A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

12 novembro 2022

A TEIA DA VIDA…

 

                                                                                                          (Fotografia de Luís Borges)


“Qual renda bordada tecida pela mão do homem…

A vida é como uma teia de aranha…

Com uma miríade de ligações e interligações...

Um entrelace de instantes, ações e sentimentos…

Que se vão entrecortando, do fazer e refazer…

Mas não pensemos que somos apenas nós que tecemos a teia da vida…

Nós somos apenas mais um fio…

Tudo o que fazemos na teia…

Fazemos a nós mesmos…

E quantas vezes nos enrodilhamos nos próprios fios…

Que só a custo desatamos…

Mas, façamos que o que quer que façamos…

Sempre seremos influenciados…

Pois, os fios da nossa teia estão conectados a outros fios…

Que, por sua vez…

Se conectam a outros seres como nós…

Por isso, tudo o que façamos, tudo o que escolhermos fazer…

Terá impacto em nós…

E terá, também, impacto no mundo à nossa volta…

Basta uma pequena vibração numa ponta da teia…

Para causar uma vibração que se espalha por toda a teia…

Assim se passa também à nossa volta…

Cada passo que damos… Ou que não damos…

Terá um impacto em tudo aquilo que nos rodeia…

Cada sorriso, cada resposta, cada demonstração de afeto, cada afastamento…

Tudo irá alterar a conformação da teia...

Infelizmente, a teia do nosso mundo já viu dias melhores…

Em vez de união, há cada vez mais egocentrismo…

Pois, parece que cada um apenas se preocupa com a sua própria teia…

E assim, um dia a teia irá romper-se...

Seria bom, pois, cuidarmos mais dos nossos atos…

Eles são muito mais poderosos do que aquilo que pensamos…

E consciencializar-nos que a força da teia repousa nas raízes do todo…

Que se tece gloriosamente sobre o tênue fio da vida…”


(In "Crónicas Mundanas...")

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