“Por entre
ruelas e becos...
Sobressai-me um
reino de roedores orgulhosamente rastejantes...
E uma escória de
outros relutantes seres...
Que substituíram
o sol por sombras que vagueiam na cidade...
Ah! O bulício
quotidiano agora é festa…
Os vagabundos...
Figurantes...
Os ‘shopings’ vestem-se
de mentiras e luxúria...
A futilidade
reina, afinal, no meio da podridão...
Até os loucos...
Os poetas...
Estão confinados
às suas sargetas...
E até o álcool
virou poesia...
Para o comum
cidadão...
Restam as linhas
imaginárias...
Do metro...
Do néon...
Conversam
mudos...
Olham-se...
Sem pontos de
vista...
Engolindo em
seco as suas angústias...
Já não têm em
que pensar...
Ou... Terão se
esquecido de pensar?
Bem, talvez...
Ainda pensem nas contas por pagar...
Dói!
Dói ver tanta
esperança mutilada...
E assim se
arrastam até casa...
No final de mais
um dia...
Dia após dia...
Resta-lhes...
Adormecer nos
braços dos seus desamores...
Pois alguém lhes
disse...
Que até os
sonhos se extinguiram...
E assim...
E assim também
dorme a cidade...
A cidade dos
Homens...
Desumanos...
A cidade... Que
trocou a Felicidade pelo Progresso!
É! Mas ainda
assim...
Só progride quem
paga mais...
Ah! Caro Eça,
como tu tinhas razão:
"O humano
desumanizou-se na sua cidade!"
Mas sabes...
Cá para mim…
Não foi o legado
humano que foi destruído...
O que arruinou
os Homens da cidade...
Foi aquilo a que chamam civilização!”
(In "Hipersent...")
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