"Dizem...
Sorri
quando a dor te torturar...
Mas...
Eu
não gosto de mentir...
Nem
para a dor...
E
depois...
Se
eu sorrir...
Ainda
vão pensar...
Que
eu sou feliz..."
(In "Crónicas Mundanas...")
"Dizem...
Sorri
quando a dor te torturar...
Mas...
Eu
não gosto de mentir...
Nem
para a dor...
E
depois...
Se
eu sorrir...
Ainda
vão pensar...
Que
eu sou feliz..."
(In "Crónicas Mundanas...")
“O
ser busca outro ser…
E quando
o encontra…
Acha
a razão de ser…
É o
dois em um:
Amor
e ser…
Ah! Finalmente…
A vida
ganha algum sentido...”
(In "O amor... Sempre o amor...")
“Só existo eu…
A minha consciência… Eu…
Eis-me aqui prostrado perante a vida… E a morte…
O que vêm é apenas o meu corpo entregue ao tempo…
Pois, eu sou o universo!
Por isso nada necessito…
Afinal, eu sou tudo…
Ah! É verdade… Sou prisioneiro deste corpo…
E, desse modo, tornei-me mais um fragmento…
Algo material que necessita de coisas…
Sim, um corpo necessita de coisas…
Mas… Se eu já existia na ausência deste corpo…
Sim, quando não tinha um corpo…
Porque não voltar, então, a esse estado anterior ao corpo…
E experienciar a minha verdadeira natureza verdadeira e livre?
Porque abdiquei de tudo isso…
E preferi camuflar-me e assumir mais esta formatação?
Não sou, afinal, o Universo?”
(In "Crónicas Mundanas...")
“Ser
feliz é saber ser poeta na vida…
Tudo
o que é obrigação é prosa…
Mera
sobrevivência…
O que
nos faz viver, florescer, amar…
É a poesia…
Ah!
A felicidade é um problema menor…
A felicidade
depende de uma multiplicidade de condições externas…
E depois…
Não existe uma felicidade eterna…
Então,
porque não escolhermos semear outras condições…
Mais
internas…
Que
nos permitam viver poeticamente a vida…
E quem
sabe, dessa forma…
Podermos
encontrar também alguns momentos de felicidade…”
(In "Crónicas Mundanas...")
"Espero
ainda encontrar alguém que me ame como eu sou…
Que apenas
me ofereça um ninho para pousar…
Mas
que não seja uma gaiola para mim…
Somente,
que me deixe voar…
Pois,
amar é deixar, soltar…
E depois…
Quando
mais soltos, mas presos queremos ficar…
Como
é maravilhoso deixar a liberdade fluir…
Nas
asas de um amor cuidadoso…
Que nos
aceita e nos ensina a ser melhor…
Ah!
Espero reencontrar esse amor tão distante…
E aprender,
de novo, a ser, a amar… Voando…”
(In "O amor... Sempre o amor...")
“Hoje
venho, apenas, dar sentido(s) àquela necessidade de pertencer...
De facto,
a minha ausência...
Talvez,
isolamento...
Ainda
que necessária para o meu crescimento pessoal…
Afastou-me
de um outro crescimento - o exterior...
Por assim
dizer...
A verdade
é que só através do contacto...
Com
o outro...
É possível
sentir…
Vivenciar
que pertencemos a este mundo...
E, mais
importante ainda, só através do outro, da coexistência…
Conseguimos
mudar-nos a nós mesmos…
Sim,
é um facto!
Existimos…
Somos,
também, através da diferença...
Mas é
a partir dessa diferença...
Quer
do meio em que nos movemos...
Quer
dos outros com quem nos confrontamos quotidianamente...
Que,
afinal, nos construímos!
A possível
fragilidade das relações está nas fronteiras...
Precisamos,
pois, simplesmente, de dar o salto...
Superar
as nossas barreiras, os nossos muros...
Os nossos
medos...
Ou seja...
Integrar
o novo, o diferente...
Mudar...
Adaptar... Crescer!
Por isso...
Estou
aqui convosco!
Quero
pertencer!
Quero
crescer!
É que
sabem...
Sem esta
atitude de querer pertencer...
A nossa
vida é muito mais pobre!
Com
este sentimento de pertença engajado...
Acreditem,
percebemo-nos muito melhor a nós próprios...
Como
que redesenhamos o nosso 'eu'...
E o nosso
'não-eu'...
Mas só
no contacto com o outro podem surgir as escolhas...
As atitudes
e as ações...
As
próprias emoções...
Afinal,
as relações...
Só em
contexto com o outro experienciamos verdadeiramente o mundo...
A vida...
Sentimos
a evolução...
Descobrimos
o amor!
Ah, sim!
Vamos falhar...
Errar…
Talvez
até magoar os outros...
Magoar-nos...
Mas sabem...
Isso
apenas acontece porque ainda não corrigimos a nossa comunicação...
Continuamos
a comunicar uns com os outros muito rudimentarmente...
Falta...
Um pouco
mais de verdade...
De expressar...
O verdadeiro sentir... O profundo sentir...
Ou seja...
Comunicar
com verdade...
O que
verdadeiramente sentimos...
Ah!
E sem quaisquer preconceitos...
Por outro
lado...
A coexistência...
Não é,
ainda, pacífica...
Porque
nos limitamos a comunicar... À superfície...
Preferimos
ficar na fronteira... Do sentir... E do explorar… Exteriorizar...
Parece
que ainda não percebemos que as fronteiras humanas são muito flexíveis…
Maleáveis...
Ainda
que... Complexas...
Por
vezes... Mais complicáveis... Pois adoramos complicar...
Pois...
Temos
de deixar de andar à superfície...
Mergulhemos,
então, nas profundezas da intimidade...
Não fiquemos
apenas pela racionalidade e pela objetividade...
Arrisquemos
tocar os corações uns dos outros...
Claro,
respeitando os limites...
Sejamos...
Delicados...
E assumamos,
tranquilamente, as nossas diferenças...
Todos
sabemos quão diferentes somos uns dos outros...
Somos...
Cada um de nós...
Seres
únicos... Irrepetíveis...
Mas isso...
Que é muito...
Deverá
ser tudo o que nos deve unir!
Então...
Parece(me) simples...
Respeitemos
as nossas fronteiras...
As
nossas diferenças...
A nossa
essência…
A nossa
individualidade...
Mas...
Aprofundemos a nossa coexistência...
Choquemos
mais uns nos outros...
Ao fazermos
isso, estou convicto, que fortaleceremos os laços de pertença!
Ora
digam lá se não é fantástico quando ocorre aquele encontro inusitado a dois...
E depois...
Se não ocorre...
Oh! Simplesmente
não acontece nada!
Pois...
Digo-vos...
Foi
o que aconteceu comigo...
Neste
tempo em que continuo ausente...
Sim,
como já referi...
Preciso
recolher-me...
Todos
precisamos de vez em quando...
Por
vezes... Precisamos limar as nossas arestas...
As fronteiras...
Mas para
crescer... Crescermos... Precisamos uns dos outros...
Eu cá
não tenho dúvidas:
Eu
preciso de vós!
De me
expressar para vós... De vos ouvir...
De vos sentir!”
(In "Crónicas Mundanas...")
“Paixão…
É
devoção intensa, ardente em permanente expansão…
Que
quando não correspondida se guarda em segredo…
É o
desejo de viver a cada instante, um romance permanente…
Ou
apenas um ardor que se almeja constante…
Ainda
que o tempo faça dela chama hesitante…
Sim,
fui paixão!
Fiz
tudo o que ela me permitiu…
Vivi-a
como quem vive um festim sem fim…
Não
fiquei a ver a vida passar…
Antes,
reinventei a paixão…
E
gozei-a em todos os sentidos…
Foi
paixão carnal, amores platónicos, amores virtuais…
Tudo
o que qualquer paixão de verdade confere…
Pobre
do meu coração…
Como
ele foi posto à prova, coitado…
Mas,
saiu fortalecido…
Pois,
degustou a paixão até ao tutano…
E
hoje está imune à dor de qualquer pós-amor…
A
paixão até pode magoar…
Incluso,
deixar algumas mazelas…
Mas
se for desfrutada de verdade…
É
maior a gratidão que o vazio…
E no
final não existem deceções…
Já
que não houve cobranças, nem esperanças…
E
acaba por ser muito mais real…
Como
um simples breve respirar...
Pois,
questionar porque nos apaixonamos…
Ainda
sabendo que não vai durar para sempre…
É o
mesmo que questionar…
Porque
respiramos se vamos morrer…
E
depois…
Nada
precisa ser para sempre…
Basta
valer a pena enquanto durar…
Ah!
Preciso respirar-te, de novo, Ó paixão!”
(In "O amor... Sempre o amor...")
“Seria
Mulher... Seria Mar...
Fosse
o que fosse...
A
sua ondulante saia raiada, enrolou-se em meus pés...
Seus
seios nus de água reluziam como ouro em corpo sem adornos...
Hesitante...
Questionei-Lhe:
"Quem
és Tu? De onde vens?"
Ela
respondeu-me:
"Não
tenhas medo...
Pois,
venho do mais íntimo do teu Ser..."
Sorri,
então...
E
juntos sentámo-nos sobre seu manto coberto de algas...
E
num uníssono divinal veneramos o Mar... E a Terra...
E
eis que a Luz que inundava o céu resplandeceu...
Desvelando
o mais belo sorriso que algum dia sonhei...
Cerrei
os meus olhos...
Na
tentativa de o guardar para a eternidade...
Quando
os abri...
Restava
apenas a Estrela da tarde... Sobre o Mar...
Luz
e sombras brincavam, também, nas águas do Mar...
Continuei
sentado... Agora... Sozinho... No meu interior...
Encontrei-o
cheio de ternura... De Amor...
Deixei-me,
pois, estar..
Não
dei sequer pelo fim do dia...
Fiz
do meu corpo um barco...
E
naveguei no Mar crepuscular...
Com
o luar dançando, também... No Mar...
E
murmurei...
Ouve
a minha suplica... Bela Donzela...
Vem...
Vem, de novo, até mim...
Banha-me,
de novo, com a tua Luz...
E
faz de mim prisioneiro neste teu jardim à beira-mar...”
(In "Crónicas Mundanas...")
"Os
corações puros amam com a alma…
São
completamente transparentes…
E estão convencidos de que os outros são como
eles…
Leais
na sua abordagem para oferecer o seu amor...
É
que para eles, o amor é a única vibração possível...
Mas
os corações puros têm de passar pela provação da transfiguração…
Têm
que realizar uma última grande purificação ao longo do seu percurso…
Para
darem espaço para a pureza crescer e nutrir outros corações...
Pois,
ainda que carreguem dentro de si a vibração do amor…
A
qual outorga o impulso para outras renovações…
Este
é um trabalho doloroso, não um conto de fadas...
Que
não subsistam ilusões...
O
diamante bruto tem de ser cortado pela força do espírito...
Ter
um coração puro não é, pois, uma deficiência...
É um
dom precioso que nos pode permitir evoluir ao nível da alma…
E
ajudar na transformação...
Dos
outros… E do mundo!"
(In "O amor... Sempre o amor...")
“Em
mais uma janela… Da Vida…
Bailam
exóticas dançarinas de Elêusis...
Ah!
Será encanto… Será sonho…
Não
importa…
Dancem
ainda que apenas em mim…
Exóticas
sacerdotisas divinas...
Que
impetuoso frenesim...
Entre
mármores augustos...
São
princesas de púrpura sagrada…
Virgens
dos muros vetustos...
Esculpidas
em janela de granito...
Quais
musas de antigos monólitos...
Silenciosas
elas dançam para deuses imortais…
Prostrados
em pórticos alabastrinos….
Emitindo
sussurros de palavras deliciosas...
Ao
som da música do santuário sagrado da vida…”
(In "Crónicas Mundanas...")
“Amar
é mais escutar que falar…
A
arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas…
Não
é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir…
Os
que muito falam estão condenados à solidão…
O
ato de falar é masculino…
Pois,
‘fala’ vem de ‘falus’, algo que sai…
Algo
que se alonga e procura um orifício onde entrar…
Já o
ato de ouvir é feminino…
O
ouvido é um vazio que se permite ser penetrado…
Será,
então, falar coisa de homem e ouvir coisa de mulher?
Não!
Todos
somos masculinos e femininos ao mesmo tempo…
Todos
poderemos escolher falar…
Ou,
simplesmente, escutar…
Mas,
não há amor que resista ao falatório…”
(In "O amor... Sempre o amor...")
“Estou
cansada… Apenas isso…
Mas
tenho razões para tal…
É
que esta vida cansa…
Sobretudo
quem corre sem destino…
E com
algum desatino…
Dizem
que quem corre por gosto não se cansa…
Pois
eu cá, corri na vida como uma desalmada…
Bem,
talvez por isso esteja cansada…
Confesso
que para mim a vida, por vezes, foi uma grande ‘cansadeira’…
Mas
sabem?
Parte
deste meu cansaço é de olhar para o mundo…
É
que tenho visto muito…
E
interiorizado muito do que tenho visto…
E
cansa ver todo o mundo correr…
E o
mundo correr dentro de nós…
Ah!
Se alguém não tivesse dito que parar é morrer…
Acreditem
que eu ficava-me por aqui…
Não,
que não queira viver…
Pois,
ainda que viver canse…
Há
um certo prazer no cansaço que a vida nos dá…”
(In "Crónicas Mundanas...")
“Eu
viajo pelo universo há séculos…
Procurando
por quem nunca me esqueci…
Já
procurei atrás do sol…
Na
cauda de um ou outro cometa…
Até
me perdi numa nebulosa…
Mil
vezes te procurei e outras mil te perdi…
Quantas
vezes nos teremos cruzado sem nos reconhecermos…
Ah!
A evolução está chegando ao fim…
Talvez
esta seja a minha última viagem…
E
agora…
Estou
aqui sentado neste pequeno planeta azul…
Esperando
que o universo conspire a nosso favor…
E eu
te possa reencontrar…
Lembro-me
da tua luz… Do teu perfume…
E da
tua essência, que também é minha…
Mas
não fiques triste, se não nos reencontrarmos novamente neste plano…
Pois,
sempre temos mais uma viagem de volta…
E
quando retornarmos à Fonte…
Aí,
podemos voltar a estar juntos…
E
voltar a ser felizes com as nossas brincadeiras de criança…
Vamos
ver quem chega a Casa primeiro?"
(In "O amor... Sempre o amor...")