A POESIA... É DO LEITOR...

“O poeta inspira-se… A poesia nasce… O que fica a faltar? Lerem-me, caros leitores! Leiam-me como se eu fosse o vosso último alimento… Leiam-me como se não houvesse amanhã… Leiam-me e extraiam de mim a vossa derradeira inspiração… Leiam-me como se eu fosse o céu que vos sustenta… Ou, simplesmente… Como se eu fosse apenas um outro alguém… Ainda que sendo eu simples poesia... Leiam-me... Para que eu passe a fazer também parte de vós…”

25 novembro 2022

PALAVRAS...

 

                                                                                                               (Fotografia da Internet)


“As palavras gastam-se como pedras de rio…

Mudam de forma e significado, de lugar…

Algumas desaparecem, vão ser lama de leito das águas…

Podem até reaparecer renovadas mais adiante…

Mas, infelizmente, face aos tempos de vulgarização que vivemos…

As palavras também se banalizaram…

Hoje vivemos na era do ‘fast food’, do ‘prêt-à-porter’…

É só meter no micro-ondas, fácil e rápido…

Ainda assim, eu apaixonei-me pelas palavras…

Não sei se por encantamento, se por mais uma ilusão…

Sei o quanto algumas se contaminam pelo uso…

E se tornam agressivas ou contraditórias…

Têm ares de ironia ou de ingenuidade….

Muitas até se tornam confusas e ineficientes…

E prestam-se a mal-entendidos ou clareiam mais o significado…

Conheço um pouco o modo como se apoderam das nossas experiências…

E lhes dão rostos, roupas, ares que nem tínhamos imaginado…

Ah! E adoro as palavras desconcertantes!

Os seus contornos imprecisos permitem que exerçamos o direito de refletir…

E de criar em cima delas….

Mas, algumas palavras e circunstâncias inquietam-me…

Pois, muitas revestem as transformações do nosso tempo…

Mudança de padrões de comportamento, progresso e avanço…

Mas também sombra e estéril angústia, qual desperdício…

E como sou um sonhador…

Refugio-me naquelas que têm a ver com ideais que só raramente atingimos…”


(In "Crónicas Mundanas...")

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