A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

23 outubro 2022

O POEMA É SEU, CARO LEITOR…

 

                                                                        (Fotografia da Internet)


“Já o disse várias vezes…

Escrever é apenas a minha forma de estar sozinho…

E tudo o que escrevo… É apenas o que sinto...

E depois… Como já dizia Pessoa…

«O poeta é um fingidor… Finge tão completamente…

Que chega a fingir que é dor… A dor que deveras sente…»

Mas…

Quantas vezes ouvimos dizer que nada é nosso?

Pois, um poema é de quem lê as estrofes, as palavras…

E através delas consegue imaginar os personagens, os cenários…

São do leitor as sensações provocadas, a tristeza, a euforia, o medo, o espanto…

Tudo o que é transmitido pelo autor…

Mas que reflete em quem lê de uma forma muito pessoal…

Recorrendo de novo a Pessoa…

«E os que leem o que escreve… Na dor lida sentem bem…

Não as duas que ele teve… Mas só a que eles não têm…»

É, pois, do leitor o prazer… É do leitor a identificação…

É do leitor o poema…

Não existe poema, sem leitor… Não existe!

Sem leitor, o poema é um objeto fantasma que não serve pra nada…

O leitor é o dono do poema…

E são também assim são as histórias escritas pela vida…

Interpretadas a seu modo por cada um…

Ou não fosse a vida, também ela, de cada um…”


(In "Crónicas Mundanas...")

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