A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

13 novembro 2022

DA ETERNIDADE DA ALMA…

 

                                                          (Fotografia da Internet)


“Uma das maiores e mais generosas ‘coisas’ é a alma humana…

Ela não tolera mais limites do que aqueles que são comuns à divindade…

A sua pátria compreende o universo até aos confins mais distantes…

Além disso, não tem duração…

 Pois não existe tempo para os grandes espíritos…

Não há idade inalcançável ao pensamento…

Sim, surgirá o dia em que se dividirá o que é humano e o que é divino…

E aí, ela se religará à deidade…

Saindo da espera da vida mortal para uma outra existência…

Afinal, aquilo a que chamamos vida…

Não foi mais do que o amadurecimento para um outro nascimento…

Ou talvez apenas, uma outra ordem das coisas…

Desfrutemos, pois, enquanto aqui jazemos, de tudo o que nos rodeia…

Pois, estamos somente de passagem…

E a natureza despoja tanto quem entra. quanto quem sai…

Mas, atenção:

Nesta passagem…

Não nos é permitido levar mais do que temos…

 Até o que trouxemos para a vida ao nascer aqui deverá ser cá deixado…

Mas, sejamos gratos…

Esse dia que tememos como o último, será o do nosso nascimento para a eternidade…

Por isso, não hesitemos, muito menos resistamos…

Não fomos igualmente expulsos com grande força do corpo da nossa mãe?

E depois de sairmos do aconchegante ventre materno…

Não soprou um outro ar fresco sobre nós?

E tenros e inexperientes, enfrentamos o estupor do desconhecido…

Porque nos apegarmos, então, a esta vida como se fosse nossa?

Chegou a hora de nos livrarmos de tudo o que nos prende...

E que não é mais necessário…

Chegou o dia dos segredos do universo nos serem revelados…

 O dia em que o céu resplandecerá como um todo…

Então, poderemos dizer que vivemos nas trevas…

Pois, agora poderemos contemplar em plenitude a totalidade da luz…

Que até aqui apenas espreitávamos pelas frestas dos nossos olhos…

Ah! Agora há que manter os olhos bem abertos…

Para que não percamos de vista a eternidade…”


(In "Crónicas Mundanas...")

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