A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

08 março 2023

A BELEZA SÓ EXISTE NA NOSSA MENTE…

 

                                                                                                                        ('Post' da Internet)


“O belo não existe no mundo em que vivemos, ouvimos ou tocamos…

Não reside em nada do que nos cerca…

Só existe na nossa mente…

Quando escutamos uma bela sinfonia, experimentamos algo que nos transporta…

Sim, é algo sublime, algo que nos domina, nos torna pequenos…

E existem outros sentimentos diferentes que nos subjugam…

Como, por exemplo, um quadro magnanimamente pintado…

 A todos parece evidente que contemplamos uma beleza que é inerente ao que se ouve ou se vê…

Mas, perdoem-me, não é bem assim…

A beleza não existe no mundo que vemos, ouvimos ou tocamos…

Aliás, ela não existe em nada que nos rodeia…

O mundo não possui beleza nenhuma…

O belo não é em nada uma propriedade inerente a ele…

A beleza é apenas criada pelo nosso cérebro…

Só existe na nossa mente como mais um prodígio do nosso cérebro…

Em tempos pensava-se que a beleza era um atributo imanente às coisas do mundo…

Ou constitutivo da obra artística criada…

A beleza tinha a sua existência em si mesma…

No objeto ou nos estímulos sensoriais externos…

E a pessoa era apenas um sujeito passivo, contemplativo…

Por outras palavras, a beleza era objetiva, com uma presença externa e eterna no mundo…

Mas hoje, pelo contrário, sabemos que a beleza é algo subjetivo…

Criado pelo ser humano e que não está fora, no mundo sensorial…

Hoje entendemos que a beleza é criada pelo ser humano…

Depois de observar e perceber certas características do objeto que ele contempla…

A beleza é, afinal, mais uma construção mental…

Composta de perceções, emoções, sentimentos e conhecimento...

No centro da nossa experiência de beleza está, pois, esse algo mais emocional…

O qual nasce daquilo que percebemos…

Um algo mais emocional evocado, como um fio invisível…

Provocado pelas palavras ao ler-se um poema…

Ou a visão de uma pintura ou escultura…

Ou o sublime som de uma sinfonia…

Ou de uma paisagem com múltiplos tons…

Ou mesmo um rosto de proporções perfeitas…

Mas, precisamente por ser uma emoção produzida no nosso cérebro profundo…

Onde se depositam as memórias mais íntimas e pessoais de cada um de nós…

Nem todos percebemos a beleza da mesma maneira, ou nas mesmas coisas…

Além disso, é uma espécie de emoção…

Que quando banhada de consciência torna-se sentimento…

Que faz com que cada ser humano, experimente a sua própria beleza…

Única e diferente de qualquer outra…

Que nos fique pois claro…

A apreciação da beleza é, em grande parte, produto da nossa experiência pessoal…

E claro, da educação que cada um recebe…

É isso que faz com que alguns percebam, de um modo especial…

A beleza na pintura, mas não na música…

Ou que na pintura alguns valorizem as cores, mas não tanto as formas ou os traços…

Ou, claro, que a música seja percebida de modo tão diverso por tantas pessoas diferentes…

Essa emoção que subjaz à apreciação da beleza…

É aquela que se expressa no prazer diante do que se vê ou se ouve…

O prazer, como expressão emocional inconsciente, é o componente básico na apreciação da beleza…

Mas não o prazer relacionado a esses prazeres básicos…

Aqueles que sustentam a sobrevivência do indivíduo…

Tais como os obtidos a partir da comida, da bebida, da sexualidade, do jogo…

O prazer associado com a beleza não é o prazer do desejo e do orgasmo…

O prazer, o deleite referido à beleza…

É conseguido pelos ingredientes neuronais adicionados no cérebro àqueles outros mais básicos….

São prazeres gerados em parte pela cultura em que vivemos…

E que estão além do cérebro emocional e da sua atividade primitiva…

São prazeres que surgem de uma interação muito próxima…

Entre o córtex cerebral humano e o cérebro emocional…

Por isso nenhum animal os possui...

Dessa interação nasce a consciência, a compreensão, o entendimento, a razão humana…

Precisamente este último, a interação com as coisas do mundo…

(O que chamamos de perceção)…

Produz o conhecimento, o outro ingrediente básico para a perceção da beleza…

Porque a beleza é isso na sua essência, prazer e conhecimento…

E, neste último, a capacidade cognitiva de perceber a ordem, a proporcionalidade, a simetria…

A clara delimitação do que é percebido…

E tudo isso tem muito a ver com a educação recebida e com a cultura em que nascemos e vivemos…

A arte, portanto, e com ela a beleza, é uma verdade subjetiva para cada um…

Sem dúvida, a beleza é um fenómeno cerebral…

Que mudou o mundo dos seres humanos…

E até as mitologias e verdades vivas de cada sociedade ou cultura…

A beleza, que não existe no mundo…

É, pois, talvez um dos grandes prodígios criados pelo cérebro humano…”


(In "Crónicas Mundanas...")

Sem comentários: