A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

23 setembro 2022

AMA... CONHECENDO-TE A TI MESMO!

 

                                                                                                                     ('Post' da internet)


“Se pretendemos amar em plenitude… Até à exaustão…

Temos de nos amar a nós mesmos…

Mas, atenção neste ato de amor-próprio…

Podem acontecer inúmeros equívocos…

É que muitos confundem amor por si mesmo com egoísmo…

Mas isto só acontece se, antes de amar a si mesmo…

A pessoa não se conhecer a ela mesma…

Tal como amar a quem não se conhece…

Também constitui um grande equívoco…

Relações desta natureza cairão na necessidade de fuga de si mesmo…

  Assim, o verdadeiro amor, está muito mais relacionado a um encontro…

Ou melhor, a uma conexão…

Conexão implica complementaridade… E mútuo aprimoramento…

Tornamo-nos em pessoas melhores, na mesma medida…

Em que contribuímos para tornar os outros, também, em pessoas melhores…

E só podemos fazer parte deste processo, na mesma proporção…

Em que nos sentimos integrados com aquilo que essencialmente somos...

De novo, retornamos à questão do autoconhecimento...

  O princípio fundamental para amar o outro reside, pois...

Na capacidade de amar a si mesmo…

E, é impossível amar a si próprio, sem se autoconhecer…

Pois, aquele que não se conhece e não está integrado consigo mesmo…

Não possui a base necessária para amar…

E, inevitavelmente, confundirá amor com a fuga de si mesmo…

Ou seja, não vai se amar, mas autoafirmar para si…

Supostas verdades ou ilusões, que vão encobrir, na forma de disfarces…

A sua verdadeira realidade…

E, não vai amar o outro…

Mas, projetar nele, as insatisfações que não consegue assumir em si mesmo…”


(Inédito)

ENVELHECER... COM 'ESPÍRITO MADURO'...

 

                                                                                                                     ('Post' da Internet)


“Para muitos envelhecer é um tormento…

É que o tempo não se detém e o seu maior pavor é perder o bem supremo…

Odeiam pensar que estão a ficar velhos…

E aos poucos vão sendo devorados por dentro também…

Não perceberam…

Que se congelarmos o tempo e nos encerrarmos nesse casulo…

Estaremos liquidados antes mesmo que a juventude acabe…

Seremos a nossa própria ficção….

Mas a realidade continuará à nossa volta…

E um dia acabarão por descobrir que estão fora dela…

Não! Se quisermos viver, não vegetar na prateleira das nossas fantasias…

Teremos de encontrar nessa aflição o que restou da nossa personalidade…

Pois ela é quem vai nos dar mais consistência...

E capacidade de crescer até o último raio de lucidez…

Só assim se pode ter algum controle, não sobre o tempo…

Mas sobre o quanto ele vai nos favorecer ou aniquilar…

Envelhecer não é decadência, mas transformação…

E, simplesmente, temos de nos preparar para isso…

Dispostos a encarar a existência como um todo…

Com diversos estágios, variadas formas de beleza e até de felicidade…

E… Com muita paciência…

Pois, isso tem de ser conquistado passo a passo…

Existir no tempo foi-nos mostrado como uma corrida infausta...

Cada dia uma perda, cada ano um atraso…

E por imaginarmos que as nossas últimas décadas são apenas decadência…

Reforçamos o tabu que reveste essa palavra….Velhice… Envelhecer…

Palavras significam emoções e conceitos, portanto preconceitos…

Detestamos ou tememos a velhice pela sua marca de incapacidade e isolamento…

É algo a ser evitado como uma doença…

Não deixa de ser tolo encarar o tempo como um conjunto de gavetas compartimentadas…

Nas quais somos jovens, maduros ou velhos…

Porém só uma delas, a da juventude, tem direito a alegrias e realizações…

Não, nada disso! Adquirir sabedoria e um sensato otimismo…

São coisas que só podem melhorar com o correr dos anos…

Mas predomina a ideia de que a velhice é uma sentença...

Da qual se deve fugir a qualquer custo…

E muitos preferem dizer que são velhos na idade, mas ‘jovens de espírito’…

Porque ser ‘jovem de espírito’ é melhor do que ter um «espírito maduro’ ou velho?

Não é fantástico ter mais sabedoria, mais serenidade…

Mais elegância diante de factos que na juventude nos fariam arrancar os cabelos?

Ah! O ‘espírito maduro’ é bem mais interessante do que o jovem…

Mais sereno, mais misterioso, mais sedutor…

E depois… A vida é sempre a nossa vida…

Seja aos dez anos, aos trinta anos, ou aos setenta…

Dela podemos fazer sempre alguma coisa mesmo quando nos dizem que não…

E só seremos velhos...

Se acharmos que merecemos menos de tudo que ainda é possível obter…

Então, porque não optarmos antes…

Por nos apaixonarmos pelo processo de envelhecer…

Tornando-nos, a cada dia, na nossa melhor versão…”


(Inédito)

22 setembro 2022

EU NÃO TENHO IDADE...

 

                                                                                                        (Fotografia de Luís Borges)


"Alguns perguntam-me qual a minha idade...

E eu simplesmente respondo:

Eu não tenho idade...

Tenho apenas (alguma) experiência!

Cada ano vivido...

Tenho aprendido a lidar melhor com a vida...

E a vivê-la com mais intensidade...

Com mais paixão!

Aprendi, também, a lidar com os outros...

E a não dar tanta importância para o que não merece…

Aprendi que a opinião dos outros é apenas a opinião dos outros...

E que isso não interfere em nada na minha vida...

Se eu não permitir…

Aprendi a ser mais gente...

A estender a mão apenas quando me pedem ajuda...

A calar quando devo calar...

E a afastar-me quando já não pertenço ali…

Aprendi que a aceitação é uma das chaves-mestras desta existência...

E que ter um coração agradecido...

Faz, de facto, toda a diferença!

Aprendi, sobretudo...

A ser a minha melhor amiga...

E a ficar sempre do meu lado!

E, também... Aprendi a dizer e a ouvir um 'não' com sabedoria...

Aprendi que não devo esperar muito dos outros...

Bem pelo contrário...

Nada devo esperar!

Aprendi a manter a calma...

A consolar-me a mim mesma...

E a pedir ajuda quando esse consolo não for o suficiente…

E muito importante...

Aprendi a ouvir e a confiar na minha intuição...

Pois ela é a voz de Deus em mim!

Aprendi que eu não tenho nada...

Tudo é ilusão…

E com toda esta experiência...

Aprendi... Que só envelhecemos, de facto...

Quando nos fechamos para a vida...

E para o novo...

Quando nos opomos à mudança...

Quando nos tornamos radicais...

Impacientes e inflexíveis...

Quando nos conformamos com a nossa infelicidade…

É por isso que eu não tenho idade...

Tenho apenas... (Alguma) experiência...

Sim, tenho vida!

E cada ano que passa...

Aprendo a lidar melhor com ela...

E quanto mais aprendo...

Mais ela me preenche!"


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")

ANTES SOLIDÃO ESCOLHIDA... QUE SOLIDÃO ACOMPANHADA...

 

                                                                    ('Post' da Internet)


“Quantas vezes nos sentimos sozinhos…

E mesmo rodeado de pessoas…

Mas, pior, é quando temos alguém ao nosso lado…

Que nos faz sentir ainda mais sozinhos…

É a chamada ‘solidão acompanhada’…

Quem se submeter a essa situação…

Provavelmente sentirá um enorme vazio…

E às vezes leva tempo para entender de onde vem esse sentimento de vazio…

O facto é que as feridas emocionais vão-se instalando suavemente…

E um sentimento profundo de culpa aparece frequentemente…

E aí… A solidão é sentida como uma rejeição…

E, pouco a pouco, sentimo-nos cada vez mais indignos de afeto…

Ah! Saia dessa enquanto é tempo!

Ou entrará num estado de apatia e perderá a alegria de viver…

E não caiam também no erro de tentar reaproximar-se do outro…

Pois, essa procura de conexão pode transformar-se em busca de aprovação…

O que acabará gerando uma dependência emocional…

Sim, é difícil acabar com tudo!

É que nas relações interpessoais, nada é preto e branco...

Aquela pessoa que hoje nos faz sentir sozinhos…

Outrora pode ter sido uma fonte de alegria, apoio e satisfação…

E essas lembranças fazem-nos ficar presos ao passado...

Evitando os problemas do presente…

É, pois, provável que nos acostumemos a essa situação…

Que tenhamos encontrado um equilíbrio dentro desse mal-estar…

E temos medo de que a nossa decisão piore ainda mais as coisas…

O hábito e as rotinas são motivos fortes...

Que nos mantêm presos a situações que nos magoam...

Amigos… Leitores…

A solidão escolhida, o desfrutar da nossa própria companhia...

É um presente extraordinário…

É um ato de auto-estima e muitas vezes até mesmo de sobrevivência…

O dar-nos uma oportunidade a nós mesmos...

É o melhor presente que podemos nos oferecer...

Aprendamos, pois, a gostar de nós mesmos…

Desfrutemos da nossa própria companhia…

E passemos a fazer as coisas que nos agradam e nos fazem sentir vivos…

É, afinal, um novo estágio de crescimento e descoberta…

Que nos ajudará a aceitar e fechar as feridas...

Deixadas por quem nos fez sentir ainda mais sozinhos…”


(Inédito)

SIMPLESMENTE AMAR...

 

                                                                                                       (Fotografia de Luís Borges)


"O Homem que também é amigo dos rios...

Dos oceanos e das estrelas...

Engrandece em amor...

Cresce em consciência....

Não renuncies nunca, por isso, caro amigo...

A amar...

Apesar da aridez do coração com que por vezes somos confrontados...

É que o amor é a grande força que sustenta o universo...

Sem ele...

O mundo viveria um inverno perpétuo..."


(In "Uma vida... E um par de botas...")

O CORAÇÃO TAMBÉM TEM AS SUAS RAZÕES...

 

                                                                                       ('Post' da Internet)


“O amor continua a ser visto como um tema menor…

Apesar de ser fonte de enormes sofrimentos para a grande maioria…

E de grandes alegrias para um pequeno grupo de bem-aventurados…

De facto, o amor é um fenómeno mágico…

Que se apossa de nós de uma hora para a outra…

E sem nenhum fundamento lógico ou racional…

Talvez, por isso, poucos conseguiram estudá-lo…

E o tema ficou reservado para os poetas…

Hoje fala-se mais de sexo…

E diz-se até que o amor é coisa de mulheres…

Os homens são mais práticos…

Tudo errado!

Na realidade, os homens são mais românticos, pois encantam-se com mais facilidade…

As mulheres agem de forma bem mais racional que os homens…

Mas as reflexões sobre a racionalidade do amor…

Têm muito a ver com os critérios de escolha dos parceiros amorosos…

Hoje quando vivemos tempos mais ‘unissex’…

As afinidades tornaram-se indispensáveis…

No passado, os homens mandavam e as mulheres obedeciam…

A ideia de complemento era, pois, bem prática e racional:

- Um tem o que falta ao outro…

Não só eram diferentes, mas opostos quanto ao caráter…

Hoje as relações entre afins são muito raras…

Na hora de se unirem, parece que são o testo e a panela…

Unem-se por força das suas diferenças…

Discutem o tempo todo por causa delas…

E separam-se em virtude delas…

Ah! Mas quando há paixão a sério…

Aí despoleta-se um estado emocional alterado…

Até há quem perca peso, outros dormem pouco…

Pensa-se no amado o tempo todo…

Mas sabem, nestes casos…

O que está associado ao encantamento é um enorme medo:

- O medo de que o amado desista da relação…

- O medo de se entregar a ela e se diluir no amado…

- E um medo ainda mais esquisito, o medo da felicidade sentimental!

É como se ache que coisa muito boa atraia tragédia…

Tudo parece desprovido de lógica…

Mas o encaixe intenso provoca um medo explicável…

E que deveria ser bem entendido e enfrentado…

Mas nada disto tem a ver com o sexo…

O sexo e o amor estão longe de ser parte do mesmo ‘impulso’…

O amor tem a ver com o encontro de alguém com quem nos sentimos aconchegados…

Existe uma sensação de completude que se rompe com o nascimento…

Desde o nascimento, a sensação de desamparo e incompletude persegue-nos…

E é atenuada através dos elos sentimentais…

É claro que o primeiro amor que nos aconchega vem da nossa mãe…

Sendo os amores românticos adultos...

Apenas uma das formas de expressão desse sentimento…

O amor é paz e atenua a dor do desamparo…

É, pois, um prazer chamado de ‘negativo’, ou seja, alivia uma dor preexistente…

Depende da presença de uma outra pessoa, sendo sempre interpessoal…

Não existe, pois, amor por si mesmo…

O sexo é diferente:

- Começamos por descobri-lo ainda crianças quando a curiosidade despertou…

E passou a implicar todas as partes do corpo…

Permanecendo pessoal ao longo de toda a vida…

Tão pessoal, tão pessoal, que dá até para fazer sozinho!

E é prazer positivo...

Pois não depende de desconforto prévio para nos provocar as suas sensações...

Ah! Já o amor tem que ser paz, aconchego, companheirismo e ajuda recíproca…

Se não é melhor ficar sozinho…

No futuro próximo, não existirão mais casamentos de má qualidade…

Só existirão as pessoas ‘bem-solteiras’ e as ‘bem-casadas’…

Os bons casamentos são baseados em afinidades e recíproca admiração…

A razão participa tanto das más escolhas como das de qualidade…

A persistência em escolhas equivocadas é fruto da ação racional…

Que, por medo do amor, opta por relacionamentos ruins…

Quem sabe escolher mal também sabe escolher corretamente!

Não se esqueçam, então...

As relações de boa qualidade contemplam os 3 avais:

- O erótico…

- O do coração…

- E, principalmente, o da razão…

Os que negligenciarem as razões da razão…

Certamente estarão a envolver-se numa empreitada com prazo de validade curto…"


(Inédito)

ESTRADA DESERTA...

 

                                                                                          ('Post' da Internet)


“E assim continuo caminhando na vida… Sozinho…

A estrada está deserta…

Não há ninguém no caminho…

Tudo deserto…

E a caminhada é longa…

Como é longa a noite escura…

No frio, no escuro, no abandono…

Olho em volta e procuro a luz…

Mas os meus olhos estão cegos…

Olham para o passado e choram de dor…

Continuo… Continuo sozinho…

Na estrada deserta…

Sempre a procurar o tempo perdido…

Mas nem esse me faz mais companhia…

Resta-me caminhar… Apenas caminhar…

Nesta estrada deserta…”


(Inédito)

21 setembro 2022

LOUCOS DE AMOR...

 

                                                                 ('Post' da Internet)

"Não, não sou louco...

O espírito somente é que me quebrou um elo da matéria...

Pensem, pois, melhor...

Pensem e serão livres como eu...

E sejamos sim, loucos...

Mas apenas no amor...

Pois, só os loucos de amor abrem caminhos...

Que emprestam aos 'aprisionados mentais'..."


(Inédito)

SUBIR A MONTANHA...

 

                                                                                                            (Fotografia de Luís Borges)


"Deixemos de subir a montanha para colocar bandeiras…

Ou pior…

Deixar marcas…

Subamo-la para aceitar o desafio…

Desfrutar do ar puro…

E apreciar as vistas…

Subamo-la para que possamos ver o mundo…

Não para que o mundo nos possa ver…”


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")


MUDANÇA... O ELIXIR DA JUVENTUDE!

                                                                                ('Post' da Internet)

 

“Vivemos no século XXI…

Mas ainda não descobrimos o elixir da juventude eterna…

 Andamos todos à procura da reversão do tempo…

Mas quanto mais ele passa, mais velhos ficamos…

Amigos… Esqueçam essa do ‘elixir’…

A fonte da juventude chama-se mudança!

A única maneira de sermos idosos sem envelhecer…

É não nos opormos a novos comportamentos…

É ter disposição para mudar de rumo…

Sim, há que mudar… E constantemente…

Mas, alerta-se:

Toda a mudança cobra um alto preço emocional…

Antes de tomar uma decisão difícil, os questionamentos são inúmeros…

E sim, a vida se desestabiliza… No início…

Mas, então, chega o depois, a coisa feita…

E aí a recompensa fica escancarada na cara…

É que as mudanças fazem milagres pelos nossos olhos…

E é no olhar que se percebe a tal juventude eterna…

Esqueçam qualquer cirurgia plástica…

Porque não existe plástica que resgate o nosso brilho…

Quem dá brilho ao nosso olhar é a vida que escolhemos levar…

E um olhar iluminado, vivo e sagaz impede que envelheçamos…

Estão mesmo dispostos a mudar?”


(Inédito)

20 setembro 2022

DAR PÉROLAS A PORCOS...

 

                                                                 (Fotografia de Luís Borges)


“Não dês pérolas a porcos…

Os porcos gostam mesmo é de lavagem…

E depois…

Eles não saberão o que fazer com elas…

Apenas perderás as tuas pérolas…

E eles não têm qualquer culpa disso…

Talvez nós, é que deturpemos tudo…

É como falar de amor a quem tem o coração cheio de amargura…

Ou de liberdade a quem sempre viveu engaiolado…

Não percamos tempo, pois…

Não demos pérolas a porcos…

Até para um asno a erva é melhor que ouro…

Mas, estejamos atentos…

Pois, se insistirmos em dar pérolas a porcos…

Há sempre alguém à espreita com esperança de as apanhar…

E depois…

Deixemos as ostras em paz!”


(In "Hipersent...")

AMOR NO SOFÁ... DO PSICANALISTA...

 

                                     ('Post' da Internet)


“O amor é um tema universal que desperta as mais variadas reflexões…

Mas… O que, afinal, significa amar?

Sabemos que amor é ‘algo’ automático e frequentemente inconsciente…

Que o psicanalista chama transferência…

Pois, amar alguém é acreditar que, ao amá-lo...

Se alcançará uma verdade sobre si mesmo…

Ama-se aquele que conserva a resposta…

Ou uma resposta, à famosa questão: «Quem sou eu?»

Mas se o amor é universal…

Porque alguns sabem amar e outros não?

Há uns quantos que sabem provocar o amor no outro…

São aqueles que sabem quais os botões a apertar para se fazer amar…

Porém, não necessariamente amam...

Mais brincam ao gato e ao rato com as suas presas…

Para amar é necessário confessar a sua falta…

E reconhecer que se tem necessidade do outro… Que o outro lhe falta…

Ser completo sozinho? Só quem não ama pode acreditar nisso…

Amar é reconhecer a sua falta e doá-la ao outro… Colocá-la no outro…

Não é dar o que se possui… É dar algo que não se possui...

Que vai além de si mesmo…

Para isso, é preciso assegurar-se da sua falta… Da sua castração…

Só se ama, pois, a partir de uma posição feminina…

Sim, amar feminiza!

É por isso que muitos homens se acham ridículos quando amam…

Porém, se eles se deixarem intimidar pelo ridículo…

É porque, na realidade, não estão seguros da sua virilidade….

Por isso, entendam mulheres…

É muito mais difícil amar para um homem!

O homem enamorado tem retornos de orgulho…

Assaltos de agressividade contra o objeto do seu amor…

Porque esse amor o coloca na posição de incompletude… De dependência…

É por isso que pode desejar as mulheres que não ama…

A fim de reencontrar a posição viril que coloca em suspensão quando ama…

Freud denominou isso a «degradação da vida amorosa» no homem…

Ou seja, a separação do amor e do desejo sexual…

Já na mulher é diferente…

Quanto muito, acontece o desdobramento do parceiro masculino…

De um lado, está o amante que a faz gozar e que ela deseja…

Porém, há também o homem do amor, feminizado, funcionalmente castrado…

Mas que fique claro, não é a anatomia que comanda…

Pois, há mulheres que adotam uma posição masculina…

Um homem para o amor, em casa…

E homens para o gozo, encontrados no trabalho, na internet, na rua…

É que os estereótipos socioculturais da feminilidade e da virilidade...

Estão em plena mutação…

Os homens são convidados a acolher as suas emoções, a amar, a se feminizar…

As mulheres conhecem, ao contrário, um certo ‘fazer-se-homem’…

Daí, cada vez mais, assistirmos a uma grande instabilidade dos papéis…

Uma fluidez generalizada do teatro do amor…

Que contrasta com a rigidez de antigamente…

Tal como afirmou Bauman, o amor tornou-se líquido…

Cada um é levado a inventar o seu próprio ‘estilo de vida’…

E a assumir o seu modo de ter prazer e de amar…

A tradição caiu em lento desuso…

Ah! Mas importante é que o amor é um vai e vem…

O que não quer dizer que é suficiente amar alguém para que ele nos ame…

O amor é recíproco porque o amor que se nutre pelo outro…

É efeito do retorno da causa do amor que o outro é para nós...

Portanto, o nosso amor pelo outro não é só assunto nosso, mas dele também…

E a ‘alma gémea’, aquele ‘ser especial’, existe isso?

Existe a condição do amor, a causa do desejo…

É como um traço particular que tem para cada um...

Função determinante na escolha amorosa…

E é próprio de cada um, tem a ver com a história singular e íntima de cada um...

Percebam…

A realidade do inconsciente ultrapassa a ficção…

A vida humana, e especialmente o amor, é composta por milhões de ‘divinos detalhes’…

É verdade que, sobretudo no homem, encontram-se tais causas do desejo…

Sim, o que chamamos fetiches...

Cuja presença é indispensável para desencadear o processo amoroso…

As subtis particularidades…

Que relembram o pai, a mãe, o irmão, a irmã, a tal personagem da infância…

E que também têm o seu papel na escolha amorosa das mulheres…

Porém, a forma feminina do amor é, de preferência, mais erotómana que fetichista…

A mulher quer ser amada…

E o interesse, o amor que alguém lhes manifesta…

Ou que elas supõem no outro…

É sempre uma condição ‘sine qua non’ para desencadear o seu amor…

Ou, pelo menos, para ela dar o seu consentimento…

É aqui que assenta o fenómeno da corte masculina…

E por isso, serem tão importante as fantasias…

Nas mulheres, quer sejam conscientes ou inconscientes…

São mais determinantes para a posição de prazer do que para a escolha amorosa…

E é o inverso para os homens…

Quanta mulher só consegue obter o orgasmo…

Com a condição de se imaginar, durante o próprio ato…

Sendo batida, violada, ou de ser uma outra mulher…

Ou ainda de estar ausente, noutro lugar…

Já o homem tem outra fantasia…

É como amor à primeira vista…

Sobressai, de imediato, a qualidade maternal da mulher que desencadeia o amor…

Ou reencontra nela os traços que evocavam o que ele próprio era quando tinha 20 anos…

Freud também falou sobre isso…

 O homem ama a pessoa que protege, por exemplo a mãe…

Ou a uma imagem narcísica dele mesmo…

É… O amor tem mesmo muito que se lhe diga…

Entre o homem e a mulher nada está escrito por antecipação…

Não há bússola, nem proporção pré-estabelecida…

O encontro não é programado como o do espermatozoide e do óvulo…

Os homens e as mulheres falam, vivem num mundo de discurso…

E isso é determinante!

As modalidades do amor são ultrassensíveis à cultura ambiente…

Cada civilização distingue-se pela maneira como estrutura a relação entre os sexos…

Hoje o ‘múltiplo’ parece ter destronado o ‘um'...

O grande amor de toda a vida cedeu, pouco a pouco, terreno…

Para o ‘speed dating’ e toda a variedade de cenários amorosos alternativos…

Sucessivos, inclusive simultâneos… Sim, o ‘poli-amor’…

Com toda esta complexidade… Será, ainda o amor eterno?

Dizia Balzac: «Toda a paixão que não se acredita eterna é repugnante»…

De novo, dizem os analistas… Sim, os da psique humana…

Quanto mais um homem se consagra a uma só mulher…

Mais ela tende a ter para ele uma significação maternal…

Quanto mais sublime e intocada, mais amada…

E quando uma mulher se agarra a um só homem, ela o castra…

Portanto, o caminho é estreito…

Talvez o melhor caminho do amor conjugal seja a amizade, como dizia Aristóteles…

O problema é que os homens dizem não compreender o que querem as mulheres…

E as mulheres, o que os homens esperam delas…

Aqui a objeção, é que o diálogo de um sexo com o outro é impossível…

Os amantes estão, de facto, condenados a aprender a língua um do outro…

Tateando, buscando as chaves, sempre revogáveis…

Amigo, caro leitor… Apaixonado… Ou não…

É melhor não pensar muito…

É que o amor é um labirinto de mal-entendidos onde a saída não existe!

Então… Não pense muito…

Simplesmente… Ame…

Ame intensamente… Como se não houvesse amanhã!”


(Inédito)