que foram poucos para tanto amar…

Mas começo agora a entender que a vida é feita de caminhos tortos…

E querer… Nem sempre é sinónimo de permanecer…

Mas, apesar de tudo, fico feliz por perceber que cresci e estou a aprender a superar…

E enquanto a vida vai e vem, permanece a lembrança da amada que se foi…

Afinal, o amor continua a ser perfeito…

Imperfeitos… Somos nós e as pedras do caminho…”


(Inédito)

15 outubro 2022

O PONTO DIVINO... DA MULHER...

 

                                                                                                           ('Post' da Internet)


“A mulher pode ter diferentes tipos de orgasmos…

Que vão desde o orgasmo clitoriano ao orgasmo vaginal…

Mas, para ter um bom orgasmo…

A mulher tem que ter ao seu lado um amante que seja uma fogueira…

Não um fósforo…

É que a mulher é como água, primeiro precisa se aquecer…

Para depois evaporar na experiência do orgasmo…

Saibam Homens...

Quando a sexualidade é praticada com consciência, ela cura…

O Homem deve, pois, ser capaz de fazer da carícia um fulgor…

Dos beijos um êxtase de prazeres…

E da penetração…

Um golpe perfeito para tocar os lugares mais prazerosos da mulher…

Mas, saibam mais...

O universo da vagina de uma mulher tem pontos diferentes…

Não apenas o ponto ‘G’…

Há outro ponto a ser desenvolvido quando se faz amor…

Chama-se ponto divino, e é o seu ouvido…

Se o Homem consegue que o ouvido de uma mulher se abra e ouça poesia…

Enquanto o Homem a faz sentir prazer…

Nesse momento ocorre uma nova forma de amar…

E, então, começa aí a grande alquimia, não química…

Aí começa-se a fazer amor, não mais sexo…

E nesse momento…

Estabelece-se uma ligação entre o que ela deseja e quer…

O seu sorriso será mais sincero…

E o seu amor mais universal!”


(Inédito)

JANELA PREFERIDA...

 

                                                                 (Fotografia de M. Quintanilha)


“Uma imagem abre muitas janelas...

E pulveriza a cela abafada da vida...

Deixando entrar a luz que sustenta o nosso respirar...

Ah! És a minha janela preferida...

Sobre o mundo...

Sobre a Vida...

Sozinho?

Jamais o poderia ver...

Viver...

Sem esta janela, só conseguiria vislumbrar...

Uma parte ínfima do dia...

E agora que ela se entreabre...

Não sei se vá...

Se voe...

Suplico-te, pois, que te mantenhas entreaberta...

Para mim...

Para que quando se me fechar a porta da vida...

Eu tenha uma janela por onde pular...”


(In "Hipersent...")

AMIZADE... OU AMOR?

 

                                                              (Fotografia da Internet)


“Às vezes, sinto falta de ter alguém ao meu lado…

Sim, é bom ter alguém que nos acompanhe nesta caminhada da vida…

Alguém que seja um apoio nos dias ruins...

E que nos anime quando precisamos de nos levantar…

Ainda que seja suficiente, mas que valorize a nossa independência…

Ah! No final do dia, no fim da noite, sabe bem…

Saber que temos alguém para nos completar e até transbordar…

Sim, confesso… Depois de tanto acreditar,,,

Estou um pouco cansado de me recompor… Uma e outra vez…

Cansa acreditar que é desta vez que vai dar certo….

Cansa ressuscitar os sentimentos e renovar a vida depois de mais uma deceção…

E depois… Há que ter algum cuidado…

É que aquela ânsia de ser amado e de dividir a vida com alguém…

Pode levar-nos a ver amor onde ele não existe…

E se não soubermos aceitar a realidade…

Antes, deixar-nos enredar por hipóteses que não nos levam a nada…

Provavelmente, acumularemos mais frustrações…

Pois… Estou também cansado de tanta frustração…

Cansado de que olhem apenas para as minhas ‘insuficiências’…

E não percebam a minha alma bonita…

Não! Não me envolverei mais com quem me oferece metades…

A partir de agora…

Terei de estar mais atento às entrelinhas do amor…

E não deixar que a carência confunda amizade com amor…”


(Inédito)

SER FELIZ... SER INFELIZ... ESCOLHA!

 

                                                         (Fotografia da Internet)


“Ser feliz ou infeliz é, na verdade, uma escolha de cada um…

Mas haverá por aí quem não queira ser feliz??

Ah! Todos queremos ser felizes!

É que esta é a nossa verdadeira natureza….

Na nossa natureza, todos queremos ser felizes…

Tudo o que fazemos, cada um dos nossos atos…

É para encontrarmos a felicidade de alguma maneira…

Alguns querem, simplesmente, servir os outros...

Outros querem ganhar muito dinheiro, porque é isso que lhes dá felicidade…

Seja o que for que cada um de nós esteja a fazer neste planeta…

Não importa o que seja, fá-lo porque isso lhe dá felicidade…

A felicidade é o objetivo fundamental da vida…

Mas o busílis da questão…

É que depois de termos feito tudo o que temos feito…

A felicidade, ainda assim, não acontece…

Porque será, então?

É porque os princípios fundamentais da vida se perderam…

Lembremo-nos como eramos felizes quando crianças…

Sem fazer nada, eramos felizes…

Pois, em algum momento, ao longo do caminho, perdemos isto…

Porque a perdemos, então?

Não será porque nos identificamos com demasiadas coisas à nossa volta…

E deixámos que elas passassem a fazer parte da nossa mente?

Aliás, aquilo a que chamamos ‘a nossa mente’…

É, na verdade, apenas coisas que adquirimos de situações exteriores à nossa volta…

Dependendo do tipo de sociedade e cultura a qual somos expostos…

Esse será o tipo de mente que teremos adquirido...

E a base de todo o sofrimento causado por isso…

É que nós estabelecemo-nos na inverdade…

Estamos profundamente identificados com aquilo que não somos nós mesmos…

Tudo o que existe na nossa mente, neste momento…

É algo que absorvemos e interiorizamos do exterior…

Mas não… Esse ‘lixo’ não faz parte de nós…

Nós, simplesmente, decidimos ficar com ele e identificámo-nos com ele…

E essa identificação foi tão forte que, agora, está a causar-nos sofrimento…

Não, não há problema em absorvermos esse ‘lixo’…

O que não podemos é identificar-nos com ele!

Vivemos num corpo que não nos pertence…

Ele foi-nos apenas emprestado, não é nosso…

 Vamos usá-lo por um tempo, então, aproveitemos e sigamos em frente!

Mas muitos ficam tão profundamente identificados com ele…

Que acham que ele, é ele mesmo!

Não é, pois, de admirar que quem pense assim, esteja a sofrer…

A base de todo esse sofrimento é que essa pessoa estabeleceu-se na inverdade….

E está profundamente identificado com aquilo que não é…

Pois… Chegou a hora de se descartar do que você não é!

Desidentifique-se com aquilo que você não é!

Quando não se sabe o que somos realmente…

Aí, poderemos procurar por isso…

E ao procurar-nos, a nossa imaginação correrá livre…

E não confiemos mais no que os outros possam dizer a esse respeito…

Será apenas mais uma infinidade de crenças sem fundamento…

A única coisa que podemos e devemos fazer é que:

O que quer que não sejamos, comecemos já a descartar tudo isso!

E quando tudo for descartado…

Ficará apenas o que não poderá ser descartado…

Ah! E quando chegarmos a esse ponto…

Já não haverá mais qualquer razão para o sofrimento!”


(Inédito)

14 outubro 2022

HUMANO... DESUMANIZADO...

 

                                                                                                              (Fotografia da Internet)


“Por entre ruelas e becos...

Sobressai-me um reino de roedores orgulhosamente rastejantes...

E uma escória de outros relutantes seres...

Que substituíram o sol por sombras que vagueiam na cidade...

Ah! O bulício quotidiano agora é festa…

Os vagabundos... Figurantes...

Os ‘shopings’ vestem-se de mentiras e luxúria...

A futilidade reina, afinal, no meio da podridão...

Até os loucos...

Os poetas...

Estão confinados às suas sargetas...

E até o álcool virou poesia...

Para o comum cidadão...

Restam as linhas imaginárias...

Do metro...

Do néon...

Conversam mudos...

Olham-se...

Sem pontos de vista...

Engolindo em seco as suas angústias...

Já não têm em que pensar...

Ou... Terão se esquecido de pensar?

Bem, talvez... Ainda pensem nas contas por pagar...

Dói!

Dói ver tanta esperança mutilada...

E assim se arrastam até casa...

No final de mais um dia...

Dia após dia...

Resta-lhes...

Adormecer nos braços dos seus desamores...

Pois alguém lhes disse...

Que até os sonhos se extinguiram...

E assim...

E assim também dorme a cidade...

A cidade dos Homens...

Desumanos...

A cidade... Que trocou a Felicidade pelo Progresso!

É! Mas ainda assim...

Só progride quem paga mais...

Ah! Caro Eça, como tu tinhas razão:

"O humano desumanizou-se na sua cidade!"

Mas sabes...

Cá para mim…

Não foi o legado humano que foi destruído...

O que arruinou os Homens da cidade...

Foi aquilo a que chamam civilização!”


(In "Hipersent...")

DEUSA... OU SIMPLESMENTE MULHER!

 

                                                                               (Fotografia da Internet)


“Já não sei se és néctar... Se és deleite...

Sei que também estas ganham forma em ti... Mulher...

Jamais um escultor conseguiria realizar uma obra tão originalmente pensada...

E tentar perpetuar na sua própria criação tão efémera beleza...

Ah! Deixas-te de vez de lado a vergonha e todos os teus medos...

E de ti brotou apenas o verdadeiro 'Eu-nu'...

Que vai para além de qualquer prazer sensual...

Fica apenas a sede infinita que brota do coração do homem...

Sedento desse teu néctar divino...

Qual vinho da Terra...

Ah! Estará a beleza na criação do artista?

Ou na mente do homem desterrado do céu?

Não... Não creio...

A beleza brota simplesmente de ti, ó esplendor do Universo!

Da pura e imaculada luz que banha o teu Ser...

Tu que és Deusa...

Ou, simplesmente, Mulher!”


(In "Amar... O amor...")