A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

14 outubro 2022

SABER ESPERAR... TAMBÉM É SABER VIVER...

 

                                                              (Fotografia da Internet)


“No tempo da fotografia em papel as pessoas pareciam fantasmas…

Sim, algo de fantasmagórico acontecia…

Enquanto aguardávamos pela revelação do papel fotográfico…

O que não aparecia antes, com a espera aparecia…

Infelizmente, isso acabou com a chegada da fotografia digital…

A fotografia tornou-se, pois, em mais um imediatismo…

Hoje, disparamos e vemos!

O tempo de espera pela revelação perdeu-se…

Assim como um lapso em que outras coisas podiam acontecer…

Hoje no mundo do ‘fast-tudo’, esperar tornou-se num grande aborrecimento…

E mesmo o ‘non fare niente’ tornou-se num anátema…

Um suposto estado de imbecilidade improdutiva para a sociedade do ‘já’…

Mas essa aceleração não deteve o sofrimento da espera…

Pelo contrário, a Internet tornou-nos todos mais impulsivos e impacientes…

Podemos reduzir e tornar mais intensos os intervalos…

Mas eles continuam aí, com a obsessão de usá-los para algo produtivo…

Enquanto eliminar os tempos de espera deixa-nos menos tempo para pensar…

E conectar-nos connosco mesmos…

E depois… Pensem…

Não será a própria vida uma longa espera para morrermos?

A vida é algo que acontece entre dois momentos de vazio…

O antes de… E o depois de…

Que haja um princípio, um fim e uma direção que lhe dê sentido…

É, de facto um paradoxo existencial!

Não há, pois, como suportar a espera…

É o que Kafka chamou «hesitação antes do nascimento»…

Trata-se, portanto, de entender toda a espera como um tempo concedido e não perdido…

E que parte do encanto e da razão de ser desta viagem a que chamamos viver…

Consiste em que alguém espere e se aperceba da nossa ausência…

E depois… Na espera tudo pode acontecer…

E se eliminamos a possibilidade de que possam ocorrer coisas…

No fundo perdemos liberdade…

Talvez por isso, hoje se fale muito sobre o tempo, mas pouco sobre a espera…

Ou talvez…

O propósito da espera seja fazer com que a pessoa converse com ela mesma…

E isso dá medo a muita gente!”


(Inédito)

13 outubro 2022

Ó SOL!

 

                                                                         (Fotografia da Internet)


“Ó Sol…

Tu que sangras no horizonte…

Bramindo dores eternas…

Tu que rasgas o azul das nossas vidas…

Como um grito de raiva da nossa inconsideração…

Ah! Meu Sol…

Tu que nos ofereces mais um dia de experiência…

Que nos permites morrer um pouco em cada teu entardecer…

E marcas as horas do tempo…

Da razão…

Do questionamento…

Da sabedoria…

Ó Sol…

Não fiques dececionado…

Nós Homens agradecemos o teu sangue elíptico…

Do eterno retorno dos dias idos…

E os do porvir…

Os segredos ininteligíveis…

Aqueles muitos que ainda estão por descobrir…

Pois tu és luz que gera a vida…

E renovas a eternidade…

Alimentando o nosso viver…

Obrigado, pois…

Ó Sol!”


(In "Hipersent...")

SER MONTANHA...

 

                                                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


"Da neblina em que te emaranhas...

Levanta-te, alma, e diz-me, afinal...

Qual é, na natureza espiritual…

O significado de seres montanha?

Eu que percorro as tuas graníticas entranhas...

Percebo a tua subjetividade ascensional...

E ainda que paralisada e estrangulada...

Sinto que te ergues em cumeadas tamanhas...

Ah! Nesse trágico de altivez...

Não serão as montanhas, porventura...

Tão íngremes, assim...

Por um simples abortamento de mecânica...

Afinal, a representação ainda inorgânica...

De tudo aquilo que parou em mim?

E no curso inquieto desta terráquea luta...

Quantos desejos férvidos de amor...

Não dormirão recalcados sob o horror...

Das tuas agregações de pedra bruta?

Seja o que for...

Eu sintonizo-me em teus relevos orográficos...

Inacessíveis aos humanos tráficos...

Onde as sementes amam permanecer...

Quem sabe, 'Alma-Montanha', se o que ainda não existe...

Não vive em gérmen no agregado triste...

Da síntese sombria do meu Ser..."


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")

ORAÇÃO... OU POESIA?

 

                                                                   ('Post' da Internet)


“Rezas e orações são coisas de padres e gurus espiritualistas…

Mas… E as pessoas comuns, porque oram?

Não sabem que a alma deseja uma só coisa, cujo nome esquecemos…

Será que as pessoas oram em busca desse nome esquecido?

Se for lembrado e pronunciado com toda a paixão do corpo e da alma…

Eu chamo a esse ato poesia…

Mas, admito… A esse ato também podemos dar o nome de oração…

Mas digo isto, porque orar tornou-se numa espécie de tagarelice…

Em que falamos muito e escutamos pouco…

Muitas palavras são ditas porque ainda não encontramos a única palavra que importa…

Temos conhecimento das palavras, mas ignoramos a Palavra…

E uma das palavras (ou talvez a única) que deveria preencher o léxico oratório é Amor!

É que para além das necessidades vitais básicas, a alma precisa de Amor…

Ou não estivesse o Amor em todos os lugares…

Na lua, na rua, nas constelações, nas estações, no mar, no ar…

E além do Amor estão as sensações que moram nos olhos…

Nos ouvidos, no nariz, na boca, na pele…

Mas… É verdade… A vida pesa…

Caminha-se com dificuldade…

O corpo arrasta-se…

E, por isso, as pessoas oram porque lhes falta algo…

E procuram, nessa ausência, a única coisa que importa: a Felicidade!

Acontece que a Felicidade não pode ser encontrada no mundo de fora…

A Fonte da Felicidade encontra-se no mundo de dentro…

O mundo de dentro a que alguns dão o nome de alma…

Mas para tal, temos de ultrapassar essa fronteira que é o nosso corpo…

Sim, o corpo é a fronteira entre o mundo de fora e o mundo de dentro…

E eles são completamente diferentes…

Será que em algum lugar escondido da alma se encontra a Fonte da Felicidade?

Talvez esteja por lá perdida…

E talvez, por isso, também o mundo interior se apague…

E o corpo fica como uma casa vazia…

E quando a casa está vazia, vai-se a Felicidade…

E depois…

O mundo de fora é como um mercado onde vivemos como pássaros engaiolados…

E pássaros engaiolados, por mais belos que sejam, não podem ser felizes…

Não! A alma não sobrevive em gaiolas…

O que deveríamos então fazer, é quebrar todas as gaiolas e vivermos livres… Em amor…

E aqui sim, entra o ato de orar…

Orar para invocarmos a Felicidade…

Por isso vos disse que para mim orações e poemas são a mesma coisa…

Palavras que se pronunciam a partir do silêncio, pedindo que o silêncio nos fale…

Como dizia Ricardo Reis:

- «É no silêncio que existe no intervalo das palavras que se ouve a voz…

De um Ser qualquer, alheio a nós que nos fala…»

O nome do Ser? Não importa!

Todos os nomes são metáforas para o grande mistério inominável que nos envolve…

Pois… Gosto de poesia… E de orar…

Porque ambas expressam as palavras que eu gostaria de ter dito, mas nunca consegui…

Ler… Escrever… Orar… São, pois, a música no meu silêncio…

E, também… Uma outra forma de amar…”


(Inédito)

12 outubro 2022

SER ESPERANÇA... COM AMOR...

 

                                                                                                                       ('Post' da Internet)


“Dizem que a Esperança é a última a morrer…

Mas, cá para mim, é a primeira que nasce…

E persiste na alma de quem continua a acreditar no amor…

Quando tudo parece sem sentido…

Ah! Se eu fosse a tua esperança, meu amor…

Então, pedir-te-ia que aguardasses com paciência e deixasses acontecer…

E assim, deixarias que os teus medos partissem nas asas da descrença…

E eu seria a esperança que se materializaria no teu dia a dia...

E para além de nascer a esperança…

Quem sabe, também floresceria um grande amor…”


(Inédito)

TRILHOS SOLITÁRIOS...

 

                                                                                                      (Fotografia de Luís Borges)


"Continuem homens a viver essa existência desesperada...

Como se apenas de mais um sedativo se tratasse...

Eu cá vou seguir o rasto da montanha...

Vou à procura do encanto dos seus trilhos solitários...

E espero...

Ah! Espero entrar num reino...

Onde o Homem é intruso...

Pois, tal como Byron...

Não que eu não ame o Homem...

Mas amo muito mais a Natureza!"


(In "Uma vida... E um par de botas...")

CHEIRO DE MUNDO...

 

                                                                             (Fotografia da Internet)


“Hoje ao acordar…

Senti que alguma coisa tinha acontecido na (des)ordem do mundo…

Eu, de despertar difícil, saltei da cama muito bem-disposto e leve…

E, por um momento, assustei-me com a sensação indizível que sentia…

Durante alguns minutos nada me aconteceu…

Mas de repente senti que em mim a matéria começava a transformar-se…

Palpitações excedentes abalaram o meu coração e eu mal conseguia respirar…

E logo em seguida penetrou-me um cheiro tão monumental…

Que pensei se não me teria enlouquecido a imaginação…

Eram como milhões de cheiros em simultâneo...

Não os conseguirei descreverei a todos…

Mas entre todos os cheiros que senti, um cheiro enorme se destacou:

- Um cheiro de mundo!

Tenho dificuldade em descrevê-lo em toda a sua complexidade…

Mas penso que era um cheiro branco, inodoro, perfeitamente ortodoxo…

Não podia, porém, precisar de onde ele vinha…

Mas, os cheiros não paravam de me invadir as minhas narinas…

Os cheiros mais estranhos, os mais doces, os do amor, os da solidão…

Inclusive, um cheiro de nascimento…

Provavelmente de alguém que nascia naquele instante particular do mundo…

Curioso também…

Só não conseguia sentir bem, no meio daquela sinfonia de cheiros…

O aroma das coisas obviamente cheirosas como as flores e as mulheres em geral…

O perfume do mar, por exemplo, esse eu já sentia em toda a sua frescura, azul, infinito…

Ah! Tantos cheiros, tantos…

E depois senti um cheiro de sobrenatural…

Um cheiro de éter, um cheiro de cristal transparente em vibração…

Um cheiro de luz antiga, ainda fria dos eternos espaços…

Por onde passara no seu caminho para a Terra…

Ah! Que sensação maravilhosa…

O mundo cheirava todo para mim, só para mim…

A dançar na manhã azul perfeita, embriagante…

E dentro do mundo senti um cheiro mágico de Paz…”


(Inédito)

11 outubro 2022

INSENSIBILIDADE... OU DESDÉM?

 

                                                                                (Fotografia da Internet)


“Nas suas  faces negras pueris…

Sobressaem aqueles sorrisos...

Enormes…

Sim! São faces que se riem com desdém…

Da pobreza também…

Mas em sorrisos grandes… Ou pequenos…

Todos os sorrisos...

Deveriam ter um futuro em aberto…

Mas parece que não…

Também estes já parecem fazer parte dessa legião…

Que está prestes a lutar…

Por mais um pedaço de pão…

Ó Humanidade…

Que história tão velha…

Que se repete…

E repete…

Quanta dor…

Quanto sofrimento…

Que crimes cometeram aqueles, para tanta opressão?

Quão insensíveis somos nós, para tanto ignorar?”


(In "Hipersent...")

ÀS MULHERES!

 

                                                                                       ('Post' da Internet)


“Há por aí ainda algum homem que não admire uma mulher?

Ah! Eu cá admiro-as… E muito!

E quantas vezes admiti perante elas a superioridade de tudo o que eu não sou…

Sim, é um facto… Reconhecer a superioridade de uma mulher…

Traz para alguns homens certas reações confusas…

Tanto por conta da competição a que culturalmente o Homem…

É desde pequeno ensinado a reproduzir…

Quanto pela insegurança que lhes pode provocar…

Mas é inquestionável…

Cada vez há mais mulheres que nos surpreendem pela positiva…

Mulheres inteligentes, fortes e seguras…

Não, Homens, não queiram competir com elas…

Antes, juntemo-nos a elas… Para podermos ir mais longe…

Então… A todas as Mulheres…

O meu sincero agradecimento…

Pelo muito que me ensinaram a ser mais homem!”


(Inédito)

10 outubro 2022

UM AMOR PARA A VIDA...

 

                                                                                                                         ('Post' da Internet)


“Quanto Tempo esperei por ti... Meu amor...

Toda uma vida...

E... Como que do nada...

Surgiste... Semeando uma nova vida...

Depois da tempestade que varreu a minha vida...

Não, não chegou a bonança...

Simplesmente... Chegaste tu!

Com enfeites de frescas flores...

Arrebataste-me, meu amor...

Como encheste meu mundo... Vazio de tudo...

Com teu verdejante esplendor...

Soltando o teu cabelo para o céu...

No teu denso e vasto mistério...

Encheste as montanhas do meu coração...

Finalmente a minha espera terminou...

Hoje... Agora...

A minha espera será outra...

Esperarei eternamente contemplando silenciosamente os teus belos lábios...

E com os meus olhos beberei até à última gota todos os teus sorrisos...

Pois... Hoje...

Tenho como único desejo...

Que a nossa vida floresça como uma flor recém-nascida...”


(In "Amar... O amor...")

NÃO, NÃO TOLERO MAIS!

 

                                                                                                       ('Post' da Internet)


“Neste mundo cada vez mais distorcido…

Torna-se cada vez mais difícil saber em quem confiar…

Em quem depositar esperanças…

As máscaras são a parte do vestuário mais usada pelas pessoas…

E acabamos, muitas vezes, dando de cara contra a parede…

Simplesmente, por julgarmos os corações alheios de acordo com os nossos…

Infelizmente, hoje, ser bom demais tornou-se perigoso…

Hoje existe uma necessidade de nos darmos bem com todos…

Ainda que para alguns, através de vantagens indevidas, de caminhos duvidosos…

Como se os fins justificassem quaisquer meios…

O caráter, a lealdade e o compromisso com o outro é algo fora de moda…

Pois o que importa mesmo é galgar os degraus da ascensão social…

O que torna as relações humanas cada vez mais frágeis e vazias…

Mesmo assim, eu ainda quero acreditar no ser humano…

No amor genuíno, na amizade sincera, na ética e na verdade…

Por isso, persisto no propósito de ser feliz sem magoar ninguém…

Sem trair, sem maldizer, sem ferir o outro…

Colocando-me no lugar das pessoas com quem convivo…

Mas é assim que batemos de frente…

Simplesmente...

Porque alguns insistem em confundir a nossa disponibilidade com servidão…

Abusando do tanto que temos para oferecer…

Eu sou daqueles capaz de entender o outro e que perdoou com facilidade…

Pois, continuo a acreditar na capacidade do ser humano...

Em se reinventar e melhorar a cada dia…

No entanto, cada vez mais encontro quem não valoriza o perdão que recebe…

Como se fossemos obrigados a perdoar e perdoar sempre que vacilam…

Pois… Não refletem e jamais mudarão…

Afinal, para esses, é o mundo que está errado e não eles...

Não, não tolero mais!

Não permitirei que continuem a abusar da minha bondade…

É que chega um momento em que as forças e a paciência acabam…

Ainda que haja amor, amizade e respeito….

Sim, pessoas boas como eu perdoam infinitas vezes…

Porém, saibam, que quando desistimos…

Acabamos por desistir de vez...

Então, não haverá mais volta, perdão ou oportunidade alguma…”


(Inédito)

09 outubro 2022

PRECISAMOS SENTIR MAIS...

 

                                                                                                                  (Fotografia da Internet)


“Os sentimentos são o motor do processo civilizacional…

Ainda que algumas emoções coletivas nos tenham trazido alguns retrocessos…

Deixemos, pois, de vez esta tendência intelectualista que dá apenas valor à razão…

Os afetos são algo que merece mais atenção…

Alguns, se possível, até suprimiam as emoções…

Pois entendem que não vale a pena manifestá-las…

Ah! Isso é menosprezar a vida!

Os sentimentos integram o conjunto do nosso corpo e da nossa mente…

 E são determinantes para tudo o que a humanidade construiu…

Sim, concordamos...

É bem mais complicado explicar os nossos afetos do que a nossa razão…

O intelecto está ligado ao córtex cerebral e é mais simples analisá-lo…

Já os sentimentos...

Advêm do tronco do cerebelo, da espinal da medula, dos nervos periféricos…

Enfim...

De uma mecânica cuja origem se confunde com o princípio da evolução dos seres vivos…

E toda esta estrutura, a história da sua formação e como ela age…

São aspetos muito difíceis de ser estudados…

Mas, quando aflorarmos melhor este entendimento…

Acreditamos que perceberemos muito melhor o que é ser um humano…

Mas… Já se interrogaram alguma vez de onde vêm os sentimentos?

De um processo biológico que se mescla ao sistema formado por corpo e mente…

Mas para melhor se entender este contexto…

É preciso levar em conta que existem dois aspetos do viver:

- Um é orgânico, relacionado com o nosso corpo… E daí vêm as emoções…

Se o organismo não está saudável, manifesta isso externamente…

- Já os sentimentos são outra coisa…

Eles refletem aspetos internos e estão associados à mente, à alma…

Por estarem dentro de nós, são subjetivos…

Consequentemente, não se exibem em público…

Podemos esconder sentimentos, mas não emoções…

Tudo o que fazemos, individual ou coletivamente…

É, pois, reflexo de demonstrações emocionais e sentimentos…

A questão pertinente que teremos de colocar agora aqui é:

- Somos seres mais sentimentais ou mais racionais?

Sim, somos uma espécie de uma mistura…

O importante é que, além da razão, podemos usar os sentimentos...

Mas que ninguém entenda que estamos a diminuir o ser humano…

Ao dar a ideia de que as emoções e o sentir nos guiam…

Durante muito tempo...

Pensou-se que a razão era o que nos separava dos outros seres vivos…

Essa era uma análise errada!

Apresentamos sentimentos de complexidade e dimensão...

Incomparáveis aos dos não humanos…

E isto é fantástico...

Pois, é o que nos torna o animal mais especial deste planeta…

Sabem…

As emoções estão presentes há bilhões de anos nos seres vivos, mesmo nas bactérias…

Estas já manifestam fisicamente estados que indicam se estão bem ou mal…

(Sem, no entanto, dominarem capacidades mentais)…

As raízes dos nossos sentimentos são fruto de milénios de evolução…

Que nos levaram de manifestações emotivas primárias a processos elaborados…

Isto só foi possível pelo aparecimento do sistema nervoso e do cérebro…

Em intrincados organismos multicelulares…

E foi aqui que nós, humanos, progredimos, usando este avanço como propulsor…

Sim, outros animais têm tanto emoções quanto a capacidade do sentir…

Mas nós é que ligamos isso ao conhecimento acumulado…

Foi assim criada a humanidade!

Quando nos passámos a reunir à volta de uma fogueira…

Tornámo-nos seres sentimentalmente evoluídos...

Pois foi aí, que compreendemos as vantagens sociais dos sentimentos…

Como a forma como eles nos ligam em laços familiares…

Os sentimentos tornaram-se, pois, mais um fator evolutivo…

Que nos ajudou a sobreviver no mundo…

Mas, tenhamos algum cuidado para não cairmos em sentimentos coletivos…

Não! Isso pode levar-nos a extremismos…

O descontrole dos sentimentos coletivos pode levar a autocracias…

Para evitá-lo, precisamos disseminar o conhecimento….

Sim, combater fervorosamente toda a ignorância…

E deveríamos começar por ensinar as nossas crianças...

A saberem lidar com os próprios sentimentos…

É que face à nossa biologia…

É natural manifestarmos sentimentos como a raiva, o ódio...

Que levam a conflitos danosos…

É urgente, pois, ensinar a desenvolver a inteligência emocional…

Para mostrar as vantagens consequentes dos bons sentimentos...

E da contenção dos ruins…

E criarmos, assim, condições para uma vida melhor...

Em busca do progresso civilizacional…

É que se não cientificarmos as nossas atitudes emocionais...

Será inevitável a repetição da história…

O nosso corpo e a nossa mente estão programados...

Para a reprodução do que sempre fizemos…

Hoje, a ausência (para uma maioria) de conhecimento histórico sentimental…

Conduziu-nos às manifestações culturais provenientes dos sentimentos negativos…

E não nos esqueçamos…

O leque de emoções com que trabalhamos é o mesmo desde os primórdios…

Já com os sentimentos, avançamos em como lidar com eles…

Aprendemos a ser menos violentos do que há mil anos…

Também evoluímos na nossa bondade…

Talvez por isso ainda vivamos com alguma paz…

Mas há novos riscos…

Hoje a inteligência artificial já é capaz de simular emoções…

Mas não de sentir de verdade, justamente por não terem vida…

Estejamos, pois, muito atentos…

Para que não se criem ‘novos monstros' que nos veem como mais uma ameaça…”


(Inédito)

08 outubro 2022

DEEM-ME APENAS SILÊNCIO...

 

                                                                                                                          ('Post' da Internet)


 “O ruído desnecessário é a falta de atenção mais cruel que posso sentir…

Não! Mais ruídos não!

Deem-me, antes silêncio…

É que o silêncio tem um impacto enorme em mim…

E isso ajuda-me a ser mais flexível frente às mudanças…

É que o silêncio dá-me sentido à informação…

Integra-a na minha memória, ou descarta-a se for irrelevante…

E, sobretudo, ata os cabos que me permitem encontrar as soluções...

Pois… É no silêncio que melhor reflito sobre mim mesmo…

O que é essencial para reafirmar a minha identidade…

Ah! Deixem-me desfrutar do silêncio…

O ruído do mundo é para os viajantes cansados…

 Eu, enquanto amante do silêncio…

Prefiro diálogos mudos e incessantes…”


(Inédito)