“Hoje
foi mais um dia em que acordei triste…
Mesmo
sabendo que o sol brilhava lá fora…
Convidando-me
para a festa de viver…
Ainda
assim, acordei triste e tive preguiça para me levantar…
Não
encontrei energia, nem sequer para sentir culpa pela minha letargia…
E
venha quem vier para me animar…
Será
só mais um que não tolera a tristeza…
Nem
a minha, nem a dele, nem a de ninguém…
Ah! Já
não podemos estar tristes hoje em dia…
A tristeza
já nem é considerada uma anomalia do humor…
Agora
até parece uma doença contagiosa…
Que
é melhor eliminar desde o primeiro sintoma…
Mas,
a verdade é que eu não acordei assim tão triste…
Seria
apenas uma suave melancolia… Está tudo bem!
Mas
quando fico triste… Também está tudo bem…
Para
mim, ficar triste é um sentimento tão legítimo quanto a alegria…
É um
ar da nossa sensibilidade, que tanto busca o riso, como a solidão…
Mas,
note-se, estar triste não é estar deprimido… Não confundamos…
Depressão
é coisa muito séria, contínua e complexa…
Estar
triste é estar atento a si próprio…
Sim,
podemos estar desapontados com alguém ou connosco mesmos…
Ou,
simplesmente, sentirmo-nos frágeis, sem uma qualquer razão aparente…
Pois,
parece que é melhor forçar um sorriso…
Dizer
que está tudo bem…
Todos
afastam a tristeza, mas poucos a enfrentam de facto…
Por
isso, preferem antes não compreendê-la…
Optam por disfarçá-la, sufocá-la…
Ela
que, humildemente, só quer usufruir do seu direito de existir…
Claro
que é melhor ser alegre que ser triste…
Mas fará
sentido privar alguém de sentir o que seja?
E
depois… Há dias assim…
Tem
dias que não estamos nem aí…
Que
nos deixem, pois, no nosso canto… ‘Tristando’…
Que a
quietude é, também, armazenamento de força e sabedoria…
Para
enfrentar outro dia…”
(Inédito)
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