A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

05 outubro 2022

SE EU PUDESSE VOLTAR A TRÁS...

 


“Se eu pudesse voltar atrás na minha vida…

Ah! Como eu teria cometido mais erros…

Corrido mais riscos…

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais….

Na verdade, poucas coisas teria levado tão a sério…

E, sobretudo… Teria contemplado mais entardeceres…

Teria subido mais montanhas…

Teria ido a mais lugares onde nunca fui…

Como fui tão ignorante em não perceber que só temos o momento….

Amigos… Não percam o agora!

Quando comemoramos mais um aniversário, dizemos:

Vou fazer tantos anos…

Mas que grande engano!

Deveríamos era dizer:

Estou a ponto de ‘desfazer’ mais um ano!

É que a celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer…

Um tempo que deixou de ser…

Não existe mais…

Não entendo, pois...

A razão de se parabenizar um aniversariante por mais um ano de vida…

Não deveríamos antes, invocar os anos ainda não vividos, cujo número não sabemos?

Ah! Se eu pudesse viver a minha vida novamente…

Eu quereria vivê-la com mais desenganos, fracassos e equívocos….

Mas que ninguém entenda que eu não fui feliz…

Claro que tive muitos momentos de alegria…

Mas, se pudesse voltar atrás, trataria de ter somente bons momentos…

Porque, de facto, a vida é feita de momentos…

Ainda assim, vivo um crepúsculo bonito…

E apesar de muitos sofrimentos no caminho…

Estou onde estou pelos caminhos e descaminhos que percorri…

Por mais que planeasse a minha vida…

Cheguei… Onde cheguei…

Estou onde estou porque todos os meus planos deram errado…

As pontes que construí para chegar onde eu queria ruíram uma após a outra…

Fui, pois, sendo obrigado a procurar caminhos não pensados…

Sim, escorreguei…

Mas, diga-se em abono da verdade:

A vida também me empurrou!

Fui, literalmente, obrigado a fazer o que não queria…

E sofri na pele a dor da solidão e da rejeição…

Mas sabem…

Foi esse espaço de solidão na minha alma…

Que me fez pensar coisas que de outra forma eu não teria pensado...

Como eu disse…

Cheguei onde estou por caminhos que não planeei…

E este… Aqui, agora…

É um lugar feliz com o qual nunca sonhei…

Pois, é melhor viver errado a coisa certa do que viver certo a coisa errada…

E, pelo meio…

Plantei árvores, escrevi livros, tenho alguns amigos…

(Não, não tive filhos)...

Mas, sobretudo, gosto muito de brincar e de me rir…

Que mais posso desejar?

Se eu pudesse voltar atrás novamente…

Eu teria vivido a minha vida como a vivi…

Porque estou feliz onde estou…

E como sou!”


(Inédito)

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