A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

14 outubro 2022

HUMANO... DESUMANIZADO...

 

                                                                                                              (Fotografia da Internet)


“Por entre ruelas e becos...

Sobressai-me um reino de roedores orgulhosamente rastejantes...

E uma escória de outros relutantes seres...

Que substituíram o sol por sombras que vagueiam na cidade...

Ah! O bulício quotidiano agora é festa…

Os vagabundos... Figurantes...

Os ‘shopings’ vestem-se de mentiras e luxúria...

A futilidade reina, afinal, no meio da podridão...

Até os loucos...

Os poetas...

Estão confinados às suas sargetas...

E até o álcool virou poesia...

Para o comum cidadão...

Restam as linhas imaginárias...

Do metro...

Do néon...

Conversam mudos...

Olham-se...

Sem pontos de vista...

Engolindo em seco as suas angústias...

Já não têm em que pensar...

Ou... Terão se esquecido de pensar?

Bem, talvez... Ainda pensem nas contas por pagar...

Dói!

Dói ver tanta esperança mutilada...

E assim se arrastam até casa...

No final de mais um dia...

Dia após dia...

Resta-lhes...

Adormecer nos braços dos seus desamores...

Pois alguém lhes disse...

Que até os sonhos se extinguiram...

E assim...

E assim também dorme a cidade...

A cidade dos Homens...

Desumanos...

A cidade... Que trocou a Felicidade pelo Progresso!

É! Mas ainda assim...

Só progride quem paga mais...

Ah! Caro Eça, como tu tinhas razão:

"O humano desumanizou-se na sua cidade!"

Mas sabes...

Cá para mim…

Não foi o legado humano que foi destruído...

O que arruinou os Homens da cidade...

Foi aquilo a que chamam civilização!”


(In "Hipersent...")

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