“Já
o disse várias vezes…
Escrever
é apenas a minha forma de estar sozinho…
E tudo
o que escrevo… É apenas o que sinto...
E
depois… Como já dizia Pessoa…
«O
poeta é um fingidor… Finge tão completamente…
Que
chega a fingir que é dor… A dor que deveras sente…»
Mas…
Quantas
vezes ouvimos dizer que nada é nosso?
Pois,
um poema é de quem lê as estrofes, as palavras…
E
através delas consegue imaginar os personagens, os cenários…
São
do leitor as sensações provocadas, a tristeza, a euforia, o medo, o espanto…
Tudo
o que é transmitido pelo autor…
Mas
que reflete em quem lê de uma forma muito pessoal…
Recorrendo
de novo a Pessoa…
«E
os que leem o que escreve… Na dor lida sentem bem…
Não
as duas que ele teve… Mas só a que eles não têm…»
É, pois,
do leitor o prazer… É do leitor a identificação…
É do
leitor o poema…
Não
existe poema, sem leitor… Não existe!
Sem
leitor, o poema é um objeto fantasma que não serve pra nada…
O
leitor é o dono do poema…
E são
também assim são as histórias escritas pela vida…
Interpretadas
a seu modo por cada um…
Ou
não fosse a vida, também ela, de cada um…”
(In "Crónicas Mundanas...")
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