A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

28 outubro 2022

O COMBOIO DA VIDA...

 

                                                                 (Fotografia da Internet)


“Vislumbrei no crepúsculo da consciência...

O meu corpo a desbravar uma nuvem de fumo negro...

Vislumbrei...

Como me tenho deslocado à deriva...

Até de mim mesmo...

Vislumbrei aldeias...

Postes nas margens...

Os sons do anoitecer...

A vida foi, afinal, tornando-se mais densa...

E como mais uma sombra...

O meu corpo fundiu-se com a noite sem fim...

Os meus olhos são hoje apenas escuridão...

Resta-me, pois…

Continuar nesta minha errância sem destino...

Continuar nesta senda misteriosa a que chamam viver...

Será a mesma senda que me trouxe até aqui?

Com ténues contornos que não são mais que realidades ilusórias...

Ou meros vislumbres...

Ah! Que chegue rápido uma nova estação para mim...

Ou, um simples apeadeiro...

E que me leve para dentro da noite infinita...

Para lá dos limites da terra...

Para que eu me funda definitivamente...

Com o desconhecido...”


(In "Hipersent...")

O AMOR É SIMPLICIDADE!

 

                                                                              (Fotografia da Internet)


“Muitas vezes, nos relacionamentos...

Queremos encaixar o outro naquilo que idealizamos…

Queremos que o outro seja uma cópia exata dos nossos anseios e desejos…

E deixamos que a magia de algo novo passe por nós…

Um dos segredos de um relacionamento feliz é não exigir que o outro mude…

É aceitar as diferenças e aprender a lidar com isso…

Às vezes, sufocamos um relacionamento com tantas cobranças…

Deixamos de valorizar o modo como o outro nos ama…

Por querermos que esse alguém nos ame exatamente como nós amamos…

Esquecemos que o amor não é uma teoria singular…

Não, não há uma definição única para amar…

Amor é algo tão particular, que cada um ama ao seu modo…

E exterioriza o que sente de forma diferente…

Não é algo a ser comparado e, quando agimos dessa forma…

Anulamos o amor que está nas entrelinhas…

Descartando aquilo que é nobre e sincero…

Precisamos aprender a linguagem do amor do outro…

Entender que ele nos ama à sua maneira…

E, quando a gente entende isso, o amor torna-se mais leve…

Porque descobrimos que o novo é belo e não assustador como parece…

O amor é uma aprendizagem constante, é uma escolha diária…

O amor é simplicidade…

Precisamos saber reconhecer o novo, valorizando a pessoa que amamos…

Mas, note-se… Um bom relacionamento não é apenas sustentado por amor…

Mas o modo como escolhemos relacionar-nos sustenta o amor…

Contorna as dificuldades e suporta as tempestades…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

INSÓNIA... OU SOLIDÃO?

                                                                                                                          ('Post' da Internet)


“E a escuridão continua escura…

Os olhos… Esses sempre bem abertos…

E as horas que não passam…

Não, não se pensa… Sente-se…

Sente-se uma coisa que só tem um nome:

- Solidão…

Passa-se um tempo…

Olha-se o relógio, quem sabe já é manhã…

Continuo sentindo… Sentindo o quê?

O nada…

Mas quantas vezes a insónia é algo bom…

De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara… Solidão…

E sem ruídos...

Só mesmo a solidão…

Sem ninguém, que me interrompa o nada…

Um nada… Num tempo imóvel…

O momento sublime… É o romper do sol…

Ah! O sol é meu… A terra é minha…

E sinto-me feliz por nada… E por tudo…

Incluindo a minha solidão…”


(In "Crónicas Mundanas...")

27 outubro 2022

O SIMPLES ENCANTAMENTO... DO INSTANTE...

 

                                                                                        ('Post' da Internet)


“Pássaros...

Palavras...

Que chegam...

Que vão...

Não se sabe de onde...

Não tem rumo...

Nem pouso...

Vivem apenas no instante...

Buscando encontrar aquilo que foi e já não é...

Mostram-nos, afinal...

Que não é o tempo que para...

Somos nós que paramos no tempo...

Fiquemos, pois...

Neste instante...

E tentemos (pelo menos) perceber o vazio do tempo...” 


(In "Hipersent...")

TEMPO DE DELICADEZA…

 

                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


“Dizem os textos sagrados que tudo tem o seu tempo…

E que há tempo para todo o propósito debaixo do céu…

Pois, o amor também tem os seus tempos…

E ele muda como mudam as estações…

A primavera, por exemplo, é o tempo da pressa…

As plantas, que por meses haviam hibernado sob o frio…

Repentinamente despertam do seu sono…

Rompem da noite para o dia e exibem, sem o menor pudor, as suas flores…

Até parece uma beleza apressada….

É que a primavera é curta…

Antes que venha o verão, é preciso espalhar o sémen com urgência…

Para garantir a continuidade da vida…

Por isso se exibem assim, com a sua nudez colorida e perfumada…

Para atrair os parceiros do amor…

Ah! Não éramos nós também assim quando fomos jovens?

Quando a sexualidade despertou com todo o seu furor…

Era só isso que importava: o coito…

Passado o êxtase, ia-se o interesse…

Depois, chega o verão, o tempo em que a fúria reprodutiva já se esgotou…

Tempo maduro… Tempo da rotina sexual a ser cumprida…

Vai-se o encantamento, os olhos e as mãos cansam-se da mesmice…

E vem a saudade da juventude que já passou…

Cumprido o ato, vem o silêncio…

Eis que chega o outono, a estação de uma nova redescoberta…

Agora é um tempo sem urgência, sem obrigação…

A natureza está tranquila…

Na adolescência qualquer mulher servia…

Porque o sexo era comandado pelas pressões vulcânicas das hormonas…

Agora, o sexo deixou de ser movido pela bioquímica que circula no sangue…

E passa a ser movido pela beleza…

O amor torna-se uma experiência estética…

O outono é, pois, um tempo de tranquilidade…

É bom estar juntos, de mãos dadas, sem fazer nada…

O outono é o tempo do amor feliz…

Tempo de delicadeza…

Não, não é um tempo de adormecer, muito menos morrer…

Porque há muito amor ainda por viver…

É um tempo, também, de relembrar…

Lembrar das coisas que derrubámos, das palavras que não ouvimos…

E dá uma vontade de fazer o tempo voltar para poder refazer o que foi desfeito…

Para recolher todo o sentimento e colocá-lo no corpo outra vez…

Há, pois, que renascer…

Sim, voltar a viver…

Reaprender as palavras que o amor sabe dizer…

Palavras que são reinventadas neste tempo da delicadeza…

O outono da vida é um tempo misterioso…

Em que é preciso amar cuidadosamente com o olhar…

Com os ouvidos, com a mão que tateia para não ferir…

É que ainda há tempo…

Para reencontrar o amor…

E passar o resto da vida navegando no rio da delicadeza…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

A FELICIDADE SÓ FAZ SENTIDO QUANDO É PARTILHADA…

 

                                                                                (Fotografia da Internet)


“Muitos me questionam porque me isolo tanto…

Não, nada tem a ver com quaisquer mecanismos neuróticos de evitação de contato…

O isolamento é mais para mim como uma polaridade da confluência...

Não se trata necessariamente de um afastamento físico…

É, sobretudo, um afastamento emocional…

Pois, muitas vezes preciso dessa distância do outro…

E depois… Simplesmente sinto-me bem sozinho… Comigo mesmo…

Sim, concordo, isso pode tornar-se num mecanismo neurótico…

Quando evitamos o contato como uma defesa ou uma solução para não sofrer…

Mas eu não sofro da ilusão de que me basto sozinho…

E claro que sinto a falta do contato com o outro…

Mas, como eu disse…

Faz-me sentir bem manter, por vezes, uma certa distância emocional…

E até criar um certo mistério sobre mim…

Admito que entrar em contato com o que me é diferente tem sido desconfortável…

Porém, tem sido também bastante transformador…

Percebi a tempo que algumas barreiras que construí para me proteger…

Me aprisionaram dentro da minha pequenez…

Por isso, hoje afirmo categoricamente:

A felicidade só faz sentido quando é compartilhada!”


(In "Crónicas Mundanas...")

26 outubro 2022

É HORA DE SEMEAR O MEU PÓ...

 

                                                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


"Ah! Perdoem-me, caros Amigos...

Mas pretendo morrer longe de vós...

E encontrar sepultura nestas belas montanhas...

Salpicado apenas pelo pó...

E pelo sol...

Sabem... Estou cansado de jogar este jogo de fracassos da vida...

Estou demasiado encadeado por tanta lágrima e sorrisos...

Ah! É hora de semear o meu pó...

E fazer florescer novos poemas...

E flores...

Para que amanhã...

Ao menos vós, meus caros amigos...

Ao menos possam ser vós a colher um novo amanhecer...

E sorrirem..."


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")

PORQUE PAREI DE BRINCAR?

 

                                                                                                                (Fotografia da Internet)


“Como eu era feliz enquanto criança que brincava…

Brincar era o momento mais sagrado da minha vida…

Foi a brincar que eu ampliei os conhecimentos sobre mim mesmo…

E mesmo sobre os outros e sobre o mundo que estava ao meu redor…

Desenvolvi múltiplas linguagens, explorei e manipulei objetos…

Foi a brincar que aprendi a organizar os meus pensamentos…

Descobri que o mundo, a vida, tem regras…

Preparei-me, afinal, para um mundo socializado…

Pois, foi a brincar que aprendi a compartilhar…

E a respeitar o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo…

Sem visar recompensas nem temer castigos...

Apenas desafiando os meus limites e as minhas possibilidades…

Ah! E a magia dos brinquedos?

Como eles estimularam a minha imaginação infantil…

Foi através deles que descobri, experimentei, reinventei…

E enquanto desenvolvia a minha imaginação…

Promovi as minhas habilidades também…

Foi a brincar que encontrei o sentido para a minha vida…

Ah! Que saudades eu tenho de brincar…

Não, não parei de brincar porque envelheci…

Estou a envelhecer porque parei de brincar!”


(In "Crónicas Mundanas...")

SOU ESCRAVO DA TUA PAIXÃO!

 

                                                                                                                 (Fotografia da Internet)


“Hoje, meu amor…

Hoje quero amar-te às cegas…

Sem tempo, sem lugar…

Quero amar-te em silêncio…

Revelar-te o mais profundo dos meus segredos…

Sem ser preciso dizer nada…

Apenas, sentir tudo…

Anda, meu amor, recebe-me sem medo…

Sem qualquer pudor…

Sacia em mim todos os teus instintos mais obscuros…

Satisfaz-te plenamente…

Oferece-me cada orgasmo como se fosse o último…

Cada gemido como se fosse tudo…

Hoje… Hoje meu amor…

Necessito-te bem junto a mim…

Deixa-me abrir a tua Alma…

Penetrar o teu coração…

Fazer-te minha com devoção…

E ser o dono da tua perversão…

Pois, sou escravo da tua paixão!”


(In "O amor... Sempre o amor...")

DA PALAVRA… À POESIA…

 

                                                                     ('Post' da Internet)


“Não, não me lembro da primeira palavra que proferi…

Mas sei que a palavra me libertou…

Pois, enquanto me alfabetizava, desterrei-me de múltiplos conteúdos…

É que a escola sistematiza-nos, formata-nos…

Daí descobri que a palavra é um instrumento poderoso…

Tanto para a expressão, como para reagir a qualquer tipo de opressão…

E da palavra passei para a poesia…

A poesia fala do sentimento e do que nos vai na mente…

E com ela tenho tentado unir a emoção com a razão…

Mas não com formatação, apenas com intuição…

A descoberta da poesia foi, pois, para mim a descoberta da palavra e do seu poder…

Não a palavra fria do dicionário, até porque dessas conheço poucas…

Sou mais adepto daquelas palavras do quotidiano… Do mundano…

As palavras vivas da experiência, da existência, do confronto com a vida…

E eu, que apenas sinto…

Consegui através da poesia…

Fazer o lugar do pensamento do meu coração…”


(In "Crónicas Mundanas...")

25 outubro 2022

RESGATA-TE... Ó HOMEM!

 

                                                                                                            (Fotografia de Luís Borges)


"Liberta-te Ó Homem de todas as ideologias...

De todos os dogmas...

Das roupagens com que te fizeram vestir…

Liberta-te de todos aqueles…

Que tentam fazer acreditar que as ideias deles…

Deverão ser também as tuas…

Liberta-te de tudo o que é exterior a ti...

E que te suga até ao âmago do teu Ser…

Aprende a pensar por ti mesmo…

Ouve o teu coração…

Sê tu mesmo!

Ou cairás num eterno vazio de ti mesmo…

Deambulando por uma vida que fica por viver…

Condenado a ser sucessivamente o que os outros foram…

E desejam que tu espelhes…

Ah! Resgata-te!

Resgata-te de vez…

Resgata a tua profundidade...

A tua essência...

A tua individualidade…

E honra-te por isso…

Aí, poderás dar início…

Ao teu nobre caminho da liberdade!"


(In "Uma vida... E um par de botas...")

PRECISO DE TEMPO… TEMPO PARA TE ESQUECER…

 

                                                                                                                (Fotografia da Internet)


“Amo-te… Amo-te tanto!

Amo-te tanto que a única saída que encontrei foi esquecer-te…

Esquecer-te como se nunca tivesses existido…

Apagar-te para sempre do passado que não quero mais lembrar…

Por isso, hoje, apenas anseio em voar…

Ganhei asas e fui à procura de outros sonhos…

E quem sabe, encontre outros braços para abraçar…

Mas, não… Não está fácil, ainda assim…

Peço, pois, ao tempo...

Para me emprestar tempo para te esquecer…

Eu e ele percorremos cada qual o seu percurso…

E assim, pelo menos eu…

Eu tenho todo o tempo do mundo para te esquecer…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

O IMPÉRIO DO CONSUMO…

 

                                                                                                                         ('Post' da Internet)


“No império do consumo, a cultura do efémero condena tudo ao desuso mediático…

Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda…

As coisas envelhecem num piscar de olhos…

Para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz…

Sim, vivemos hoje numa ditadura da uniformização obrigatória…

Que impõe um modo de vida que reproduz seres humanos…

Quais fotocópias do consumidor exemplar…

São os tempos da produção em série…

Da febre compradora sem remédio…

A nova aventura que começa e termina no écran do televisor…

É todo um novo mundo de endividamento…

Em que todos se endividam para ter coisas… E mais coisas…

Ou talvez, apenas mais dívidas para pagar mais dívidas…

É um mundo descartável…

Cheio de mercadorias de vida efémera…

Mundo, afinal, de desperdício disfarçado de liberdade para todos…

Mundo de insónia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar…

Ah! Gente infeliz que vive permanentemente a comparar-se!

A dor de já não ser, abriu passagem à vergonha de não ter…

Mas quanta invisível violência dos mercados…

Em que a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda…

Eis, pois, a civilização que confunde a quantidade com a qualidade…

Que confunde o lixo disfarçado de comida com a boa alimentação…

A globalização do hambúrguer, a ditadura do ‘fast food’…

Do bebam lá cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos água…

 Enquanto o tempo de lazer vai-se tornando também tempo de consumo obrigatório…

Tempo livre, tempo prisioneiro…

Em que muitas casas não têm cama, mas têm televisor…

E o televisor tem a palavra…

Esse animal que prova a vocação democrática do progresso…

Não escutando ninguém, mas falando de todos… E para todos…

Os peritos souberam, pois...

Converter as mercadorias em conjuntos mágicos contra a solidão…

A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados…

As angústias enchem-se atulhando-se de coisas, ou sonhando fazê-lo…

E assim, hoje, as coisas não só podem abraçar…

Como elas também podem ser símbolos de ascensão social…

E enquanto isso…

A população mundial urbaniza-se, os camponeses tornaram-se cidadãos…

Hoje temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos…

Não, Deus já não está em toda parte, mas apenas nas grandes cidades…

Pois é nas cidades que a vida ocorre… E chama…

Curiosamente, onde o trabalho falta e os braços sobram…

Onde as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas…

As gentes tornaram-se coisas…

E o mundo inteiro é um grande écran de televisão…

Onde todas estas coisas se olham mas não se tocam…

As multidões viajam pelo mundo em escadas rolantes mecânicas…

Ocorrem, em peregrinação, ao templo maior das missas do consumo…

Sim, o ‘center’, o ‘shopping center’...

Onde a maioria dos devotos contempla, em êxtase…

Mais coisas que os seus bolsos não podem pagar…

Lavados, passados e penteados, vestidos com as suas melhores roupas….

Os transeuntes vêm a uma festa onde todos são convidados…

Todos viajam na cápsula espacial que percorre o universo do consumo…

Onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos...

Marcas e etiquetas...

Até o dinheiro voa hoje à velocidade da luz…

Ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe…

Será que Deus decidiu privatizar o mundo?

Harre! Para que outro mundo me poderei mudar?


(In "Crónicas Mundanas...")

24 outubro 2022

SER... SER MULHER... HOJE... E SEMPRE!

 

                                                                               ('Post' da Internete - Quadro de Mondigliani)

 

“Mulher…

Se te dessem a oportunidade de poderes mexer na roda do tempo...

E voltares atrás...

Diz-me... Mulher…

O que mudarias na tua Vida?

Diz-me...

Deixar-te-ias... De novo...

Cair na tentação de te tornares na mulher perfeita?

Na mãe perfeita... Na amiga perfeita... Na profissional perfeita...

Deixar-te-ias... De novo...

Pressionar para seres, simplesmente, também tu bem-sucedida?

Diz-me...

Preferirias continuar a construir a tua longa lista dos afazeres quotidianos...

Ou, preferirias...

Simplesmente deixar de fazer...

Nada ter que fazer?

Dares-te, afinal, apenas mais tempo a ti própria...

Para fazeres coisas verdadeiramente importantes para ti...

Ah! Estenderes pela noite dentro aqueles beijos de simples boa-noite...

Deixares de reclamar todas as manhas por te levantares cedo da cama...

Quando podias passar um pouco mais de tempo com o teu amado...

Ou, simplesmente, contigo própria...

Passares momentos mágicos com os teus bebés... Bem junto ao teu corpo...

Antes que eles se tornem grandes de mais para permanecerem no teu colo...

E dançar...

Lembras-te?

Dançar até que as pernas te doessem...

E ainda assim...

Continuar como se não houvesse amanhã...

Pois... Mulher... Hoje...

Por favor...

Não Te esqueças... Hoje... Do Ser Humano que és!

Ah! E esquece, por momentos também, o humano...

Preocupa-te, enquanto ainda podes, em simplesmente... Ser!

Perde-te!

Nem que seja por um momento...

Perde-te em ti mesma!

Fica em paz com o mundo...

Mas... Fica em paz, sobretudo, contigo!

E já que poucos o são...

Sê ao menos tu... Gentil contigo própria!

Acarinha-te... Ama-te profundamente!

Deixa ir...

Deixa ir tudo...

Mas tu...

Fica!

Tu... Acredita em ti!

E passa mais do teu precioso tempo...

Sendo...

Do que fazendo!”


(In "Hipersent...")