A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

13 outubro 2022

ORAÇÃO... OU POESIA?

 

                                                                   ('Post' da Internet)


“Rezas e orações são coisas de padres e gurus espiritualistas…

Mas… E as pessoas comuns, porque oram?

Não sabem que a alma deseja uma só coisa, cujo nome esquecemos…

Será que as pessoas oram em busca desse nome esquecido?

Se for lembrado e pronunciado com toda a paixão do corpo e da alma…

Eu chamo a esse ato poesia…

Mas, admito… A esse ato também podemos dar o nome de oração…

Mas digo isto, porque orar tornou-se numa espécie de tagarelice…

Em que falamos muito e escutamos pouco…

Muitas palavras são ditas porque ainda não encontramos a única palavra que importa…

Temos conhecimento das palavras, mas ignoramos a Palavra…

E uma das palavras (ou talvez a única) que deveria preencher o léxico oratório é Amor!

É que para além das necessidades vitais básicas, a alma precisa de Amor…

Ou não estivesse o Amor em todos os lugares…

Na lua, na rua, nas constelações, nas estações, no mar, no ar…

E além do Amor estão as sensações que moram nos olhos…

Nos ouvidos, no nariz, na boca, na pele…

Mas… É verdade… A vida pesa…

Caminha-se com dificuldade…

O corpo arrasta-se…

E, por isso, as pessoas oram porque lhes falta algo…

E procuram, nessa ausência, a única coisa que importa: a Felicidade!

Acontece que a Felicidade não pode ser encontrada no mundo de fora…

A Fonte da Felicidade encontra-se no mundo de dentro…

O mundo de dentro a que alguns dão o nome de alma…

Mas para tal, temos de ultrapassar essa fronteira que é o nosso corpo…

Sim, o corpo é a fronteira entre o mundo de fora e o mundo de dentro…

E eles são completamente diferentes…

Será que em algum lugar escondido da alma se encontra a Fonte da Felicidade?

Talvez esteja por lá perdida…

E talvez, por isso, também o mundo interior se apague…

E o corpo fica como uma casa vazia…

E quando a casa está vazia, vai-se a Felicidade…

E depois…

O mundo de fora é como um mercado onde vivemos como pássaros engaiolados…

E pássaros engaiolados, por mais belos que sejam, não podem ser felizes…

Não! A alma não sobrevive em gaiolas…

O que deveríamos então fazer, é quebrar todas as gaiolas e vivermos livres… Em amor…

E aqui sim, entra o ato de orar…

Orar para invocarmos a Felicidade…

Por isso vos disse que para mim orações e poemas são a mesma coisa…

Palavras que se pronunciam a partir do silêncio, pedindo que o silêncio nos fale…

Como dizia Ricardo Reis:

- «É no silêncio que existe no intervalo das palavras que se ouve a voz…

De um Ser qualquer, alheio a nós que nos fala…»

O nome do Ser? Não importa!

Todos os nomes são metáforas para o grande mistério inominável que nos envolve…

Pois… Gosto de poesia… E de orar…

Porque ambas expressam as palavras que eu gostaria de ter dito, mas nunca consegui…

Ler… Escrever… Orar… São, pois, a música no meu silêncio…

E, também… Uma outra forma de amar…”


(Inédito)

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