A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

25 outubro 2022

O IMPÉRIO DO CONSUMO…

 

                                                                                                                         ('Post' da Internet)


“No império do consumo, a cultura do efémero condena tudo ao desuso mediático…

Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda…

As coisas envelhecem num piscar de olhos…

Para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz…

Sim, vivemos hoje numa ditadura da uniformização obrigatória…

Que impõe um modo de vida que reproduz seres humanos…

Quais fotocópias do consumidor exemplar…

São os tempos da produção em série…

Da febre compradora sem remédio…

A nova aventura que começa e termina no écran do televisor…

É todo um novo mundo de endividamento…

Em que todos se endividam para ter coisas… E mais coisas…

Ou talvez, apenas mais dívidas para pagar mais dívidas…

É um mundo descartável…

Cheio de mercadorias de vida efémera…

Mundo, afinal, de desperdício disfarçado de liberdade para todos…

Mundo de insónia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar…

Ah! Gente infeliz que vive permanentemente a comparar-se!

A dor de já não ser, abriu passagem à vergonha de não ter…

Mas quanta invisível violência dos mercados…

Em que a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda…

Eis, pois, a civilização que confunde a quantidade com a qualidade…

Que confunde o lixo disfarçado de comida com a boa alimentação…

A globalização do hambúrguer, a ditadura do ‘fast food’…

Do bebam lá cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos água…

 Enquanto o tempo de lazer vai-se tornando também tempo de consumo obrigatório…

Tempo livre, tempo prisioneiro…

Em que muitas casas não têm cama, mas têm televisor…

E o televisor tem a palavra…

Esse animal que prova a vocação democrática do progresso…

Não escutando ninguém, mas falando de todos… E para todos…

Os peritos souberam, pois...

Converter as mercadorias em conjuntos mágicos contra a solidão…

A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados…

As angústias enchem-se atulhando-se de coisas, ou sonhando fazê-lo…

E assim, hoje, as coisas não só podem abraçar…

Como elas também podem ser símbolos de ascensão social…

E enquanto isso…

A população mundial urbaniza-se, os camponeses tornaram-se cidadãos…

Hoje temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos…

Não, Deus já não está em toda parte, mas apenas nas grandes cidades…

Pois é nas cidades que a vida ocorre… E chama…

Curiosamente, onde o trabalho falta e os braços sobram…

Onde as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas…

As gentes tornaram-se coisas…

E o mundo inteiro é um grande écran de televisão…

Onde todas estas coisas se olham mas não se tocam…

As multidões viajam pelo mundo em escadas rolantes mecânicas…

Ocorrem, em peregrinação, ao templo maior das missas do consumo…

Sim, o ‘center’, o ‘shopping center’...

Onde a maioria dos devotos contempla, em êxtase…

Mais coisas que os seus bolsos não podem pagar…

Lavados, passados e penteados, vestidos com as suas melhores roupas….

Os transeuntes vêm a uma festa onde todos são convidados…

Todos viajam na cápsula espacial que percorre o universo do consumo…

Onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos...

Marcas e etiquetas...

Até o dinheiro voa hoje à velocidade da luz…

Ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe…

Será que Deus decidiu privatizar o mundo?

Harre! Para que outro mundo me poderei mudar?


(In "Crónicas Mundanas...")

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