“Houve
um tempo em que a minha janela se abria para um lago...
No
lago nadava um linde cisne sem parar…
Nos
dias límpidos, o cisne até parecia que nadava no ar…
Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa...
E sentia-me completamente feliz…
Houve
um tempo em que a minha janela dava para um rio…
No rio
passavam barcos carregados de flores…
Para
onde iam tantas flores?
Diante
de quem brilhariam, aquelas flores?
Eu ainda era mais criança...
E a minha alma continuava completamente feliz…
Houve
um tempo em que a minha janela se abria para um lindo jardim…
À
sombra das árvores corriam e brincavam outras crianças…
As
crianças tinham tal expressão de felicidade no rosto…
Ainda que eu não participasse das suas brincadeiras...
Eu me sentia completamente feliz…
Hoje
continuo a abrir a minha janela…
E
vislumbro nuvens espessas…
Avisto
crianças que vão para a escola…
Pardais
que pulam de galho em galho…
Gatos
que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais…
Às
vezes, um avião passa…
Tudo
parece continuar certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino…
E eu
continuo completamente feliz…
Mas,
quando falo destas pequenas felicidades que estão diante da minha janela…
Uns
dizem que essas coisas não existem…
Outras
dizem que essas coisas só existem diante da minha janela…
Pois
eu sempre lhes digo:
Que
é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim…”
(Inédito)
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