“E,
de novo… Já estamos no final de mais um verão…
Vem
aí mais um outono e não é sem emoção que o vejo entrar…
Tal
como com a terra, há em minha alma um adormecimento…
As
ambições desfalecem de novo…
Apenas
permanecem os sonhos…
E as
memórias das minhas primeiras emoções poéticas…
São
boas essas recordações... Têm um perfume de saudade…
E
fazem com eu sinta a eternidade do tempo…
Ah!
O tempo!
O
inflexível tempo, que como a morte vai morrendo em nós…
Ceifando
as nossas aspirações, tirando presunções, trazendo desalentos…
E só
nos deixa na alma essa saudade do passado, às vezes composta de coisas fúteis…
Cujo
relembrar, traz-nos por vezes algum pesar…
E
assim… Satisfações, glórias, tudo se esvai e se esbate…
Tenazmente,
porém, ficamos a viver... Esperando…
Esperando…
O quê?
O
imprevisto, o que pode acontecer amanhã ou depois…
Esperando
os milagres do tempo e olhando o céu vazio de Deus…
E agora…
O outono que volta…
Até
as cores ficam mais ténues…
Emparelhadas
eternamente à marcha da Terra…
É o
momento de aparar os galhos da nossa alma…
Para,
de novo, perdermos as folhas, antes mesmo de chegar o inverno…
E
assim se faz a vida, com desalentos e esperanças…
Com
recordações e saudades, com tolices e coisas sensatas…
À espera da morte, da doce morte...
Padroeira dos aflitos e desesperados…”
(Inédito)
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