“A
natureza é cheia de sons, mas também de silêncios…
Talvez por isso...
A nossa primeira grande lição de socialização seja sobre o barulho e
o silêncio…
Pois,
quando nascemos, rebentamos numa explosão de prantos e gritos…
O
silêncio significa geralmente que está tudo bem…
O
barulho, o choro significa que algo está errado ou incompreendido…
A
nossa segunda lição também está na dialética do silêncio e do barulho…
Ouvimos
os ruídos das vozes dos nossos pais e aprendemos a linguagem…
Sem
o silêncio da observação, não há o sentido na linguagem, apenas barulho…
Portanto,
o silêncio é a essência da nossa aprendizagem…
Mas,
entenda-se:
O
som emitido pode ser uma mensagem ou não, dependendo do ouvinte…
Quando
esse som não faz sentido para nós, é chamado ruído…
Quando
faz parte do nosso universo simbólico, transforma-se em:
Fala,
música, poesia, discurso, política, ciência etc…
Façamos,
pois, do silêncio o ponto de partida para o nosso crescimento…
Para
a nossa compreensão do mundo…
Neste
mundo de ruído, é premente reaprendermos o tempo do silêncio e do som…
Cada
momento de reflexão no silêncio pode gerar um som posterior…
Cada
som pode gerar um silêncio…
Embora
sejam antagónicos, eles são complementares…
É
somente no silêncio que aprendemos a dar sentido aos sons…
Por isso,
é fundamental abrir-nos para ouvir muito mais do que falar…
Neste
mundo cada vez mais barulhento…
Cujos
ruídos, onomatopeias urbanas fazem parte da nossa paisagem sonora…
É
crucial pensar em silêncio…
Pois
é no silêncio da nossa mente que se consolidam as mais barulhentas ideias…
E o
silêncio é condição 'sine qua non' para que as pessoas dialoguem…”
(In "Crónicas Mundanas...")
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