“Afirmaram
Marx e Engels que «tudo o que é sólido se desmancha no ar…
E que
tudo o que é sagrado é profanado»…
Pois,
a modernidade em que vivemos também parece ser assim…
E a sua
essência alastra-se pela vida do homem moderno…
Transformando-o
não só como indivíduo, mas também como ser relacional…
Assistimos,
de facto, cada vez mais a uma dificuldade de amar o próximo…
Será
que é nessa dificuldade que reside a raiz de tantos dos nossos problemas?
Na
verdade, vivemos hoje numa sociedade fortemente marcada pelo conflito…
Em
que o Homem não consegue distinguir o ser do ter…
O Homem
passou a expressar-se pelas suas posses…
Quais
elementos definidores da sua própria identidade…
Refugiou-se na conformidade que ceifa a
pluralidade de existências…
Segregando
o que é diferente, o que lhe é estranho…
Se
levarmos em conta que amar outra pessoa não é amar o que projetamos nela…
E
sim a sua humanidade e singularidades…
Não será difícil compreender, então...
Que o amor é um desafio nos tempos de modernidade
líquida baumiana…
A
busca pela felicidade individual transformou-nos em tribunais individuais…
E,
na disputa pela sentença a ser proferida…
O
que se vê é sair vencedor aquele que se recusa a ouvir o outro…
Facilmente,
pois, livramo-nos dos compromissos…
E de
tudo aquilo que nos tire da nossa zona de conforto…
Ainda
que tão agarrados a nós mesmos, paradoxalmente…
É
bastante comum que a solidão seja companhia (e problema)…
Constante
de quem vive a descartar…
Os
muros que construímos ao nosso redor, físicos ou emocionais…
Têm
mesmo esse condão de isolar e criar dois mundos em cada um dos seus dois lados:
- O de
dentro e o de fora…
Amar
(de verdade) é, pois, hoje um ato revolucionário…
E só
ama quem tem a suficiente coragem para lidar com esse desafio…
Porque
sabe que, por mais que nem tudo sejam flores…
Esse
amor ‘sólido’ é que nos impulsiona a querermos ser melhores…
Seja
como pessoa ou sociedade…
Assim,
aos mais corajosos, deixamos o desafio:
Amem
profunda e verdadeiramente…
Mesmo
aqueles que não conhecem…”
(Inédito)
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