A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

13 setembro 2022

VER... COM OLHOS DE VER...

 



“Cada dia que passa, penso para mim mesmo que estou louco…

Hoje, tudo o que vejo me causa espanto…

Mas, quando leio, percebo que esta perturbação ocular é comum entre os poetas…

Sim, os poetas ensinam-nos a ver…

E ver é coisa muito complicada…

E mais, ainda, nos dias de hoje…

Em que os olhos deixaram de ver a beleza e só vêm lixo…

Por isso, agradeço a Deus…

Por me ter dado estes olhos que vêm poesia… Em tudo o que existe…

A maioria até tem uma visão perfeita…

Mas, nada vêm!

Como diz Caeiro:

- «Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios»…

Ah! Hoje até os olhos não gozam…

Quando são mais um nosso órgão de prazer…

Gostam de olhar pelo prazer de olhar…

Querendo fazer amor com o mundo…

A mim, os olhos têm-me ensinado tudo…

Ensinaram-me até como uma pedra é bela…

Quando a temos na mão e olhamos devagar para ela…

Como é, pois, maravilhoso olhar com os nossos olhos…

E ver… Com olhos de ver…

Vislumbrando os assombros que crescem nos desvãos da banalidade quotidiana…”


(Inédito)

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