A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

28 novembro 2022

PENSAR… OU, SIMPLESMENTE, VIVER…

 

                                                                                                                  (Fotografia da Internet)


“Pensar é ir além de todos os limites…

Reinventar-nos a nós mesmos…

Desenterrar-nos da poeira da banalidade…

E deixar de fingir que continuamos vivos…

Aniquilar a futilidade… E o comodismo…

Ter a coragem de mergulhar…

E ver o que acontece…

E em vez de esvaziarmos a vida…

Renová-la a cada pensamento…

Momento a momento…

Tocar… Perceber…

Conhecer um pouco mais quem somos…

E derrubar os falsos ‘clichés motivacionais:

«Pare para pensar…»

Ah! Nem pensar!

Parar… É morrer…

E não há pensamento que pare…

Sem ser programado…

Ninguém pára para pensar…

São, de facto, mil as possibilidades…

E para cada interrogação…

Outras tantas escolhas…

Mas, caminhos se abrirão…

E quantos jardins de promessas…

O importante é irmos além da cerca…

Tirar a máscara… E reavaliar-se!

Sim, é preciso coragem…

Pois pensar é transgredir…

Sobretudo, a ordem do superficial que nos aprisiona…

E não… Não nos deixemos atordoar pelas outras mil distrações…

E deixemos, também, de ser meros executores de tarefas…

Questionemos…

Questionemos tudo… E todos…

Quem somos…

O que queremos da vida…

Os nossos amores…

Até o sonhar…

Mas ao sonhar, sonhemos como quem sonha a vida…

E não tenhamos qualquer receio de enfrentar a alma no espelho…

Aprendamos a sair de nós mesmos…

E, serenamente…

Olhemos, também, o nosso entorno…

Pois somos inquilinos de algo bem maior…

Maior do que os nossos próprios segredos…

Se nos escondermos no canto escuro da nossa mente…

Abafaremos os nossos questionamentos…

E deixaremos de escutar o rumor da brisa que corre no mundo…

É que o mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar…

E o nosso pensar é que lhe atribui identidade…

É aqui que poderemos ter alguma ordem…

E até tocar ao de leve o tempo…

E aí… Viver, ou morrer, será apenas recriar…

Recriar-nos…

A vida não é, afinal, apenas para ser vivida…

Antes, para ser construída…

Pensando… Pensando-a… Pensando-nos…

Afinal, viver de verdade…

Pensando e repensando a nossa própria existência…

Só assim vale a pena…

Escapar, na liberdade do pensamento…

Lutar obstinadamente contra a maré que nos tenta formatar…

Ou programar…

Seja lá o que for…

Sabem…

Pode aparentar ser difícil…

Mas é de uma assustadora simplicidade…

E não existe outro caminho…

Vamos pensar nisso?”


(In "Crónicas Mundanas...")

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