A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

01 janeiro 2023

TEMPO...

 

                                                                                   ('Post' da Internet)


“Deixámo-nos enredar pela perceção física de que a existência passa…

Chamamos-lhe… Tempo...

E deliciamo-nos com a sua ciclicidade…

Fragmentamo-lo…

Pois isso… Abre-nos possibilidades…

Há sempre uma possibilidade… Mais uma possibilidade…

Ah! Abrem-se novas esperanças...

Mas tudo continua igual… Na realidade…

É só mais um dia… Depois do outro... E mais outro…

É que isto de um período de tempo… Para o tempo começar e acabar…

Dá-nos uma perspetiva psicológica…

Como que nos dá forças para continuarmos a viver…

Novos recomeços…

Novos objetivos… Ainda que apenas reciclados…

 “Ora… Este ano vou deixar de fumar… Este ano vou emagrecer…

Este ano vou concluir aquele projeto…”

Mas, questiono-vos:

Vocês já fizeram alguma vez essa listagem… Do provir…

E depois aferiram os resultados?

Creio que todos sabemos o resultado: não deu em nada!

Pois… É que a maioria das nossas promessas de fim de ano são… Apenas…

Fruto das frustrações ou dos nossos temores…

Dos sentimentos de culpa que interiorizamos por aquilo que não realizamos...

São promessas vazias… Apenas… Desejos de mudança...

Falta-lhes… Comprometimento… Atitude!

Eu cá… Também fiz sempre os meus planos de vida para o ano novo…

Mas… O raio da lista de fim de ano não funciona mesmo…

Pois ela implica, acima de tudo, mudança de hábitos...

Ainda que exista um motivo acrescido para a auto-transformação…

Esta só acontece, efetivamente…

Se alavancarmos as mudanças hoje, agora, no tempo presente...

Sempre que dissermos: “amanhã eu faço…”

Estamos simplesmente a adiar indeterminadamente…

A conclusão da nossa transformação…

Pois… Amanhã é tempo infinito…

Claro que toda a transformação começa no desejo pela mudança…

Mas só se realiza com a sua efetiva concretização!

Enfim… Mais um ano terminou… E outro que está aí no nosso horizonte...

31 de dezembro… 1 de janeiro… Apenas mais um dia que passa e outro que nasce...

Mas como insistimos em procurar sentidos para as nossas vidas…

Atribuímos um sentido especial a este momento: recomeçar…

Ah! Deixemo-nos disso!

31 de dezembro… 1 de janeiro… 31 de março… 1 de abril… 10 de outubro…

Todos os dias que acabam… E que recomeçam… São apenas dias…

São oportunidades de assumirmos definitivamente…

Cumprir os nossos compromissos connosco mesmos!

Só desse modo, acredito, poderemos vencer os desafios diários do viver...

Do provir…

E, também só desse modo, se abrirá a possibilidade…

De para além de sermos mais felizes…

Os dias… Os meses… O ano que se inicia…

Poderem ser novos… De verdade!”


(In "Crónicas Mundanas...")

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