“Hoje,
enquanto passeava pela Montanha, sem pensar em nada…
Percebi
que na verdade não estava distraído…
Estava,
apenas, sendo uma coisa muito rara: livre!
E, pouco
a pouco. fui percebendo que estava percebendo alguma coisa…
E
sentia-me satisfeito com o que via…
Tive,
então, um sentimento de pura magia…
Eu senti
que era a Terra, o mundo….
Mas,
sem nenhuma prepotência ou glória…
Sem
o menor senso de superioridade ou igualdade…
Questionei-me,
naturalmente, se tudo isso era mesmo o que eu sentia…
E
não apenas um equívoco de sentimento…
Mas,
de facto, o sentimento era novo para mim…
E
foi quando, de novo, me questionei:
Existirá
Deus?
Ou Deus
será apenas amar?
Bem…
Talvez eu faça do amor uma ideia errada…
Sempre
pensei que, somando as compreensões, eu amava…
Mas,
parece, afinal, que é somando as incompreensões…
Que
se ama verdadeiramente….
Pois…
Sempre pensei que amar era fácil…
Eu
nunca gostei do amor solene…
Sempre
fui de lutar muito, meu modo de amar é lutando…
Talvez,
no fundo eu quero amar o que eu gostaria de amar…
E
não o que é…
É
porque ainda não sou eu mesmo…
O meu
prejuízo é amar um mundo que não é ele…
E
também devo dizer:
Ofendo-me
muito facilmente… Para dizer assim…
E
sim também… É pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntimo do mundo…
Mas
este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo…
E talvez
eu tenha que chamar ‘mundo’ a este meu modo de ser um pouco de tudo…
Como posso amar a grandeza do mundo...
Se não posso amar o tamanho da minha natureza?
Pois…
Enquanto eu imaginar que Deus não existe…
Não
estarei a amar a nada…
Mas já que
escolhi amar o meu contrário…
Ao
meu contrário vou chamar ‘Deus’…
Porque
enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero…
Serei
um dado marcado e o jogo da minha vida ‘maior’ não acontecerá…
Ah!
Enquanto eu não inventar Deus, Ele não existe…”
(Inédito)
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