“Ao
longo da vida, sem percebermos, vamos juntando muita tralha…
E a
maior parte até é inútil…
Apegamo-nos
a objetos sem utilidade e a roupas que nunca mais sairão do roupeiro…
Procuramos
uma segurança ilusória no que é palpável…
Pensando
que assim, lidamos melhor com a imprevisibilidade da vida…
Do
mesmo modo, apegamo-nos a pessoas…
Que
vão ficando perto, quando algumas também deveriam estar bem longe…
Quanto
aos objetos é fácil descartá-los…
Quando
já não têm qualquer utilidade…
Mas…
E nos relacionamentos em geral…
Será
que é ilegítimo libertar-nos de quem entendemos estar a mais na nossa vida…
De
quem esgota as nossas energias e não contribui com nada de bom?
Na verdade,
todo tipo de relacionamentos se desgastam…
É que
qualquer convivência proporciona-nos coisas boas e outras que não…
E mesmo
que haja afeto envolvido, as pessoas precisam de espaço…
De
um tempo para si…
E,
às vezes, o outro, ainda que com boas intenções…
Acaba
por ultrapassar espaços alheios que não deveria…
Por
isso, simplesmente para que não sufoquemos…
Por
vezes, é saudável afastar-nos dos outros…
Eu
cá, preciso disso!
Se
não estou bem, feliz…
Como
posso fazer feliz o outro?
Não,
não tem mal afastar um pouco…
Até
mesmo para dar espaço ao outro…
É…
Às
vezes é melhor mesmo nos afastarmos…”
(In "Crónicas Mundanas...")
Sem comentários:
Enviar um comentário