“Hoje
venho, apenas, dar sentido(s) àquela necessidade de pertencer...
De facto,
a minha ausência...
Talvez,
isolamento...
Ainda
que necessária para o meu crescimento pessoal…
Afastou-me
de um outro crescimento - o exterior...
Por assim
dizer...
A verdade
é que só através do contacto...
Com
o outro...
É possível
sentir…
Vivenciar
que pertencemos a este mundo...
E, mais
importante ainda, só através do outro, da coexistência…
Conseguimos
mudar-nos a nós mesmos…
Sim,
é um facto!
Existimos…
Somos,
também, através da diferença...
Mas é
a partir dessa diferença...
Quer
do meio em que nos movemos...
Quer
dos outros com quem nos confrontamos quotidianamente...
Que,
afinal, nos construímos!
A possível
fragilidade das relações está nas fronteiras...
Precisamos,
pois, simplesmente, de dar o salto...
Superar
as nossas barreiras, os nossos muros...
Os nossos
medos...
Ou seja...
Integrar
o novo, o diferente...
Mudar...
Adaptar... Crescer!
Por isso...
Estou
aqui convosco!
Quero
pertencer!
Quero
crescer!
É que
sabem...
Sem esta
atitude de querer pertencer...
A nossa
vida é muito mais pobre!
Com
este sentimento de pertença engajado...
Acreditem,
percebemo-nos muito melhor a nós próprios...
Como
que redesenhamos o nosso 'eu'...
E o nosso
'não-eu'...
Mas só
no contacto com o outro podem surgir as escolhas...
As atitudes
e as ações...
As
próprias emoções...
Afinal,
as relações...
Só em
contexto com o outro experienciamos verdadeiramente o mundo...
A vida...
Sentimos
a evolução...
Descobrimos
o amor!
Ah, sim!
Vamos falhar...
Errar…
Talvez
até magoar os outros...
Magoar-nos...
Mas sabem...
Isso
apenas acontece porque ainda não corrigimos a nossa comunicação...
Continuamos
a comunicar uns com os outros muito rudimentarmente...
Falta...
Um pouco
mais de verdade...
De expressar...
O verdadeiro sentir... O profundo sentir...
Ou seja...
Comunicar
com verdade...
O que
verdadeiramente sentimos...
Ah!
E sem quaisquer preconceitos...
Por outro
lado...
A coexistência...
Não é,
ainda, pacífica...
Porque
nos limitamos a comunicar... À superfície...
Preferimos
ficar na fronteira... Do sentir... E do explorar… Exteriorizar...
Parece
que ainda não percebemos que as fronteiras humanas são muito flexíveis…
Maleáveis...
Ainda
que... Complexas...
Por
vezes... Mais complicáveis... Pois adoramos complicar...
Pois...
Temos
de deixar de andar à superfície...
Mergulhemos,
então, nas profundezas da intimidade...
Não fiquemos
apenas pela racionalidade e pela objetividade...
Arrisquemos
tocar os corações uns dos outros...
Claro,
respeitando os limites...
Sejamos...
Delicados...
E assumamos,
tranquilamente, as nossas diferenças...
Todos
sabemos quão diferentes somos uns dos outros...
Somos...
Cada um de nós...
Seres
únicos... Irrepetíveis...
Mas isso...
Que é muito...
Deverá
ser tudo o que nos deve unir!
Então...
Parece(me) simples...
Respeitemos
as nossas fronteiras...
As
nossas diferenças...
A nossa
essência…
A nossa
individualidade...
Mas...
Aprofundemos a nossa coexistência...
Choquemos
mais uns nos outros...
Ao fazermos
isso, estou convicto, que fortaleceremos os laços de pertença!
Ora
digam lá se não é fantástico quando ocorre aquele encontro inusitado a dois...
E depois...
Se não ocorre...
Oh! Simplesmente
não acontece nada!
Pois...
Digo-vos...
Foi
o que aconteceu comigo...
Neste
tempo em que continuo ausente...
Sim,
como já referi...
Preciso
recolher-me...
Todos
precisamos de vez em quando...
Por
vezes... Precisamos limar as nossas arestas...
As fronteiras...
Mas para
crescer... Crescermos... Precisamos uns dos outros...
Eu cá
não tenho dúvidas:
Eu
preciso de vós!
De me
expressar para vós... De vos ouvir...
De vos sentir!”
(In "Crónicas Mundanas...")