A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

01 fevereiro 2023

ENSAIO SOBRE A LOUCURA…

                                                                                                                 (Fotografia da Internet)


“Olhar a vida através da loucura…

É como vislumbrar o mundo quando acordamos…

Para um mundo que ainda permanece entorpecido…

Sim, naquele lusco-fusco entre a sanidade e a insanidade…

Percecionando com o nosso Ser…

Realidades que ninguém mais vê…

De facto, precisamos ser muito loucos…

Para acompanhar este mundo apressado com os seus influxos contraditórios…

Por isso…

Para os loucos o mundo gira em torno deles…

E eles… Giram por aí…

Como folhas pelo ar…

Sem quererem saber onde vão cair…

É que o mundo é deles…

E eles dão-no para quem o quiser…

Ah! Louco é o mundo!

Loucos são apenas como moinhos de vento…

Onde habitam pensamentos esquecidos…

Pobre Dulcineia tão prendada…

E tão enredada nas loucuras de um Quixote…

E aquela outra…

Aquela que recebeu a orelha do Gogh…

Também seria verdade?

Ele seria louco… Por simplesmente amar…

Ou antes loucos, os que transformaram em milhões as suas pinturas?

Mas juntemos todos os tempos…

De Homero à antiguidade clássica...

Acrescentemos a idade média…

Sim, com os padres que curavam a loucura nas fogueiras…

E deixemos que Freud fique ocupado com o assunto…

É que a loucura é simples conjugação da inebriação e da ignorância…

Da nossa… Não da deles…

Mas engane-se quem pensa que o louco é prisioneiro dele mesmo…

Ou pior… Que os remédios lhe fazem bem…

É que o louco tem uma alma livre…

Uma alma que vive num corpo que não pertence a ninguém…

Talvez por isso a sociedade tema os loucos…

E sempre se quis ver livre deles…

Trancando-os em hospícios e manicómios…

Porque o diferente nos causa tanto medo?

Se a loucura não se transmite…

Não existirá uma certa loucura em cada um de nós?

Quem nunca cometeu um ato insano que atire a primeira pedra!

Não, eu não sou louco…

Louco é quem me chama!

E depois…

Ao perto ninguém é normal…”


(In "Crónicas Mundanas...")

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