“Deixámo-nos
enredar pela perceção física de que a existência passa…
Chamamos-lhe…
Tempo...
E deliciamo-nos
com a sua ciclicidade…
Fragmentamo-lo…
Pois
isso… Abre-nos possibilidades…
Há sempre
uma possibilidade… Mais uma possibilidade…
Ah!
Abrem-se novas esperanças...
Mas
tudo continua igual… Na realidade…
É só
mais um dia… Depois do outro... E mais outro…
É que
isto de um período de tempo… Para o tempo começar e acabar…
Dá-nos
uma perspetiva psicológica…
Como
que nos dá forças para continuarmos a viver…
Novos
recomeços…
Novos
objetivos… Ainda que apenas reciclados…
“Ora… Este ano vou deixar de fumar… Este ano
vou emagrecer…
Este
ano vou concluir aquele projeto…”
Mas,
questiono-vos:
Vocês
já fizeram alguma vez essa listagem… Do provir…
E depois
aferiram os resultados?
Creio
que todos sabemos o resultado: não deu em nada!
Pois…
É que a maioria das nossas promessas de fim de ano são… Apenas…
Fruto
das frustrações ou dos nossos temores…
Dos sentimentos
de culpa que interiorizamos por aquilo que não realizamos...
São
promessas vazias… Apenas… Desejos de mudança...
Falta-lhes…
Comprometimento… Atitude!
Eu cá…
Também fiz sempre os meus planos de vida para o ano novo…
Mas…
O raio da lista de fim de ano não funciona mesmo…
Pois
ela implica, acima de tudo, mudança de hábitos...
Ainda
que exista um motivo acrescido para a auto-transformação…
Esta
só acontece, efetivamente…
Se alavancarmos
as mudanças hoje, agora, no tempo presente...
Sempre
que dissermos: “amanhã eu faço…”
Estamos
simplesmente a adiar indeterminadamente…
A conclusão
da nossa transformação…
Pois…
Amanhã é tempo infinito…
Claro
que toda a transformação começa no desejo pela mudança…
Mas só
se realiza com a sua efetiva concretização!
Enfim…
Mais um ano terminou… E outro que está aí no nosso horizonte...
31 de
dezembro… 1 de janeiro… Apenas mais um dia que passa e outro que nasce...
Mas como
insistimos em procurar sentidos para as nossas vidas…
Atribuímos
um sentido especial a este momento: recomeçar…
Ah!
Deixemo-nos disso!
31 de
dezembro… 1 de janeiro… 31 de março… 1 de abril… 10 de outubro…
Todos
os dias que acabam… E que recomeçam… São apenas dias…
São oportunidades
de assumirmos definitivamente…
Cumprir
os nossos compromissos connosco mesmos!
Só desse
modo, acredito, poderemos vencer os desafios diários do viver...
Do provir…
E, também
só desse modo, se abrirá a possibilidade…
De para
além de sermos mais felizes…
Os dias…
Os meses… O ano que se inicia…
Poderem
ser novos… De verdade!”
(In "Crónicas Mundanas...")
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