A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

09 setembro 2022

AMAR CORAJOSAMENTE...

                                                                      (Fotografia da internet)

“Afirmaram Marx e Engels que «tudo o que é sólido se desmancha no ar…

E que tudo o que é sagrado é profanado»…

Pois, a modernidade em que vivemos também parece ser assim…

E a sua essência alastra-se pela vida do homem moderno…

Transformando-o não só como indivíduo, mas também como ser relacional…

Assistimos, de facto, cada vez mais a uma dificuldade de amar o próximo…

Será que é nessa dificuldade que reside a raiz de tantos dos nossos problemas?

Na verdade, vivemos hoje numa sociedade fortemente marcada pelo conflito…

Em que o Homem não consegue distinguir o ser do ter…

O Homem passou a expressar-se pelas suas posses…

Quais elementos definidores da sua própria identidade…

 Refugiou-se na conformidade que ceifa a pluralidade de existências…

Segregando o que é diferente, o que lhe é estranho…

Se levarmos em conta que amar outra pessoa não é amar o que projetamos nela…

E sim a sua humanidade e singularidades…

Não será difícil compreender, então...

Que o amor é um desafio nos tempos de modernidade líquida baumiana…

A busca pela felicidade individual transformou-nos em tribunais individuais…

E, na disputa pela sentença a ser proferida…

O que se vê é sair vencedor aquele que se recusa a ouvir o outro…

Facilmente, pois, livramo-nos dos compromissos…

E de tudo aquilo que nos tire da nossa zona de conforto…

Ainda que tão agarrados a nós mesmos, paradoxalmente…

É bastante comum que a solidão seja companhia (e problema)…

Constante de quem vive a descartar…

Os muros que construímos ao nosso redor, físicos ou emocionais…

Têm mesmo esse condão de isolar e criar dois mundos em cada um dos seus dois lados:

- O de dentro e o de fora…

Amar (de verdade) é, pois, hoje um ato revolucionário…

E só ama quem tem a suficiente coragem para lidar com esse desafio…

Porque sabe que, por mais que nem tudo sejam flores…

Esse amor ‘sólido’ é que nos impulsiona a querermos ser melhores…

Seja como pessoa ou sociedade…

Assim, aos mais corajosos, deixamos o desafio:

Amem profunda e verdadeiramente…

Mesmo aqueles que não conhecem…”


(Inédito)

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