A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

02 dezembro 2022

MULHERES QUE CORREM… COM MOTAS…

 

                                                                                                                  (Fotografia da Internet)


“A vida e o amor são como fases…

Que vão e voltam…

Ou seja, uma viajem…

Com muitas paragens…

Idas… E voltas…

E uns viajam com paixão… E outros não…

E há, ainda, quem o faça… Correndo com as motas…

Pois, é na velocidade…

Que a paixão morre e é trazida de volta...

As mulheres que correm… Com motas…

Deixam a grande celeridade tudo o que está para trás…

São as sonhadoras de todas as que procuram e as que encontram…

Pois dedicam-se a acelerar em toda a viajem…

Esta é a principal ocupação das mulheres que correm… Com motas…

E como toda a arte...

Correr com motas é visceral, não cerebral...

Mas, as mulheres que correm... Com motas...

Elas sabem acelerar e travar…

Elas sabem sentir, disfarçar e amar profundamente…

Sim… Correr com motas é essencial à sua saúde mental…

E até mesmo espiritual…

As mulheres que correm… Com motas…

Elas são apenas almas femininas...

Talvez mesmo, a origem do feminino…

Pois, elas são tudo o que for instintivo…

Tanto do mundo visível, quanto do oculto…

Elas são a força da vida-morte-vida…

A intuição, a vidência, as que escutam com atenção e têm o coração leal…

Elas deixam o seu rastro de alma de mulher no asfalto aquecido…

Enchendo as outras mulheres de vontade de também se encontrarem…

Se libertarem… E amarem…

Ah! As mulheres que correm… Com motas…

São ideias, sentimentos, impulsos e recordações…

Elas são a fonte, a luz, a noite e o amanhecer…

Elas são o cheiro do escape quando flameja…

Elas são a voz que diz: "Por aqui, por aqui!"

Elas enfurecem-se diante da injustiça…

Elas giram, afinal, como como se fossem mais uma roda das suas motas…

São as criadoras dos ciclos…

Elas são, afinal, tudo que nos mantém vivos…

Quando achamos que chegamos ao fim…

Por isso...

Os companheiros das mulheres que correm… Com motas…

Só poderão ser aqueles que têm também...

Uma profunda tenacidade e resistência de alma…

Aqueles que sabem coexistir com a sua própria natureza instintiva…

E que sabem ir além do fato de cabedal que reveste a alma dessas mulheres…

Mas não pensem que as mulheres que correm… Com motas…

Não choram também…

É que ser uma árvore florida e estar cheia de seiva é essencial…

E chorar para elas, não é sinal de fraqueza…

Antes, um outro escape para que a vida continue em vez de entrar em colapso…

E quando as lágrimas são a mais…

Soltam-nas no asfalto e correm na sua moto para um lugar novo…

Um lugar melhor...

E no amor…

Como amam as mulheres que correm… Com motas?

Sim, sempre a três…

Não nos esqueçamos jamais da sua mota…

Pois o amor para elas compete no mundo da alma…

E tudo é uma dança com a vida e a morte…

Por isso são fortes…

Não, não confundam com musculadas…

Elas encontram o seu próprio brilho feminino sem rugir…

Vivem ativamente com a natureza selvagem de uma maneira muito própria…

Ou seja, vivem e sobrevivem…

Como vos admiro ‘Ó’ mulheres que correm… Com motas…

Como é belo o vosso Ser… A vossa mota…

Aquela que corre também dentro de vós…

E que floresce na mais profunda psique da vossa alma de mulheres…

Que correm… Com motas…

Sois, afinal, a antiga e vital mulher selvagem…

Do tempo em que o espírito das mulheres…

À falta de motas…

Corria com o espírito dos lobos…”

 

(In "Crónicas Mundanas...")

Nota: Este poema foi escrito, tendo como suporte inspirativo o livro “Mulheres que Correm Com os Lobos” de Clarissa Pinkola Estés, em profunda admiração pelas mulheres que 'correm com as motas'…

E foi para mim, mais um ‘exercício’ que me ajudou a entender o arquétipo feminino e a perceber, também, a ‘loba interior’ que é, provavelmente, a transformadora que leva as mulheres que 'correm com motas' a serem livres… E mais mulheres!

Sem comentários: