A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

25 agosto 2022

AMOR...

                                                                                                          (Fotografia de Luís Borges)


“Que sei eu sobre o amor?

Sinceramente… Apenas sei o que sinto pelos outros…

Mas… Como poderei saber se os outros me amam…

Ah! Não vale a pena refletir sobre o assunto…

Prefiro, simplesmente, amar… Sem pedir…

Agir… E não ser restringido…

Ser assertivo…

E não passivo...”


(Inédito)

A ESSÊNCIA DE TODAS AS COISAS...

 

                                                                                                            (Fotografia de Luís Borges)



“A Natureza inteira cabe no espírito de um só Homem…

Deixemos, pois, de olhar para o lado errado…

E reaprendamos a virar os nossos olhos para dentro…

Perceberemos, então…

No reencontro com o silêncio interior…

Como perecem os ruídos dos nossos pensamentos…

E assim, melhor poderemos escutar a nossa Alma…

Ou a essência de todas as coisas…”


(In "A via é um caminho... E deixa rastros...")

ARCO-ÍRIS DE PAZ E AMOR...

 


“Como é lindo o sol se pôr…

Encontrando a montanha…

E poder admirar um arco-íris multicor…

Qual beijo doce entre dois lábios…

Um sorriso e um terno olhar…

Amigos…

Parem!

Silenciem um pouco a vossa alma…

Eu sei…

A vida é desalmada!

Mas, toda a batalha tem o seu fim…

E é nestes momentos que se renova a esperança…

Sejamos, então, firmes…

É que depois da tempestade o céu fica sempre azul...

Deixemos as lágrimas misturarem-se com a chuva…

E lavarem-nos o rosto e a nossa alma…

Com mil sorrisos e muito mais amor…

Eu cá, vou parar…

E admirar este momento sem fim…

Vou sonhar que este é mais um arco-íris de paz e amor…

Que muito para além da montanha...

Ilumina as nossas vidas…

Sim, eu sei… Também...

É coisa de sonhador…

Mas vou confiar…

Em quem disse que «o sonho comanda a vida!»”


(In "Hipersent...)

A AMIZADE APENAS SE SENTE...

                                                                         (Fotografia de Luís Borges)

“São raros os amigos…

Mas às vezes encontramo-los…

E um dia…

Até esses desaparecem…

No nevoeiro quotidiano…

Mas, por vezes…

Ao cabo de muitos anos…

Voltam a aparecer…

Ah, como é bom voltar aqui…

E sem alardos voltar a comungar outros momentos…

E voltar a escutar os silêncios…

Que a montanha soube preservar…

Não, não são precisas quaisquer palavras…

A amizade apenas se sente…”


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")

24 agosto 2022

OUTRO AMANHECER...

 

                                                                       (Fotografia de Luís Borges)

“Amanheci sem argumentos suficientes para tanta obscuridade…

Mas nem por isso deixei de me alentar… E desmultiplicar…

Amanheci cheio de sede como se viesse de outro mundo…

E tudo tenho feito para me fincar nos penhascos deste…

Amanheci sem abraços bastantes, qual fonte de luz…

Por isso, queimo também palavras para me aquecer…

Ah! Amanheci enclausurado em animal nascido…

E hoje corro ao lado dele com mente veloz…

Tendo o amor como meio de locomoção…

Como se fosse mais um motor…

E dia após dia… De amanhecer em amanhecer…

Embrenho-me no entendimento deste complexo mecanismo…

A que alguns chamam de viver…

Mas… Estou exausto…

Que venha quanto antes o entardecer…

Para que possa adormecer na luz em silêncio…

E encontrar uma forma quieta de sonhar nela tranquilo…

Rogo, pois, por um quadrado de sossego…

Sim… Eu sei…

Sei que não o poderei alcançar sem ir em frente caindo…

Sendo assim, amanhã…

Amanhã será outro amanhecer…”


(Inédito)

23 agosto 2022

COMO ME FAZ SENTIR BEM GRITAR...

 


Haaaaaaaaaaaaa!

Ah! Como me faz sentir bem gritar…

E expurgar a paisagem inexplicável da mentira…

Estou cansado de escrever e falar baixo…

Demasiado baixo…

Preciso derrubar os muros do lugar que destinaram para mim…

Com um grito…

E fazer desaparecer tanta coisa…

Tudo o que, afinal, não mereço viver…

Ah! Como me faz sentir bem gritar…

Queimando no meu coração todas as deceções…

Subindo mais um degrau da escadaria imensa da alegria…

E como estamos no verão e o tempo está bom…

Aproveitemos, gritemos todos com mais força…

Mas sem acordar os que dormem, os que sonham…

Pois, os sonhadores dormem melhor…

Envoltos em sussurros de esperança…

Que a felicidade jorre, então, do nosso grito…

Um grito de que o meu seja eco…

Ah! Como me faz sentir bem gritar…

Haaaaaaaaaaaaa!”


(Inédito)

22 agosto 2022

SAÍDA...

 


“São muitos os caminhos que estende o poente…

Hoje escolhi percorrer um indiferente…

Pois para tudo há um término e um compasso…

E enquanto caminho a passo…

Dou azo às sombras, às imaginações e formas…

Que destecem esta vida informe…

Ainda assim, espero encontrar a direção certa…

Pois, para mal situado já basto eu…

Qual sítio fora do mapa…

Pedra fora do chão…

Órfão de mim mesmo…

Ah! Deixem-me passar por atalhos ainda que sufocados…

Enganar todos os destinos…

E apenas encontrar um lugar onde amanheça…

Ou um simples lugar para a saída…”


(Inédito)

SER... E PERMANECER...


“Não escrevo por deslumbramento…

Faço-o... Para me doar somente…

Mas um poema é só um escrito…

Importa é viver sem impostura…

Viver passo-a-passo…

Até aos últimos passos…

Aprendendo a amar os espaços…

Deixando alguns em branco…

Não no papel, mas no destino…

Pois, talvez nesses possam ser escritos…

Capítulos fulcrais da vida inteira…

Fora o mais…

Há que apagar-se no anonimato…

Ocultando a nossa passagem…

Tendo como fundo apenas a paisagem…

Mas… Sem renunciar jamais…

A um pedaço do nosso ser…

Pois, não basta viver…

É fundamental permanecer…”


(Inédito)

HOJE... BRINDAREI POR TI!

 


“Tenho saudades de brindar...

Mas brindar por algo que valha a pena...

Brindar pelas minhas recordações...

Brindar pelo que eu quero...

Brindar pelo que me desafia...

Ah! Mas eu gostava mesmo...

Era de brindar contigo...

Brindar à inocência que ainda nos resta...

Brindar aos nossos sonhos...

E porque não... Aos nossos erros...

Pois eles também nos trouxeram até aqui...

E, claro...

Também terei de brindar a ti...

Brindar aos beijos que ainda não te dei...

Brindar ao teu orgulho em ser mulher...

E por último...

Brindarei à felicidade de estar contigo...

Ainda que continues ausente...

Hoje...

Hoje brindarei por ti!”


(In "Amar... O amor...")

POEMA DE ESQUINA...


“É desta forma esquiva…

Qual esquina da vida…

Que brotam em mim poemas furtivos…

São como versos escondidos por descobrir…

Um universo de sensações…

E desilusões…

Mas sempre com um fundo de cores…

Misturadas na paleta da natureza…

Apelo, pois, à sensibilidade ecológica do leitor…

Para que preserve também estes versos…

Ou, melhor ainda…

Que faça parte deste poema…

E que seja mais uma via poética…

Pois, assim confirmaríamos…

Que em qualquer esquina da vida…

Todos podemos ser poesia…”


(Inédito)

FONTE DO SILÊNCIO...

 


“Como é mágico este teu silêncio…

És antítese do dilúvio…

Mas ainda que simples curso de água…

És para mim a primeira fonte…

Desta vida transformada…

Em que eu sou simples húmus…

Barro nas tuas margens…

Sim, aquele que nunca compreendeu…

Ah! Como é bom escutar o teu silêncio…

Qual voz do homem calado no caminho…

Ó Homens, calai!

Escutem o curso silencioso…

E contemplai…

A sombra que jorra dos rochedos…

As árvores que murmuram segredos…

E apreciai…

O silêncio inigualável que ecoa…

Da fonte da água viva…”


(Inédito) 


21 agosto 2022

AGUADEIRO DA VIDA...


“Sinto-me como o último do tempo…

Qual mendigo de vida…

Ligeiramente antes do que morre…

Parado muito para além do que digo…

Verto água para dentro das palavras…

Tentando fazer transfusões de poemas…

Apagando-me devagar, sacio a minha sede…

E quem sabe…

Sacio quem vive…

Anda… Toma…

Bebe um pouco das minhas palavras…

E celebremos ambos a nascente da vida…”


(Inédito)

QUEM SOU...

 


“Quem sou eu?

Que interessa isso...

Se sou uma simples alma que caminha…

E que já nem sequer distingue o sol da lua…

E até mesmo na estrada por onde caminho…

As curvas contorcem-se sucessivamente…

Sou eu…

E eu sou apenas a distância…

A urgência de outro sítio…”


(Inédito)

QUIETUDE...


"A minha quietude exterior...

É apenas aparência...

Pois, dentro de mim...

A minha Alma grita...

Por favor...

Deixem escutar-me!"


(In "A vida é um caminho... E deixa rastros...")

FADO VADIO...


“Já nem sei o porquê do fado vadio…

Sei que nessa noite bebemos um bom vinho…

De uma casta especial que nos adocicou as amarguras da vida…

Mas, porquê o fado vadio?

Ah! Já me lembro...

Porque o fado fala da dor, de saudade…

Da vida feita em pedaços, qual melodia orvalhada…

Ah! Mas nesse dia…

O sol brilhou...

E os nossos corações falaram mais alto…

Partilhámos segredos sem voz…

E com o silêncio que bebemos da natureza…

Toda a tristeza se calou…

E se falámos em fado vadio…

Só poderia ter sido pelas lágrimas cansadas…

De quem muito andou e vislumbrou!”


(In "Hipersent...")


Nota: Dedicado a alguns amigos que muito contribuíram para a minha felicidade um destes dias...

18 agosto 2022

PORQUE ESTOU AQUI...

 


“Não! Não almejo ser feliz…

Pretendo apenas experienciar…

E isso implica ter curiosidade…

Ir sempre mais além…

De mim mesmo…

Lamentar pouco e enfrentar os dias…

A felicidade deixo-a para os homens consumistas…

Pois, ela é mais uma ilusão mercadológica…

Eu sou mais um buscador hedonista…

Busco tão somente sentir…

Sentindo nas coisas, nas situações e mesmo nas relações…

A minha exclusiva felicidade…

Vedando-me aos prazeres medíocres...

Sim, aqueles mais mundanos…

Pois, nenhum objeto pode satisfazer-nos plenamente…

E os desejos autossustentados...

Esses sabemos que não se esgotam nunca…

Ah! Quero apenas experienciar…

E, desse modo, viver plenamente…

Sim, implica também sentir plenamente as dores…

As perdas, os fracassos…

Afinal, vim para viver de verdade…

Ser, mais do que parecer…

E permitir também perder-me…

Mas, permitir perder-me…

Transformando a minha vida numa eterna aventura…

Em busca de mim mesmo…”


(Inédito)