“Na
sociedade de hoje temos de ter o chamado ‘comportamento de manada’…
Sim,
comportarmo-nos exatamente como todos os demais…
E ai
de quem se comporte de forma um pouco diferente…
Passa
a ser um sujeito estranho e a sociedade não gosta de pessoas estranhas…
As
pessoas necessitam de se identificar com algum grupo…
E se
somos diferentes, então, alguma coisa está errada…
E
pior…
E
quando nos conhecem?
Quando
percebem a nossa mudança…
Quando
não nos aceitávamos…
E
agora passaram a ver, de repente, que nós nos aceitamos…
Este
é o grave problema da sociedade contemporânea:
- Ninguém
se aceita a si mesmo!
Todos
preferem julgar-se… E julgar o outro…
E se nós não nos julgamos a nós mesmos…
Se
nos aceitamos tal como somos…
Acreditem,
fica difícil viver em sociedade… Nesta sociedade…
A
sociedade não tolera quem saia da manada…
Ela
precisa de indivíduos... De números…
Quando
há muitos números, as pessoas sentem-se bem…
Confortáveis…
Mais seguras… No meio dos números…
É
que quanto maior o número, mais as pessoas sentem que estão certas…
Elas
até podem estar erradas, mas mais umas quantas pessoas estão com elas…
E,
quando ficam sozinhas, grandes dúvidas começam a surgir…
Ah! Ninguém
está comigo…
Será
que eu estou certo?
Por
isso afirmamos:
Ser
um indivíduo hoje é um grande ato de coragem!
O
indivíduo não se importa que o mundo inteiro esteja contra ele…
E
muito menos se importa com os números, com quantas pessoas estão com ele…
O
indivíduo importa-se com a validade da sua própria experiência…
Com
a sua existência…
Pois,
então, que o mundo inteiro pense como quiser…
O
indivíduo não precisa da aprovação dos outros para sentir que está certo…
Mas
é assim que a sociedade humana tem sido até agora…
É
assim que ela nos mantém dentro da manada…
O
que quer que a manada seja, nós temos que ser também…
Não
são permitidas diferenças…
Porque
as diferenças acabam conduzindo para o indivíduo…
Para
o diferente!
E a
sociedade tem muito medo do indivíduo e da diferença…
Pois
isso, significa que alguém ficou independente do grupo…
Os seus
deuses, os seus templos, os seus sacerdotes, os seus dogmas…
Tudo
ficou sem sentido para ele…
E agora
ele tem o seu próprio Ser e o seu próprio jeito... De ser…
De
viver, morrer, celebrar, cantar, dançar… Amar…
Ele
agora segue o seu próprio caminho…
E
ninguém pode trilhar o seu próprio caminho junto com a multidão…
Só
se pode caminhar sozinho…"
(In "Crónicas Mundanas...")
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