“Cada
dia que passa, penso para mim mesmo que estou louco…
Hoje,
tudo o que vejo me causa espanto…
Mas,
quando leio, percebo que esta perturbação ocular é comum entre os poetas…
Sim,
os poetas ensinam-nos a ver…
E ver
é coisa muito complicada…
E mais,
ainda, nos dias de hoje…
Em
que os olhos deixaram de ver a beleza e só vêm lixo…
Por
isso, agradeço a Deus…
Por
me ter dado estes olhos que vêm poesia… Em tudo o que existe…
A
maioria até tem uma visão perfeita…
Mas,
nada vêm!
Como
diz Caeiro:
- «Não
basta abrir a janela para ver os campos e os rios»…
Ah! Hoje até os olhos não gozam…
Quando são mais um nosso órgão de prazer…
Gostam
de olhar pelo prazer de olhar…
Querendo
fazer amor com o mundo…
A
mim, os olhos têm-me ensinado tudo…
Ensinaram-me
até como uma pedra é bela…
Quando
a temos na mão e olhamos devagar para ela…
Como
é, pois, maravilhoso olhar com os nossos olhos…
E
ver… Com olhos de ver…
Vislumbrando
os assombros que crescem nos desvãos da banalidade quotidiana…”
(Inédito)
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