“Já
foi o tempo em que me perdia em discussões…
Contra
a violência, contra a corrupção e contra outras tantas indignidades…
Ser
combativo é uma atitude necessária e exige coragem, espírito de luta…
Mas hoje
não estou mais para isso…
Sim,
é um facto, a aprendizagem foi boa…
Mas
parei de dar murros na mesa e mudei a estratégia…
Hoje,
em vez de me posicionar contra o que seja…
Prefiro
viver de acordo com o que acredito que é correto…
Não
tento mais fazer ninguém mudar de ideias…
Não
perco mais a cabeça quando ouço asneiras…
Adotei,
pois, também aqui a lei do menor esforço…
Agora
escolho diálogos menos tortuosos e parcerias mais afetivas…
E
se, ainda por cima me fizerem rir, melhor!
E
sabem que mais?
Passei
a dizer não com a mesma facilidade com que digo sim…
Sou
agora mais honesto com os meus desejos…
E deixei,
de vez, de ser condescendente com o que não me satisfaz…
Agora
só exijo de mim, e ainda assim, pouco…
E sou
do contra só quando contra mim…
A luta
agora é mais interna e muito menos violenta…
E
depois, acabaram-se os golpes baixos…
Fiz
dos meus demónios inimigos adestrados…
Por
isso, hoje, sigo a favor do vento…
Faço
escolhas condizentes com quem sou e facilito o que posso…
Pois,
não suporto mais qualquer discussão…
Dispenso
tudo o que me tira o meu sossego…
E
depois…
Se não
levamos nada desta vida…
A
não ser o que somos…
Então,
agora prefiro ser apenas um bom ser humano…
E
seguir a favor do vento…”
(In "Crónicas Mundanas...")
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