“É
tão vasto o silêncio da noite na montanha…
Tão
despovoado…
Tento
em vão esforçar-me para não ouvi-lo…
Como
ultrapassar esta paz que me espreita?
Ah! Silêncio
tão grande que o desespero tem medo…
Aprumo
os meus ouvidos, todo o meu corpo escuta:
Nada!
Nenhum rumor…
Como
é extasiante a profunda meditação do silêncio…
Do
silêncio sem lembrança de palavras…
É um
silêncio que não dorme… É insone…
É
vazio e sem promessas…
Se
ao menos houvesse o vento…
É que o vento
é vida…
Mas
este silêncio não se deixa ouvir…
Não
se pode falar do silêncio como se fala do vento…
Mas
é um facto: o silêncio existe!
E se
um pássaro perdido cantasse?
Esperança
inútil…
O
canto apenas atravessaria como um sibilo o silêncio…
Tenho
de ter coragem, não resistir mais…
Entrar
nele… Ir com ele, qual fantasma na noite escura…
Adentrar
o silêncio…
E não
esperar mais escondido atrás da escuridão…
E diante
dele, ser eu próprio…
Pois,
eu fui feito para o silêncio…
Se
não tiver coragem, não entro…
Esperarei
atrás da escuridão diante do silêncio…
Então,
que espere….
Não
o fim do silêncio…
Mas
o auxílio bendito de um terceiro elemento:
A
luz da aurora!”
(Inédito)
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