A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

04 setembro 2022

SILÊNCIO GEODÉSICO...

 



“É tão vasto o silêncio da noite na montanha…

Tão despovoado…

Tento em vão esforçar-me para não ouvi-lo…

Como ultrapassar esta paz que me espreita?

Ah! Silêncio tão grande que o desespero tem medo…

Aprumo os meus ouvidos, todo o meu corpo escuta:

Nada! Nenhum rumor…

Como é extasiante a profunda meditação do silêncio…

Do silêncio sem lembrança de palavras…

É um silêncio que não dorme… É insone…

É vazio e sem promessas…

Se ao menos houvesse o vento…

É que o vento é vida…

Mas este silêncio não se deixa ouvir…

Não se pode falar do silêncio como se fala do vento…

Mas é um facto: o silêncio existe!

E se um pássaro perdido cantasse?

Esperança inútil…

O canto apenas atravessaria como um sibilo o silêncio…

Tenho de ter coragem, não resistir mais…

Entrar nele… Ir com ele, qual fantasma na noite escura…

Adentrar o silêncio…

E não esperar mais escondido atrás da escuridão…

E diante dele, ser eu próprio…

Pois, eu fui feito para o silêncio…

Se não tiver coragem, não entro…

Esperarei atrás da escuridão diante do silêncio…

Então, que espere….

Não o fim do silêncio…

Mas o auxílio bendito de um terceiro elemento:

A luz da aurora!”


(Inédito)

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