“Olhar
a vida através da loucura…
É
como vislumbrar o mundo quando acordamos…
Para
um mundo que ainda permanece entorpecido…
Sim,
naquele lusco-fusco entre a sanidade e a insanidade…
Percecionando
com o nosso Ser…
Realidades
que ninguém mais vê…
De
facto, precisamos ser muito loucos…
Para
acompanhar este mundo apressado com os seus influxos contraditórios…
Por
isso…
Para
os loucos o mundo gira em torno deles…
E
eles… Giram por aí…
Como
folhas pelo ar…
Sem
quererem saber onde vão cair…
É
que o mundo é deles…
E
eles dão-no para quem o quiser…
Ah!
Louco é o mundo!
Loucos
são apenas como moinhos de vento…
Onde
habitam pensamentos esquecidos…
Pobre
Dulcineia tão prendada…
E
tão enredada nas loucuras de um Quixote…
E
aquela outra…
Aquela
que recebeu a orelha do Gogh…
Também
seria verdade?
Ele
seria louco… Por simplesmente amar…
Ou
antes loucos, os que transformaram em milhões as suas pinturas?
Mas
juntemos todos os tempos…
De
Homero à antiguidade clássica...
Acrescentemos
a idade média…
Sim,
com os padres que curavam a loucura nas fogueiras…
E
deixemos que Freud fique ocupado com o assunto…
É
que a loucura é simples conjugação da inebriação e da ignorância…
Da
nossa… Não da deles…
Mas
engane-se quem pensa que o louco é prisioneiro dele mesmo…
Ou
pior… Que os remédios lhe fazem bem…
É
que o louco tem uma alma livre…
Uma
alma que vive num corpo que não pertence a ninguém…
Talvez
por isso a sociedade tema os loucos…
E
sempre se quis ver livre deles…
Trancando-os
em hospícios e manicómios…
Porque
o diferente nos causa tanto medo?
Se a
loucura não se transmite…
Não
existirá uma certa loucura em cada um de nós?
Quem
nunca cometeu um ato insano que atire a primeira pedra!
Não,
eu não sou louco…
Louco
é quem me chama!
E
depois…
Ao perto ninguém é normal…”
(In "Crónicas Mundanas...")
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