A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

12 setembro 2022

DEUS NÃO EXISTE? TEREI DE INVENTÁ-LO, ENTÃO!

 

                                                                                                         (Fotografia de Luís Borges)

“Hoje, enquanto passeava pela Montanha, sem pensar em nada…

Percebi que na verdade não estava distraído…

Estava, apenas, sendo uma coisa muito rara: livre!

E, pouco a pouco. fui percebendo que estava percebendo alguma coisa…

E sentia-me satisfeito com o que via…

Tive, então, um sentimento de pura magia…

Eu senti que era a Terra, o mundo….

Mas, sem nenhuma prepotência ou glória…

Sem o menor senso de superioridade ou igualdade…

Questionei-me, naturalmente, se tudo isso era mesmo o que eu sentia…

E não apenas um equívoco de sentimento…

Mas, de facto, o sentimento era novo para mim…

E foi quando, de novo, me questionei:

Existirá Deus?

Ou Deus será apenas amar?

Bem… Talvez eu faça do amor uma ideia errada…

Sempre pensei que, somando as compreensões, eu amava…

Mas, parece, afinal, que é somando as incompreensões…

Que se ama verdadeiramente….

Pois… Sempre pensei que amar era fácil…

Eu nunca gostei do amor solene…

Sempre fui de lutar muito, meu modo de amar é lutando…

Talvez, no fundo eu quero amar o que eu gostaria de amar…

E não o que é…

É porque ainda não sou eu mesmo…

O meu prejuízo é amar um mundo que não é ele…

E também devo dizer:

Ofendo-me muito facilmente… Para dizer assim…

E sim também… É pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntimo do mundo…

Mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo…

E talvez eu tenha que chamar ‘mundo’ a este meu modo de ser um pouco de tudo…

Como posso amar a grandeza do mundo...

Se não posso amar o tamanho da minha natureza?

Pois… Enquanto eu imaginar que Deus não existe…

Não estarei a amar a nada…

Mas já que escolhi amar o meu contrário…

Ao meu contrário vou chamar ‘Deus’…

Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero…

Serei um dado marcado e o jogo da minha vida ‘maior’ não acontecerá…

Ah! Enquanto eu não inventar Deus, Ele não existe…”


(Inédito)

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