A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

13 fevereiro 2023

E SE NÃO HOUVER AMANHÃ?

 

                                                                                                (Fotografia da Internet)


“Eu costumava deixar muitas coisas para amanhã…

Mas, hoje, quando acordei pela manhã…

Uma pergunta ressoou na minha alma:

E se não houver amanhã?

Ah! Hoje eu vou dizer-te quão importante tu és para mim…

Hoje, eu quero ficar um pouco mais ao teu lado…

Ouvir-te com mais atenção, observar os teus gestos mais singelos…

Decorar o tom da tua voz, olhar o teu jeito de andar, de abraçar…

Hoje, eu quero saber qual é a tua comida preferida…

A música que tu mais gostas, qual a tua cor preferida...

Hoje, eu vou descobrir todos os teus desejos…

Os teus sonhos mais secretos e tentar realizá-los…

Hoje, eu quero fazer uma prece ao teu lado…

Subir aos céus contigo, pelos fios invisíveis da oração…

Hoje, vou agradecer-te, pedir-te perdão…

Por ter deixado todas estas coisas para amanhã…

Pois, descobri hoje de manhã…

Que o amanhã é apenas uma promessa...

O hoje é o presente… E um presente!

E depois… Talvez o amanhã não nos encontre juntos…

Por isso eu não quero deixar nada para amanhã…

Pois, se o amanhã chegar e não nos encontrar juntos…

Tu saberás tudo o que sinto por ti…

Nada ficará pendente...

Principalmente o quanto tu és importante para mim!”


(In "O amor... Sempre o amor...")

12 fevereiro 2023

ESPELHO EXISTENCIAL…

 

                                                                 (Fotografia da Internet)


“Espelhos, há muitos…

Mas… De que espelhos falamos?

Há-os bons e há os maus…

Sim, os que nos favorecem e os que nos detraem…

E, também… Os que são apenas honestos…

Mas como perceber o ponto dessa honestidade?

Como é que somos, de facto, no visível?

Se nunca pensámos nisto…

É porque vivemos de modo incorrigível…

Distraídos das coisas mais importantes…

Ainda que os próprios olhos de cada um de nós…

Permaneçam viciados de origem…

Ou não fossem os olhos a porta do engano…

Duvidemos, pois deles, não de nós…

Mas, entenda-se que estes reparos limitam-se apenas aos espelhos planos…

Os de uso comum…

Os demais — côncavos, convexos, parabólicos…

Desses, rimo-nos, nos parques de diversões…

Quando nos reduzem a mostrengos, esticados ou globosos…

Mas se só usamos os planos…

Deve-se a que a humanidade primeiro mirou-se nas superfícies das águas quietas…

Contudo, tal como já haviam predito ao belo Narciso…

Só se vive apenas enquanto a si mesmo não se vê…

Pois… Também há uns tempos atrás eu me vi ao espelho…

E logo me questionei:

«Quem sou eu, afinal?»

Desde aí, comecei a procurar-me…

Não a mim… Mas ao eu por detrás de mim…

E foi nesse momento… De olhos contra os olhos…

Que vislumbrei para lá de uma máscara…

Porque, o resto… O rosto… Muda constantemente…

Sendo assim...

Necessitava eu de transverberar aquela máscara…

E encontrar a minha vera forma…

Pouco a pouco, no campo-de-vista do espelho…

A minha figura reproduzia-se-me lacunar…

Com atenuadas, quase apagadas de todo, aquelas partes excrescentes…

Optei, então, por tratar as outras componentes…

Aquelas mais contingentes e ilusivas…

Comecei pelo elemento hereditário — as parecenças com os progenitores…

Que são também, nos nossos rostos, um lastro evolutivo residual…

E, em seguida, o que se deveria ao contágio das paixões…

Manifestadas ou latentes…

O que ressaltava das desordenadas pressões psicológicas transitórias…

E, ainda, o que no meu rosto se materializa como ideias e sugestões de outrem…

Mas, sem menos, logo me acovardei…

E preferi deixar de me olhar em mais qualquer espelho…

Até ao dia em que voltei a olhar num espelho e já não me vi…

Não vi nada…

Só o campo, a vacuidade aberta à dispersão da luz…

Ofuscando tudo…

Eu não tinha formas, nem sequer um rosto…

Eu era agora apenas um transparente contemplador…

Despojara-me até à total desfigura…

Serei eu, afinal, um… Desalmado?

Então, o que se me fingia de um suposto eu…

Não era mais que um pouco de herança, de soltos instintos…

Energia passional estranha, um entrecruzar-se de influências…

E tudo o mais que na impermanência se indefine…

O espírito do viver não passando de ímpetos espasmódicos…

Relampejados entre miragens…

A esperança e a memória…

Mas… Será, afinal, que existo?”


(In "Crónicas Mundanas...")

11 fevereiro 2023

DÓI O AMOR…

 

                                                                                                                        ('Post' da Internet)

 

“As costas não doem…

Doem as cargas…

 Os olhos não doem…

Dói a injustiça…

A cabeça não dói…

Doem os pensamentos…

A garganta não dói…

Dói o que não se expressa…

O estômago não dói…

Dói o que a alma não digere…

O fígado não dói…

Dói a raiva contida…

 O coração não dói…

Dói o amor…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

10 fevereiro 2023

PERNAS PARA QUE TE QUERO…

 

                                                                                                                   (Fotografia de M. Q.)


“Uns dirão:

Ah! Que belas pernas…

Para outros são apenas pernas calcorreando a calçada…

Pernas solitárias que caminham aos pares…

Mas, belas, ou não…

As pernas são como poesia…

Mistura de ritmo com calmaria…

E quando bate a correria…

Ah! Pernas para que te quero…

Sendo assim…

Todos precisamos delas para caminhar…

E que feliz aquele que caminha pelas suas próprias pernas…

Tomando as suas próprias decisões…

Tendo a verdade como impulso…

Pois, como diz o povo:

«A mentira tem perna curta!»”


(In "Crónicas Mundanas...")

09 fevereiro 2023

ESCOLHER AMAR… E COMO AMAR…

 

                                                                                                   (Fotografia da Internet)


"Depois de muitos anos de vida…

Aprendemos que o ‘nunca’…

Nunca se cumpre…

E que o ‘para sempre’…

Sempre acaba...

Que as coisas raramente acabam…

Como esperamos…

Não vale a pena, pois, fazer planos…

Até para que eles não colidam…

Com os planos que a vida tem para nós…

Há que viver, simplesmente, o aqui e o agora…

O amanhã? Ele virá de qualquer forma!

E depois… É só mais um dia…

Mais um dia de escolhas…

Ou não fosse a vida feita de escolhas…

Ainda que a maioria delas não sejam feitas por nós…

Sobram-nos mais as consequências…

Mas, pelos menos, duas escolhas poderemos fazer:

A primeira é a amar…

Ainda que não saibamos quem vamos amar…

E a segunda…

É escolher como vamos amar!”


(In "O amor... Sempre o amor...")

08 fevereiro 2023

MENTIRA!

 

                                                                                                                        ('Post' da Internet)


“Tudo é mentira…

Até a própria mentira se tornou mentira…

Mentimos sobre tudo e por tudo…

Mentimos sobre a terra e até sobre o céu…

Mas talvez hoje a mestre da mentira seja a política…

Ela mente por inteiro…

Ainda que através de partidos…

Mente nas promessas…

Mente no progresso…

Mente nas soluções…

E depois… Mente também nas eleições…

Será o Homem um mentiroso compulsivo?

Porque mente ele nos atos e nas coisas?

Mente no rosto, na postura, no gesto, na palavra...

Ah! A mentira é geral…

Vivemos o paradigma da mentira…

A nossa consciência está de tal forma ofuscada pela mentira…

Que já não conseguimos discernir a mentira da verdade…

Até os mentirosos já mentem a si mesmos…

E nem os incólumes sabem se estão, ou não a mentir…”


(In "Crónicas Mundanas...")

07 fevereiro 2023

AMOR DE VERDADE…

 

                                                                                        ('Post' da Internet)

 

"Se sentires amor… Que seja leve…

Para que os corações se enlacem um no outro…

Mas, que seja amor de verdade…

E não supressão de carência por não saberes ser sozinho…

Que seja um amor que respeite a liberdade do outro…

Sim, e que mantenha a de cada um…

Pois, é importante ser livre, estando junto…

Ah! E que seja para rir muito…

Chorar pouco, dividindo as emoções do dia-a-dia…

E ainda que seja amor… De verdade…

Que seja também amizade…

Porque nada melhor do que ser amigo do amor…

É muito bom amar…

 Crescer junto, melhorar junto…

Aprender junto…

A ler o amor…

Nas entrelinhas da relação…

Mostrando ao mundo o poema mais lindo…

Que só corações puros sabem escrever…"


(In "O amor... Sempre o amor...")

06 fevereiro 2023

O BEM… E O MAL…

 

                                                                             (Fotografia da Internet)

 

“Muito se tem esforçado o mal para iludir o bem…

Desde sempre tentou vencê-lo, substituí-lo…

Ah! Quanta injustiça, mentira, egoísmo, cobiça…

Todas estas e outras tantas vilipendias…

Continuam a fazer-se sentir aos olhos do indivíduo…

Aos olhos da sociedade…

Mas ainda que alguns continuem a preferir o mal ao bem…

O bem jamais se verá desterrado pelo mal…

Sejamos pacientes…

O mal ainda mexe…

Sobretudo, o mal político que fala todos os idiomas da mentira…

Mas esse pratica o mal porque não sabe ainda o que é o bem…

E é assim que se sente bem…

Fazendo-nos sentir mal…

Não nos deixemos, pois, influir…

E demos nós, o primeiro passo para o bem…

Não façamos, pois, mal!”


(In "Crónicas Mundanas...")

05 fevereiro 2023

AMO-TE! OU SERÁ QUE APENAS TE QUERO?

 

                                                                                                                           ('Post' da Internet)

 

“«Amo-te!» – Disse o Principezinho...

«Eu também te quero!» - disse a Rosa…

«Não é o mesmo!» – Respondeu ele...

Querer é possuir algo... De alguém...

É procurar nos outros aquilo que nos enche as expectativas…

Querer é tornar nosso... O que não nos pertence...

É assumirmo-nos como donos... Ou desejarmos algo para nos completarmos...

Porque em algum ponto de nós mesmos reconhecemo-nos carentes...

Querer é apegar-se as coisas e as pessoas desde as nossas próprias necessidades...

Então... Quando não temos reciprocidade... Sobressai apenas sofrimento...

Quando o ‘bem’ querido não nos corresponde...

Sentimo-nos frustrados e dececionados...

Cada ser humano é um Universo...

Por isso... Amar é desejar o melhor para o outro…

Ainda que tenhamos motivações muito diferentes…

Amar é permitir que o outro seja feliz…

Ainda que os nossos caminhos sejam antagónicos…

Amar é um sentimento desinteressado... Que nasce no dar-se…

Dar-se por completo desde o coração...

Assim... O amor jamais será causa de sofrimento….

Quando alguém diz que sofreu por amor...

Na realidade sofreu por querer... Não por amar...

Sofremos pelo apego...

Se realmente amamos… Não podemos sofrer, pois nada esperamos do outro...

Quando amamos, entregamo-nos sem pedir nada em troca…

Apenas pelo simples prazer de dar…

Mas só podemos amar o que conhecemos…

Porque amar, implica tirar do vazio, confiar a vida e a alma...

E a alma não se pode indemnizar…

E conhecer-se é, justamente, saber do outro, das suas alegrias, da sua paz...

Mas, também dos seus ‘defeitos’, das suas ‘lutas’, dos seus ‘erros’....

Porque o amor transcende tudo isso...

Não é apenas para os momentos de alegria...

Amar é a confiança plena de que aconteça o que acontecer... Vamos estar...

Não porque o outro nos deva alguma coisa... Não com possessão egoísta…

Mas antes, estar em companhia silenciosa...

Amar é saber que o tempo não passa...

Amar é partilhar um lugar no nosso coração...

E… Dar amor…

Incrivelmente não se esgota...

Bem pelo contrario... O amor aumenta ainda mais...

«Já entendi» - Disse a Rosa...

«Não, não o entendas… VIVE-LO!» - disse o Principezinho...”

 

(In "O amor... Sempre o amor...")


Nota: Texto escrito a partir da obra de Antoine de Saint-Exupéry “O Principezinho”

04 fevereiro 2023

QUEM SOMOS?

                                                                              (Fotografia da Internet)


“Somos… O que somos…

E aquilo que somos está ainda por descobrir…

Quanto muito, poderemos saber o que não somos…

Não somos, por exemplo, do mundo…

E ao contrário do que muitos pensam, nem nele estamos…

Pois, o mundo não é…  Só nós somos!

O mundo, esse criamo-lo com a nossa imaginação…

Somos individualidade, singularidade, o mundo não!

Ah! Quem somos?

Será que o questionamento de nós mesmos nos levará a algum lado?

E precisaremos de conhecer todos os ‘porquês’ e todos os ‘comos’?

Estou em crer que o rol de perguntas nunca terminaria…

Por isso, eu cá, prefiro abandonar todos os desejos…

Manter a minha mente em silêncio…

E, aí sim, talvez descobrir alguma coisa…”


(In "Indualidades...")

03 fevereiro 2023

HOMEM DOMESTICADO…

 

                                                                                                                         ('Post' da Internet)

 

“O Homem foi domesticado pela sociedade…

E tornou-se dependente da multidão…

Hoje todos querem pertencer a alguma coisa…

A um país, a uma raça, a um clube, a uma religião…

E, por vezes, até isso lhes parece insuficiente…

 Não podem é ficar sozinhos…

Têm de estar constantemente cercados por outras pessoas….

Qual ilha rodeada de gente… Por todos os lados…

Só assim conseguem manter o foco, sentirem-se vivos…

Mas… A multidão não permite que o Homem seja ele mesmo…

 Por que tens medo da solidão, Ó Homem?

Não é a solidão uma das experiências mais bonitas da vida?

Ou será porque te fizeste também prisioneiro da tua mente?

 Afinal, ela mesmo mais um agente da multidão à qual tu pertences…

Sim, ela também está ao serviço da multidão…

A sociedade infiltrou-a como mais um agente…

Pois, assim, mais facilmente agirás de acordo com as suas regras…

 Queres ser livre Homem?

Coloca, então, a tua mente de lado e procura ficar sozinho contigo mesmo…

Pois com a mente jamais estarás realmente sozinho…

É que as vozes dos pais, dos professores, dos padres e dos políticos...

Estão gravadas na mente…

E a tua mente apenas continua a reproduzi-los…

Foi assim, que pouco a pouco a sociedade te domesticou, Ó Homem…”

 

(In “Indualidades…”)

02 fevereiro 2023

MORRER DE AMOR…

 

                                                                                                                         ('Post' da Internet)

 

“O amor é uma doença grave e muito contagiosa…

Ainda que benigna, é uma doença que nos devora…

O seu diagnóstico é fácil…

Basta verificar as profundas olheiras da alma…

Ah! Muitas noites mal dormidas…

Mas, sobretudo, muita ausência de abraços…

E sim, muitas dores…

No corpo, na alma… E no coração…

As febres interiores são elevadíssimas…

E progridem exponencialmente ao amar…

Levando-nos a dizer parvoíces e a fazer estupidezes…

Podendo mesmo, levar-nos à cegueira…

E em muitos casos até à loucura…

É uma doença que pode ser provocada…

E jamais impedida…

E quando a doença se generaliza, nada há a fazer…

Se forem vítimas desta fatal doença…

Não resistam…

Deixem-se apenas cair na cama…

E acalmem o amor febril entrelaçando os corpos no prazer…”


(In "O amor... Sempre o amor...")

01 fevereiro 2023

ENSAIO SOBRE A LOUCURA…

                                                                                                                 (Fotografia da Internet)


“Olhar a vida através da loucura…

É como vislumbrar o mundo quando acordamos…

Para um mundo que ainda permanece entorpecido…

Sim, naquele lusco-fusco entre a sanidade e a insanidade…

Percecionando com o nosso Ser…

Realidades que ninguém mais vê…

De facto, precisamos ser muito loucos…

Para acompanhar este mundo apressado com os seus influxos contraditórios…

Por isso…

Para os loucos o mundo gira em torno deles…

E eles… Giram por aí…

Como folhas pelo ar…

Sem quererem saber onde vão cair…

É que o mundo é deles…

E eles dão-no para quem o quiser…

Ah! Louco é o mundo!

Loucos são apenas como moinhos de vento…

Onde habitam pensamentos esquecidos…

Pobre Dulcineia tão prendada…

E tão enredada nas loucuras de um Quixote…

E aquela outra…

Aquela que recebeu a orelha do Gogh…

Também seria verdade?

Ele seria louco… Por simplesmente amar…

Ou antes loucos, os que transformaram em milhões as suas pinturas?

Mas juntemos todos os tempos…

De Homero à antiguidade clássica...

Acrescentemos a idade média…

Sim, com os padres que curavam a loucura nas fogueiras…

E deixemos que Freud fique ocupado com o assunto…

É que a loucura é simples conjugação da inebriação e da ignorância…

Da nossa… Não da deles…

Mas engane-se quem pensa que o louco é prisioneiro dele mesmo…

Ou pior… Que os remédios lhe fazem bem…

É que o louco tem uma alma livre…

Uma alma que vive num corpo que não pertence a ninguém…

Talvez por isso a sociedade tema os loucos…

E sempre se quis ver livre deles…

Trancando-os em hospícios e manicómios…

Porque o diferente nos causa tanto medo?

Se a loucura não se transmite…

Não existirá uma certa loucura em cada um de nós?

Quem nunca cometeu um ato insano que atire a primeira pedra!

Não, eu não sou louco…

Louco é quem me chama!

E depois…

Ao perto ninguém é normal…”


(In "Crónicas Mundanas...")