A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

06 setembro 2022

O BELO ESTÁ NA MENTE DE CADA UM...

 

                                                          ('Post' da internet)


“Quando falamos sobre algo que nos transporta…

Algo sublime, que nos domina, que nos faz sentir pequenos…

Depreende-se que estamos a falar de beleza…

Parece, pois, evidente que estamos perante o belo…

Que é inerente ao que se ouve ou se vê...

Mas não é assim…

O belo não existe no mundo em que vivemos…

Não reside em nada do que nos cerca…

Só existe mesmo na mente dos seres humanos…

É um prodígio do cérebro humano…

O mundo não possui nenhuma beleza…

O belo não é uma característica dele…

Noutros tempos… Pensava-se que a beleza era um atributo…

Imanente às coisas do mundo ou constituinte da obra artística criada…

A beleza tinha a sua existência em si mesma…

No objeto ou nos estímulos sensoriais externos…

E a pessoa era apenas um sujeito passivo, contemplativo…

Ou melhor, a beleza era objetiva…

Com uma presença externa e eterna no mundo…

Mas hoje não, pelo contrário…

Hoje a beleza é algo subjetivo, criado pelo ser humano…

E que não está fora, no mundo sensorial…

Hoje entendemos que a beleza é criada pelo ser humano…

Depois de observar e perceber certas características do objeto que ele contempla…

A beleza é, na verdade, uma construção mental…

Composta de perceções, emoções, sentimentos e conhecimento…

No centro da nossa experiência de beleza está esse algo mais emocional…

Que nasce daquilo que percebemos…

Mas, precisamente por ser uma emoção produzida no cérebro profundo…

Onde se depositam as memórias mais íntimas e pessoais em cada ser humano…

Nem todos percebem o belo da mesma maneira ou nas mesmas coisas…

Além disso, é aquela emoção que faz com que cada um, cada ser humano…

Experimente a sua própria beleza, única e diferente de qualquer outra…

A apreciação da beleza é, de facto, em grande parte, produto da experiência pessoal…

E da própria educação recebida…

Tudo isso faz com que a beleza seja percebida de modo tão diverso...

E por tantas pessoas diferentes…

A emoção que subjaz à apreciação da beleza…

É aquela que se expressa no prazer diante do que se vê ou se ouve…

O prazer, como expressão emocional inconsciente…

É o componente básico na apreciação do belo…

Mas não o prazer relacionado aos prazeres básicos…

Aqueles que sustentam a sobrevivência do indivíduo…

Nem com os prazeres do desejo…

Que consumados pontualmente nos empurram sem razão…

O prazer, o deleite referido à beleza…

É conseguido pelos ingredientes neuronais...

Adicionados no cérebro àqueles outros mais básicos…

São prazeres gerados em parte pela cultura em que vivemos…

E além do cérebro emocional e da sua atividade primitiva…

São prazeres que surgem de uma interação muito próxima…

Entre o córtex cerebral humano e o cérebro emocional…

Por isso, nenhum animal os possui…

Dessa interação nasce a consciência, a compreensão, o entendimento, a razão humana…

E é neste último, na interação com as coisas do mundo – a perceção…

Que se produz o conhecimento, o outro ingrediente básico para a perceção do belo…

O belo é, pois, na sua essência, prazer e conhecimento…

E, neste último…

A capacidade cognitiva de perceber a ordem, a proporcionalidade, a simetria…

A clara delimitação do que é percebido…

E tudo isto tem muito a ver com a educação recebida…

E com a cultura em que nascemos e vivemos…

A arte e com ela a beleza são, pois, uma verdade subjetiva para cada um de nós…

Sem dúvida…

A beleza é um fenómeno cerebral que mudou o mundo dos seres humanos…

E as mitologias e verdades vivas de cada sociedade, cultura ou nação…

A beleza, que não existe no mundo…

É talvez um dos grandes prodígios criados pelo cérebro humano…”


(Inédito)

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