“O
meu primeiro contacto com Kafka foi quando li o seu primeiro livro…
Creio
que ‘Onze Contos’…
Kafka
escrevia de maneira tão simples que me chamou a atenção…
Pois,
eu conseguia entendê-lo…
E
não é fácil ler um impressionista… Influenciado pelo barroco…
Ainda
por cima, quando joga com as infinitas possibilidades do idioma alemão…
Com
Kafka aprendi a ter em conta a referência local, a conotação do tempo e do
lugar...
Mas,
também, percebi nos seus textos onde se estabelece o eterno…
As suas
fábulas são tão antigas como a história…
É
possível pensar que foram redigidos na Pérsia ou na China e aí está seu valor…
E
quando Kafka faz referências é profético…
O
homem que está aprisionado por uma ordem…
O homem contra o Estado...
Esse foi um dos seus temas preferidos…
Li,
também, o seu livro de contos ‘A Transformação’…
E
nunca percebi porque decidiram chamá-lo ‘A Metamorfose’…
Acho que os contos são superiores aos seus romances...
Que, por outro lado, nunca
terminam…
Têm um número infinito de capítulos...
Porque o seu tema é de um número infinito de
postulações...
Kafka
não quis publicar muito em vida e pediu que destruíssem a sua obra…
A
desobediência fez com que, felizmente para nós, a sua obra se conservasse…
Kafka
é, para mim, o número um deste século…
Ele importava-se
com a obra e não com a fama, isso é indubitável…
Seja
como for…
Kafka,
esse sonhador que não quis que os seus sonhos fossem conhecidos…
Agora
é parte desse sonho universal que é a memória…
Provavelmente
a sua vida irá ser esquecida…
Mas
os seus contos continuarão a serem contados…
Já
leu algo de Kafka? Não?
Então,
sugerimos que o faça…”
(Inédito)
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