A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

29 novembro 2022

CAMINHAR NO SILÊNCIO…

 

                                                                         (Fotografia da Internet)


“O silêncio é uma espécie de oposição ao ruído…

Sobretudo, nos dias em que vivemos…

Pois, grande parte da nossa relação com o ruído procede da influência tecnológica…

Esta circunstância veio incorporar-se às que já existiam antes…

Como hábitos contrários ao silêncio…

Neste contexto, o silêncio implica uma forma de resistência…

Uma maneira de manter a salvo uma dimensão interior frente às agressões externas…

O silêncio permite-nos ser conscientes da conexão...

Que mantemos com esse espaço interior…

O silêncio a visibiliza, enquanto o ruído a esconde…

O silêncio é, pois, a expressão mais verdadeira e efetiva das coisas inomináveis…

E a tomada de consciência…

De que há determinadas experiências para as quais a linguagem não serve…

Ou que a linguagem não alcança…

É um traço decisivo do conhecimento…

A sabedoria dirige-se a compreender o que não se pode dizer…

O que transcende a linguagem…

Podemos utilizar o silêncio para nos conhecermos melhor...

Para nos distanciarmos do ruído…

E este é um valor a reivindicar no presente…

E isso implica começarmos por desconstruir a nossa personalidade…

Através de uma disciplina, de um exercitar-nos no silêncio…

Precisamos abrir na nossa rotina diária espaços para o silêncio, para meditar…

Para nos encontrarmos connosco mesmos…

E com a disciplina adequada, esses espaços serão cada vez maiores…

Mas, uma outra forma de o fazer, de cultivar o silêncio, é caminhar…

Pois, caminhar é uma forma de tomar consciência de si…

De reparar no próprio corpo, na respiração, no silêncio interior…

E depois…

Caminhar permite-nos contemplar em simultâneo o mundo…”


(In "Crónicas Mundanas...")

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